terça-feira, 27 de março de 2018

Artigo - "Uma ideia genial", por Fernando Jorge


Em nosso país não só os políticos soltam frases absurdas, erradas. Revistas e jornais também as expelem. Já elogiei diversas vezes o matutino “O Globo”, do Rio de Janeiro, pois o considero um dos jornais mais bem feitos do Brasil. Entretanto, na edição do dia 26 de março de 2004, uma sexta-feira (dia do azar), o bonito “O Globo” exibiu esta feia manchete no alto da página 12 do seu primeiro caderno:
Governo indenizará mortos em manifestações.

Amigo leitor, explique-me como o Governo poderá indenizar os defuntos. Vai arrancá-los dos seus túmulos? Pegará os cadáveres, se estiverem inteiriços, ou os esqueletos desconjuntados, a fim de emendar os ossos?

Depois de realizar esse útil trabalho preliminar, imagino que sua excelência, o Governo, dirá aos moradores das cidades do Sumiço Eterno:
-Prezados defuntos, fiquem tranquilos. Vocês morreram em confrontos com a polícia, durante manifestações políticas ocorridas na época da ditadura, porém agora serão indenizados. Encaminhem os pedidos ao Ministério da Justiça e anexem os laudos do Instituto Médico-Legal (IML), no prazo de120 dias. Se provarem que foram selvagemente assassi¬nados, não tenham dúvida, caros defuntos, vocês vão receber quantias que variam entre 100 mil e 150 mil reais. Graças a essas quantias, poderão comprar novos caixões e túmulos mais confortáveis, moderníssimos, com ar condicionado, geladeira e televisão.

Emocionei-me, após ter lido a manchete de “O Globo”.  Lágrimas escorreram pelo meu romântico e pálido rosto. Que lindo! Não resisto, vou reproduzir novamente a manchete:
Governo indenizará mortos em manifestações. Oh, como me orgulho de ser brasileiro! Nem a Alemanha, nem a Itália, nem a Inglaterra, nem os Estados Unidos, nenhum dos países mais ricos do mundo teve esta ideia genial: indenizar os defuntos, Só o Brasil. Levantei-me da minha cadeira, pus a mão direita em cima do cora¬ção e soluçando, sem conter o meu desvairado patriotismo, comecei a cantar o hino nacional...

Apenas uma observação: como o Governo indenizará os defuntos que foram incinerados? Indenizará o pó, as cinzas? Dois dias após o aparecimento da emocionante manchete de “O Globo”, eu abri a edição do dia 28 de março da “Folha de S. Paulo”, num domingo, e li estas linhas na página C-4 da seção “Cotidiano”:
“No dia 18 de fevereiro, por volta das 11 h, um táxi Ômega a serviço do hotel Intercontinental vai até a galeria de arte Juliani e retira três obras de arte: um guache de Maurice de Vlaminck, um Diego Rivera e um óleo sobre tela de Albert Marquet.”
Sensacional! A “Folha de S. Paulo”, por causa desse informe, devia ter publicado a seguinte manchete:
Táxi ladrão rouba obras de arte. Lançado em muitos idiomas, “The Guinnes Book of Records” precisa registrar este fato espantoso: um táxi foi até a uma galeria de arte e surrupiou três pinturas! Como é que esse assaltante de quatro ro¬das conseguiu apoderar-se dos quadros? Ele tem olhos, braços, mãos, pernas? Deve ser, acredito, um táxi bem ágil, esperto, uma raposa de metal, vidro e borracha.

Acho que ele entrou sorrateiramente na galeria, silenciando o escapamento e o motor, olhou o lugar de maneira cuidadosa, e zás, agarrou as três pinturas com as suas mãos agilíssimas, metendo-as no seu porta-malas. Depois, sempre rápido, após pular uma janela, escapuliu como um passarinho liberto da gaiola. Ah, os automóveis de hoje! Perderam a inocência, a honestidade! Quem diria, já temos automóveis larápios! Proponho a criação de delegacias só para apurar os roubos efetuados por esses veículos e cadeias especiais para eles, onde fiquem imobilizados, sem nenhum litro de gasolina.

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Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor de Drummond e o elefante Geraldão, lançado pela Editora Novo Século

Leia mais em: www.fernandojorge.com

sexta-feira, 23 de março de 2018

Novo portal da Rádio Bandeirantes finalmente entra no ar

Depois de um longo (e bota longo nisso) tempo de espera, a Rádio Bandeirantes inaugura seu novo portal. Com um novo design mais simples e moderno, este sítio oficial pretende atingir aquele público que o acessa principalmente pelos smartphones e dispositivos móveis, ainda que seja por meio dos navegadores (Chrome, Safari, Ópera, Explorer, Firefox, etc).

