sábado, 18 de setembro de 2004

Linkin Park reconstitui "menudomania" nas ditas

Alexandre Figueiredo
Do Tributo a Fluminense FM

A vinda do grupo de nu metal Linkin Park mostrou que as chamadas "rádios rock", como a paulista 89 FM e a carioca Rádio Cidade, não são mais do que "Jovem Pan 2 com guitarras", que distorcem a cultura rock com um perfil que está muito mais próximo de rádios como a Jovem Pan 2 e Transamérica, que os ouvintes da 89 FM e Rádio Cidade dizem "abominar" do que as verdadeiras rádios de rock, hoje muito raras no Brasil.

O nu metal é um estilo comercial, que dilui o thrash metal de grupos como o Metallica e o Sepultura. Numa definição mais exata, o nu metal é uma mistura de
grunge, gangsta rap e clichês acessíveis do metal vindos da fase anti-Napster do Metallica. Segundo o jornalista Tom Leão, é algo como "Backstreet Boys com
guitarras".

O recente hype em torno da vinda do Linkin Park ao Brasil - o grupo é o terceiro do ranking do nu metal, vindo depois de Limp Biskit e Korn - teve uma cobertura digna de grupos teen, como Menudo. As garotas, apesar de adotarem uma postura aparentemente
"roqueira" (só que forçada e pouco verossímil), mantinham o clima de histeria e euforia digna das menudetes, só diferindo no discurso "cabeça" em defesa
de seus ídolos.

A cobertura da Rádio Cidade/89 FM foi digna das suas "algozes" Jovem Pan 2 e Transamérica. Essas rádios só patrocinam concertos de rock pesado no Brasil para
abocanhar os lucros com os ingressos - deve se considerar que não são essas rádios que "trazem" grupos como Dimmu Borgir e Nightwish ao Brasil, mas produtores que nada têm a ver com essas rádios, enquanto estas firmam contrato com as casas de
espetáculos, que jogam qualquer evento sob o rótulo de rock para o patrocínio dessas rádios. Mas quando uma Rádio Cidade ou 89 FM patrocinam grupos como CPM 22, Linkin Park e a versão quadruplicada do Felipe Dylon, o DiBob, é aquela festa.

A 89 FM e a Rádio Cidade, aliás, são controladas por gente que trabalhou na Transamérica e Jovem Pan 2 nos anos 90. Portanto, gente que nada tem a ver com a
cultura rock, pessoal que pensa que roqueiro consciente é ser irritadiço e arrogante. A programação das duas rádios pauta no que a JP2 faz, e não raro
houve trânsito de profissionais entre a JP2 e a 89/Cidade. A versão carioca do programa "Do Balacobaco", para piorar, é na verdade um antigo programa da brega 98 FM que mudou de emissora.

Vai ser estranho agora ver os defensores da 89/Cidade defenderem as semelhanças das duas rádios com a Jovem Pan 2, depois de tanto tempo espinafrando a rádio de
Tutinha. Assim como não colou a ação furiosa de adeptos fanáticos das "rádios rock" em defenderem a presença de locutores mauricinhos em rádios de rock por causa da "liberdade". Só para se ter uma idéia, foi em nome da "liberdade" que tivemos uma ditadura militar de 21 anos que acabou com o nosso país.

Um abraço a todos.

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