As informações estão muito mais fáceis de ser encontradas, muito embora alguma delas estejam menos completas do que na versão antiga. Um exemplo são os contatos das produções dos programas, bem como a de seus profissionais responsáveis. Em vez disso, a Band quer que a sua audiência fale com ela através apenas do irritante formulário. Não entendi por que não dar as duas opções de contato. Para quem sempre reclamou da anacrônica "Voz do Brasil", tal expediente de dar apenas uma única opção ao ouvinte me parece igualmente antipática. Quem sabe um dia o "pessoal da informática da firma", acerta essa parte não é mesmo?

Outra novidade que chama a atenção é a lista da equipe. De fato ficou mais simples e legível. O nome de todos os funcionários e colaboradores numa única página. Infelizmente são poucos os profissionais que são descritos por sua função. Será que todos eles terão de fazer "de tudo um pouco" daqui em diante tal qual acontece em uma famoso restaurante de "comida rápida". É bem verdade que em emissoras menores e as do interior é comum um radialista desenvolver diversas funções pois a equipe é naturalmente enxuta por questões financeiras e por questões de concepção do projeto radiofônico - como é o caso de sua irmã caçula, a Band News FM . Em uma rádio como a Bandeirantes, teme-se que um quadro tão reduzido de colaboradores comprometa a qualidade de áudio e de conteúdo da emissora. Afinal, não consegui identificar o nome de algum profissional exclusivamente da área técnica-operacional. Será que essas funções foram extintas na última "atualização" do organograma? Ou será que a emissora acha que eles não mereçam ser mais citados nem ao menos na sua página oficial?

Porém vale a pena destacar outros pontos positivos do novo site da Bandeirantes como, por exemplo, a página de podcasts para que o ouvinte possa acompanhar o que fora veiculado durante o dia e a semana. Embora não pareça trata-se de uma parte importante porque é ali estão disponíveis o acervo recente da emissora, que é a alma de qualquer veículo de comunicação. Entre as emissoras paulistas, creio até que entre as emissoras brasileiras, a Bandeirantes um das que mais bem preserva os seus arquivos por meio do CEDOM - Centro de Documentação e Memória - comandada pelo experiente Milton Parron. E mais: é a única emissora em São Paulo, quiçá do Brasil, que diariamente veicula gravações históricas importantes, não só na área do jornalismo e do esporte, mas também do setor de entretenimento, que bravamente resiste dentro da emissora líder do Grupo Band Rádios.

Rádio com imagem nas redes sociais - Por fim, vamos às redes sociais. O destaque é o instagram, que sempre conta com fotos bem tiradas do que acontece na rádio e cartazes que chamam para as atrações da programação. No twitter, a Bandeirantes consegue colocar com certa agilidade os principais fatos retratados em seu noticiário com links que remetem direto à página de cada notícia, com texto e áudio. A fan page, embora seja mais confusa, não fica muito atrás. E o whatsapp parece ser usado com relativa facilidade por seus ouvintes para enviar mensagens instantâneas de áudio e texto.

Há quem diga que o futuro do rádio é a webtv. A Bandeirantes parece discordar dessa previsão. Ao contrário da sua arquirrival Jovem Pan, o canal de youtube da emissora só disponibiliza para o internauta entrevistas e coberturas que considera realmente relevantes, como uma recente entrevista do presidente Michel Temer.

Raramente, a Bandeirantes se dispõe a transmitir seus programas ao vivo por esta rede social. Prefere o "live" em vídeo do Facebook, que é muito mais ágil e prático. Por algumas vezes, algumas transmissões foram comprometidas porque se preocuparam tanto com a qualidade da imagem, que se esqueceram de transmitir alguns programas com a mesma qualidade de áudio. Soou patético, para uma emissora cujo grupo possui alguns canais de televisão.

Quero crer que isso seja circunstancial e com o tempo esses problemas serão resolvidos.  O importante é que a Bandeirantes, apesar de alguns erros e de mudanças tão drásticas em seu negócio, ainda não descuidou do principal: o conteúdo informativo.

sábado, 17 de março de 2018

Rede Transamérica estreia transmissão de emissora afiliada na Grande Vitória


A Rede Transamérica chega a mais uma região do Brasil, Grande Vitória (ES). A estreia da franqueada Transamérica do segmento POP, na frequência 91,9 FM, aconteceu na quarta-feira (14), em 11 cidades, incluindo Vitória. A ação é resultado da associação com a Rede Sim, importante grupo de comunicação local. A estreia resulta na presença da emissora em todas as capitais da região sudeste do País.

A Transamérica POP, além da capital, estará presente nos municípios Vila Velha, Serra, Fundão, Guarapari, Viana, Cariacica, Domingos, Martins, Santa Leopoldina, Marechal Floriano e Ibiraçu. "É a união da maior rede de rádios do Espírito Santo com a maior rede de rádios do Brasil. O casamento é perfeito e foi uma escolha cirúrgica, uma vez que precisávamos escolher algo diferente do que já vem sendo ouvido no mercado capixaba. A partir de agora os ouvintes contarão com uma programação diferenciada e extremamente moderna", diz João Resegue, proprietário da Rede Sim.

Além da programação musical, a franqueada contará notícias e links ao vivo dos principais locais da Grande Vitória. A grade conta ainda com programas exibidos em todo Brasil, como o Desperta, no ar de segunda a sexta-feira, a partir das 5h, trazendo informação, prestação de serviço e música para quem acorda cedo. Outro destaque é o 2 em 1. A atração, transmitida de segunda a sexta, das 8h às 10h, trata de economia, sexo, saúde, relacionamento e comportamento de forma descontraída e irreverente, com a participação de especialistas sobre os temas abordados. Já o Transalouca, exibido das 13h às 14h, de segunda a sexta, é marcado por entrevistas cheias de humor e com grande interação.

A estreia da Transamérica na Grande Vitória marca a retomada da expansão do formato POP de programação musical, presente nas principais capitais brasileiras. Além de Vitória, a Transamérica terá estúdios em Cachoeiro de Itapemirim, Santa Teresa, Linhares e São Mateus com programações regionais.


Sobre a Rádio Transamérica:
A Rádio Transamérica é uma das principais emissoras e constitui a maior rede FM do País. Impulsionada pelo ecletismo musical de ouvintes cada vez mais exigentes, é a única a possuir três formatos diferentes de programação musical (POP, HITS e LIGHT), transmitidos via satélite, com características distintas e direcionadas para públicos singulares.

Com esse formato, criou múltiplos mercados de atuação de forma inédita no rádio. Na grade, destaque para os programas 2 em 1 e Transalouca, ambos tratam, com muita irreverência e bom humor, temas diversos e recebem convidados especiais. Atenta ao crescente interesse da audiência na programação esportiva, a Rádio Transamérica investe na produção de conteúdo jornalístico focado no esporte, transmitindo os principais campeonatos nacionais e os maiores eventos esportivos do mundo, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.

Tendo como carro-chefe a emissora de São Paulo, a transmissão esportiva, líder absoluta de audiência, se destaca por contar com os melhores narradores e comentaristas do meio rádio com o comando de Eder Luiz. No ar desde 1973, pertence ao Grupo Alfa, um dos maiores conglomerados do Brasil, e está presente nas cinco regiões, em 1967 importantes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Vitória entre outras.

sexta-feira, 16 de março de 2018

O dia em que o escritor Fernando Jorge se encontrou com o polêmico Clodovil Hernandez


O próximo sábado, dia 17 de março, marca os nove anos da morte do estilista, apresentador de televisão e deputado federal por São Paulo Clodovil Hernandez. Conhecido principalmente pela postura controversa e por declarações consideradas impróprias ou indelicadas, muitas vezes dirigidas a outras personalidades famosas, Clodovil fora eleito com quase meio milhão de votos, a maior votação individual para aquele cargo nas eleições de 2006.

No texto abaixo, o nosso colaborador Fernando Jorge relembra um encontro que teve com o polêmico artista - Clodovil também atuara como ator umas poucas vezes - cerca de 25 anos atrás. O escritor havia sido convidado pela produção do programa do estilista na TV Gazeta para falar de um livro que Fernando Jorge acabara de lançar. Leia o interessante relato a seguir. Boa leitura.


 "Clodovil, a Bíblia e Santo Agostinho", por Fernando Jorge*

No programa de televisão do Gugu Liberato, o Ronaldo Ésper sugeriu que o Clodovil Hernández teria sido assassinado. E uma ex-empregada do costureiro, Maria Guimarães, deu apoio ao Ronaldo. Na opinião dela um político de maus bofes contratou um garotão lindo para o matar. A doutora Maria Hebe Pereira de Queiroz, advogada do Clodovil, rapidamente contestou essa história.

Ao ver tal discussão, lembrei-me de um episódio. Em 1993, após a Editora Mercuryo lançar o meu livro "Pena de Morte: Sim ou não? Os crimes hediondos e a pena capital", fui convidado a comparecer no programa do Clodovil, na TV Gazeta, a fim de ser entrevistado por ele.

Antes de entrar no recinto do programa, atravessei enorme salão que havia sido pintado de branco. Saía de suas paredes um fortíssimo cheiro acre de tinta. O cheiro invadiu aquele recinto, já repleto de pessoas, cerca de duzentas, a maioria moças e senhoras meio idosas. Ali o Clodovil estava em maior altura, num estrado, junto de estreita e comprida mesa, onde colocou vistoso aparelho de servir café. Ele mesmo o preparava e o servia a todos entrevistados.

Como o cheiro da tinta se espalhara no recinto, o costureiro, antes do programa ir ao ar, não se conteve e se pôs a berrar:
-Canalhas! Canalhas! Lambedores de bundas! Isto é uma conspiração, um sujo plano dos meus inimigos para me deixar tonto, doente, intoxicado, e assim destruir o meu programa! Seus filhos nojentos de cadelas de rua!

As expressões pesadas se sucediam, jorravam da sua boca de lábios grossos. Tive a impressão de estar ouvindo a ruidosa descarga de uma latrina entupida de cagalhões. Rubro, apoplético, a espumejar, de olhos esbugalhados, que pareciam querer pular das órbitas, ele vociferou:
-Seus bostas, seus piolhos de cafetinas sifilíticas, eu já tenho convite da TV Globo, eu já tenho!

A fúria do Clodovil me chocou, pois a sala se achava cheia de mulheres jovens e senhoras de certa idade, mas para o meu imenso espanto, elas o aplaudiram, bateram palmas...

Sentei-me diante dele. O programa foi ar. Mais calmo, soltou estas palavras:
-Eu aposto, Fernando, que você não sabe quase nada a meu respeito.
Respondi, tranquilo:
-Clodovil, conheço bem a sua vida.
-Não acredito, então conte o que sabe de mim.
-Você, na infância, fazia roupas para bonecas. Aos dezesseis anos vendeu seis modelos de vestidos para o gerente de uma loja e conseguiu, graças à venda, mais dinheiro do que o seu pai ganhava em um mês de trabalho.
-Nossa, é verdade, mas aposto, você não conhece outras coisas da minha vida.

Duas câmeras de televisão avançaram e focalizaram o meu rosto. Afirmei:
-Conheço. Nas décadas de 1960 e de 1970, você brilhou muito, vestiu as mulheres mais elegantes de São Paulo. Tornou-se rival do Dener. O sucesso o levou a ganhar, em 1968, um programa na Rádio Panamericana (Jovem Pan), porém foi demitido, por criticar as roupas da dona Yolanda Costa e Silva, esposa do general Costa e Silva, presidente da República. Em seguida participa de um programa feminino na TV Globo. Também teve de sair, após brigar com a apresentadora Marilia Gabriela. Outro fato, você chegou a ser ator teatral na peça Seda Pura e Alfinetadas.

Surpreso, gesticulando, o Clodovil me interrompeu:
-Nossa, como você é perigoso! Continue, estou es-pan-ta-dí-ssi-mo!
-Expulso da TV Globo, você foi para a TV Manchete. E lá acabou sendo demitido duas vezes, a primeira em 1986, por chamar a Assembleia Constituinte de Assembleia "Prostituinte".
-Ah, meu Deus Fernando, você conhece todos os podres da minha vida! Estou en-ver-gon-ha-dí-ssi-mo!
-Você quer que eu pare?
-Não, continue, quero sofrer.
-Vou parar.
-Não, não pare, eu exijo!
-Está bem. Você também foi demitido da CNT.
-E sabe por que, Fernando?
-Sei, é porque você perguntou à Adriane Galisteu, logo depois da morte do Ayrton Senna, se ele funcionava na cama, se não era broxa, impotente. A pergunta gerou protestos, revolta, indignação. Viram na pergunta um desrespeito à memória do piloto recém-falecido.
-Ai, meu Deus, que língua a sua, Fernando!
-Me desculpe, Clodovil, mas sob este aspecto você não tem autoridade para me criticar.
-É, não tenho, mas admita, você é perigoso.
-Admito, porém acho você mais perigoso que a minha pessoa.

Nesse momento ele pegou o meu livro sobre a pena de morte e disse:
-Fernando, aposto que você não sabe que o Santo Agostinho apoiava a pena de morte.
-É claro que sei, Clodovil. Então você não leu o meu livro. Conto este fato no capítulo dois da minha obra. Adoro Santo Agostinho. Gosto até de citar uma frase dele em latim.
Ergui-me da cadeira e citei a frase:
-Apure os ouvidos. Quid est autem diu vivere, nisi diu torqueri? Dou a tradução. “Que outra coisa é uma larga vida, senão um largo tormento?”

Ligeiro, o Clodovil informou:
-Fernando, eu li esta frase na Bíblia, hoje de manhã.
-Desculpe-me, você não leu.
-Ai, Fernando, não me desminta, li hoje de manhã na Bíblia. Já li esta frase mais de cem vezes na Bíblia.
-Não leu.
-Ai, meu Deus, você está me chamando de mentiroso? Repito, eu li esta frase hoje de manhã na Bíblia.
-Garanto, não leu, não pode ter lido.
-Ai, Fernando, além de me chamar de mentiroso, você quer me humilhar? Por que está fazendo isto comigo, por quê? Fiz algum mal a você, fiz? Diga.

Expliquei, pacientemente:
-Clodovil, você não pode ter lido esta frase na Bíblia, pois Santo Agostinho nasceu no ano 354 da nossa era e esse livro sagrado é anterior a ele, surgiu séculos antes de sua vinda ao mundo. É uma questão de lógica. Portanto a frase do autor da famosa obra De civitate Dei (“A cidade de Deus”), não está na Bíblia, nunca esteve, o seu nome não aparece nela.
Batendo na testa, o Clodovil gemeu:
-Ai, que fora que eu dei nesse programa de televisão! Que vergonha, que vergonha! Sinto-me hu-mi-lha-do, a-rra-sa-do!
Fiquei com pena dele, pois todas as pessoas na sala do programa começaram a rir, até os cameramen. E veio à minha memória esta frase de Tomás de Kempis (1380-1471), escritor ascético alemão, inserida no livro A imitação de Cristo (“De imitatione Christi”):
“Muitas vezes rimos, quando devemos chorar” (Saepè vane ridemus, quando merito flere debemus).
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*Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor de Drummond e o elefante Geraldão, que acaba de ser lançado pela Editora Novo Século e cuja quarta edição já está quase esgotada.

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quarta-feira, 14 de março de 2018

Análise: Flexibilização do horário da "Voz do Brasil" é simplesmente um paliativo para o ouvinte




A flexibilização do programa "A Voz do Brasil" não era bem a notícias que ouvintes, radialistas e empresários de radiodifusão esperavam. Além de ser uma tremenda injustiça com o Rádio - já que a Televisão nunca teve essa anacrônica obrigatoriedade - "A Voz do Brasil", para quem é bom observador, muitas vezes traz notícias "geladas" de fatos que aconteceram 48 horas antes, quando eles já são de amplo conhecimento da maioria de quem acompanha o noticiário do rádio. 

Sessões plenárias das duas casas do Congresso Nacional, que são transmitidas ao vivo por emissoras jornalísticas no momento em que estão acontecendo, por exemplo, tem de ser interrompidas por causa do "entulho autoritário da Era Vargas no Rádio", como bem definira Fernando Henrique Cardoso ainda nos anos 1990 (aliás, FHC, quando era presidente, reconheceu o anacronismo do informativo oficial, mas ele mesmo pouco sem empenhou para acabar com tal imposição).

Não é verdade que o programa é inútil, como dizem seus detratotres. Mesmo não sendo um programa com notícias "quentes", na maior parte das vezes, ele traz informações que - por motivos diversos, como falta de interesse "editorial" - não são veiculadas pelas emissoras de Rádio, mas que podem ser de interesse de públicos específicos espalhados pelo país. 

O que irrita mesmo é a absurda obrigatoriedade de transmissão em rede às 19h, por todas as emissoras de rádio, deixando o ouvinte que precisa dos serviços do Rádio - e que muitas vezes não têm acesso a outro veículo nesse horário - literalmente na mão. 

Pode ser que haja alguns radiodifusores que não se importam em transmitir "A Voz do Brasil" às 7 da noite ou no horário que for. Um exemplo são as rádios educativas - que costumam se preocupar muito mais com a qualidade do que com a audiência - e emissoras de pequeno porte no interior do país, cuja programação e conteúdos são evidentemente locais, sendo escutadas sobretudo no horário da manhã.


De qualquer maneira, ainda estamos longe do ideal - que é o fim da obrigatoriedade da transmissão - mas a flexibilização é um mero paliativo para o ouvinte, que precisa e só pode ser informado pelo Rádio na hora do chamado "retorno para casa", sobretudo nos grandes centros urbanos. Leia abaixo o que foi decidido no fim da noite de ontem pela Câmara dos Deputados.

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Câmara aprova permissão para rádios transmitirem Voz do Brasil entre 19h e 22h

Da Agência Câmara

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (13) proposta que permite às emissoras de rádio retransmitirem o programa Voz do Brasil em horários diferentes do atual (19h às 20h). A matéria será enviada à sanção. O texto aprovado é um substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 595/03, que acaba com a obrigatoriedade de as emissoras comerciais privadas transmitirem o programa às 19 horas, mas, nesse mesmo horário, deverão informar ao ouvinte quando a Voz do Brasil irá ao ar naquele dia, contanto que a transmissão ocorra até as 22 horas.

As rádios educativas continuam obrigadas a transmitir às 19 horas, assim como as vinculadas aos poderes legislativos nos dias em que não houver sessão deliberativa no plenário da respectiva Casa. A nova regra abrange as emissoras dos legislativos federal (Câmara e Senado), estaduais (assembleias legislativas e distrital) e municipais (câmaras de vereadores). De acordo com o texto, os casos especiais de flexibilização ou dispensa de retransmissão do programa serão regulamentados pelo Poder Executivo.

Divisão do tempo - As regras de divisão do tempo total de 60 minutos são explicitadas, pois atualmente, no Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/62), não existe subdivisão no tempo do programa destinado ao Congresso Nacional. Entretanto, não há mudanças em relação ao tempo destinado a cada órgão. O Executivo terá 25 minutos; o Judiciário, 5 minutos; o Senado, 10 minutos; e a Câmara dos Deputados, 20 minutos.


Flexibilização vale para as emissoras comerciais. Já as rádios educativas continuam obrigadas a transmitir o programa às 19 horas (Foto:Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Acordos - Dois destaques aprovados pelo Plenário, um do PDT e um do PSD, retiraram trechos que permitiam a interpretação de que o programa poderia começar a ser transmitido pelas emissoras comerciais e comunitárias a partir das 22 horas. Na discussão do projeto, o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), ressaltou que as rádios legislativas poderão transmitir as sessões de votação do Plenário sem interrupção pela Voz do Brasil. Ele também afirmou que a flexibilização de horário vai ampliar o alcance do programa. “A Voz do Brasil é um dos programas que temos a missão de defender, mas evidentemente que os tempos hoje são outros”, declarou. A proposta recebeu críticas do PCdoB, da Rede e do Psol.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Podcast Voz Off de março traz as boas histórias de Salomão Esper


Na edição do programa "Voz Off" deste mês, Antonio Viviani e Nicola Lauletta batem um papo com uma das grandes vozes do rádio e da publicidade brasileira, que aos 88 anos de idade comanda um jornal de rádio de muito sucesso juntamente com José Paulo de Andrade, nas manhãs da Rádio Bandeirantes de São Paulo. Quem vai contar a sua história para você é um dos radialistas e publicitários mais longevos do rádio brasileiro: Salomão Ésper!

Essa conversa aconteceu no anos passado e todo mundo vai ficar sabendo como Salomão começou a fazer locução em sua cidade natal, Santa Rita do Passo Quatro, no interior de São Paulo, em quem se inspirou, como começou a imitar as vozes de amigos por brincadeira.  Ele também fala da sua parceria com o saudoso José Velasco,da Publisol, importante produtora de som do século passado.

A produção e apresentação do "Voz Off" é de Antonio Viviani e Nicola Lauletta e está dísponível para audição e download no site do portal Radiofobia.


quinta-feira, 8 de março de 2018

Memória - Conheça a trajetória de Hebe Camargo nas ondas do Rádio

A cantora e apresentadora Hebe Camargo (ao centro), durante transmissão de um programa da Rádio Tupi, nos anos 1940: estrela promissora que virou rainha da Televisão Brasileira (Foto: Reprodução / Internet)
O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, marca o aniversário de uma grande radialista, que se tornou um dos maiores nomes da tevê: Hebe Camargo. Se viva estivesse, a "Rainha da Televisão Brasileira" estaria completando hoje 89 anos. Ela morreu em 2012, vítima de complicações em decorrência de um câncer no peritônio.

Segundo o portal "Wikipedia", sua carreira no Rádio começou quando sua família mudou-se de Taubaté, sua cidade natal, para a capital, São Paulo, em 1943, quando ela tinha 14 anos de idade. Seu pai, Sigesfredo Monteiro Camargo, passou integrar a Orquestra da Rádio Difusora, onde ele regeu a orquestra da emissora  e sempre levava consigo a jovem Hebe. Ela iniciou sua carreira como cantora na Rádio Tupi aos 15 anos de idade no programa "Clube do Papai Noel".

Ainda na década de 1940, juntamente com sua irmã e duas primas, Hebe formou o quarteto Dó-Ré-Mi-Fá; o grupo durou três anos. Já na Rádio Difusora no programa Arraial da Curva Torta, em 1944, ela criou com sua irmã Stella Monteiro de Camargo Reis a dupla caipira Rosalinda e Florisbela.

Continuou na carreira musical com apresentações de sambas e boleros em boates. Ao gravar um disco em homenagem a Carmen Miranda, ela ficou conhecida como "estrelinha do samba" e posteriormente como "a estrela de São Paulo".

Em 1950, Hebe lançou sua primeira música cantada, "Oh! José", juntamente com "Quem Foi que Disse" em um compacto de 78 rotações. Após essa "empreitada fonográfica", ela abandonou a carreira musical para se dedicar mais ao rádio e à televisão.

Hebe ajudou o grupo que foi ao porto de Santos (SP) pegar os equipamentos para dar início a primeira emissora de televisão brasileira, a TV Tupi, canal 3 VHF, de São Paulo. Foi convidada pelo proprietário do novo canal, Assis Chateubriand, para participar da primeira transmissão ao vivo do novo veículo na América Latina, no dia 18 de setembro de 1950, mas acabou faltando ao compromisso e foi substituída por sua colega Lolita Rodrigues.

A volta para o Rádio - A "Grande Dama da Televisão" voltaria a atuar em Rádio mais de uma década depois. Segundo o livro "Ninguém Faz Sucesso Sozinho" (Editora Escrituras, 2009) de Antônio Augusto Amaral de Carvalho - o "Seu Tuta"- Hebe Camargo, Roberto Carlos, Jô Soares, Elis Regina e outros grandes artistas da época, que faziam parte do elenco da TV Record - e que erem produzidos e dirigidos por ele e sua famosa "Equipe A"- foram convidados a apresentar programas com seus nomes na Rádio Panamericana, em que Tuta acabara de assumir a direção. Como não tinha dinheiro, ele propôs a ela e aos demais que, em vez de ganhar um salário, eles poderiam divulgar seus trabalhos, shows, produtos, etc, e falar diretamente com o seu público, e responder às suas perguntas, em troca do espaço. "Na televisão você canta sua música. É aplaudido e vai embora para casa. No rádio, não. No rádio, você vai poder responder às cartas dos fãs. Vai haver uma interação com as pessoas que gostam de você. Vai poder 'vender seu peixe'" (páginas 186 e 188)", argumentou o diretor da Panamericana, que na época teve sua marca fantasia mudada para "Rádio Jovem Pan".

Em 2000, após quase duas décadas longe do microfones, Hebe Camargo, a convite de Neneto Camargo, volta às ondas do Rádio através da Nativa FM, na época de propriedade da Rede Autonomista de Rádio (que ainda hoje controla a 89 FM a Alpha FM), segundo reportagem da Agência Estado de 5 de novembro de 2000. Nesse meio tempo, Hebe Camargo teve participações esporádicas por telefone, comentando os fatos do dia-a-dia na programação da Rádio Jovem Pan, de seu amigo Tuta.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Transalouca 4.0, da Rede Transamérica Pop desta quarta entrevista a turma do Pagode da Ofensa


Os humoristas Eros Prado, Xaxá, Lelê e Tatá, integrantes do grupo "Pagode da Ofensa", são os convidados do Transalouca 4.0 nesta quarta-feira (7). Na atração, o grupo fala sobre a temporada de shows no Teatro Gazeta , em São Paulo. Com Rodrigo Pizcioneri, Micheli Machado e Gavião, o programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 13h às 14h. Envie as suas perguntas aos convidados via Facebook e whatsapp - (11) 9-9121-6651.




Ouça o programa, baixando o aplicativo para o dispositivo android

Artigo - "Reflexões sobre o consumo e a produção de música", por Ronaldo Rodrigues*

O músico e compositor Ronaldo Rodrigues (Foto:Arquivo Pessoal)
Inspirado por dois artigos do crítico André Barcinski e baseado em recentes experiências particulares como músico e produtor de meus próprios trabalhos, decidi partilhar algumas confabulações a respeito do mercado de música.

O assunto sempre desperta reações intensas, muita futurologia e desabafos. Os referidos artigos citam a constatada derrocada da indústria fonográfica, e de forma surpreendente e fundamentada, jogam pá de cal na falsa ideia de que a internet traria grandes benefícios para músicos e bandas (independentes e do mainstream). 

O alicerce da argumentação reside em dados sobre o mercado fonográfico nos EUA: a fatia de 1% dos músicos mais ricos em 1982 concentrava menos renda do que os 1% mais ricos em 2015, apenas 6,26% de todos os discos lançados em 2010 venderam mais do que 1.000 (mil!) cópias, 29 artistas diferentes chegaram ao topo das paradas em 1986 e apenas 6 artistas diferentes chegaram ao mesmo topo entre 2008 e 2012. Ou seja, a música diminuiu de tamanho e se concentrou.

E isso é mais alarmante ao constatarmos a quantidade enorme e quase incontável de discos lançados por ano no mundo. Uma prova simples disso é a própria seção de lista de melhores discos do ano realizados aqui pela Consultoria do Rock – os colegas do site não fizeram suas escolhas a partir de terem ouvido mais ou menos o mesmo conjunto de discos, pelo simples fato de que cada um foi atrás de um estrato definido de estilos e estéticas que mais lhe interessam. Outros dois fatos alarmantes – a população da Terra cresce (hoje somos mais de 7 bilhões de pessoas) e grande parte dessa população tem acessos a eletroeletrônicos portáteis aptos a ouvirem música e conectados à Internet.

Ou seja, estamos diante de uma concentração sem precedentes da pirâmide musical, quando deveríamos estar contemplando uma época absolutamente plural, diversificada e sofisticada em termos de música. Há música em abundância sendo feita em todas as partes do mundo e há um mercado potencialmente consumidor gigantesco que poderia ter acesso a ela. Mas o que vemos é um mercado musical concentrado em pouquíssimos nomes de abrangência global e todo o restante absolutamente fragmentado.

terça-feira, 6 de março de 2018

CBN muda de endereço em São Paulo para se integrar aos demais veículos do Grupo Globo

Novo estúdio da CBN, na Avenida Marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo: facilitando a "sinergia" entre seus diversos veículos do grupo Globo." (Fotos: Sylvia Gosztonyi / Divulgação)

É sempre bom mudar de casa, ir para um lugar maior, mais moderno, etc. Se ainda trabalhasse na CBN, eu pularia de alegria porque ficaria mais perto de casa.

Ainda sim, ficaria com saudades do emblemático sobrado cinza (ou seria azul-chumbo) da região central. Há muito já não se houve o emblemático bordão do infelizmente extinto "O Globo No Ar", em que o locutor-noticiarista Luis Lopes Correia dizia: "na Rua das Palmeiras, no baitrro de Santa Cecília, os termômetros marcam 22 graus".

Um fato que não dá para negar é a tendência dos grupos de comunicação concentrarem suas diversas operações em poucos ou em um único endereço, facilitando a "sinergia" entre seus diversos veículos e, portanto, tendo um controle ainda maior sobre os conteúdos produzidos por eles. Ou, se olharmos por outra maneira, é uma forma de reduzir custos, diminuindo o número de funcionários e aproveitando a maioria dos que ali permanecerem para trabalhar num ambiente "multiplataforma", pagando praticamente apenas um salário a eles, como se trabalhassem em apenas uma única unidade. E o que é produzido pode ser aproveitado de acordo com a linguagem de onde ele é exibido, aumentando ainda mais a rentabilidade e os lucros do conglomerado.

E o Grupo Globo está errado em adotar esta estratégia? Pior que não. Há muitas outras empresas do ramo, muito menores do que ele que adotaram essa metodologia no século passado e que ainda estão no mercado. A principal dúvida  é se isto melhorará a qualidade dessa produção. Na indústria de transformação, na de bens de consumo, isso geralmente ocorre porque a tecnologia ajuda muito nessa tarefa. Na "indústria da comunicação", do "consumo de ideias" e de bens abstratos, não se há notícia de que alguém tenha sido bem sucedido diminuindo mão-de-obra e aprimorando a tecnologia, a não ser financeiramente.

Só que "vender" uma informação não é exatamente como vender um smartphone, uma caixa de detergente em pó, um automóvel ou um quilo de linguiça (muito embora alguns veículos sejam especialistas em "encher" tão saborosa iguaria da culinária, se a figura de linguagem assim o permite). Há um tamanho certo para tudo, até no mundo do trabalho. Se uma emissora possui menos funcionários do que realmente necessita, seja ela grande ou pequena, é humanamente impossível  à aguerrida equipe, mesmo com todo esforço, fazer um trabalho a contento.

O que se espera dessa nova casa da CBN/Rádio Globo é que inspire os gestores e demais funcionários a produzirem um conteúdo melhor qualidade, em respeito ao seu ouvinte.





CBN ganha nova sede 100% digital em São Paulo
Pedro Durán (pedro.duran@cbn.com.br), do Portal CBN

A nossa sintonia no ar não muda, mas a nossa sintonia com você vai aumentar a partir de agora.

Pois é, estamos de casa nova!

Depois de 26 anos na Rua das Palmeiras, no centro de São Paulo, a partir de agora o sinal que chega aí no seu rádio vai partir da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da cidade.

Uma mudança em sintonia com o futuro!

Chegamos ao coração das novas tecnologias brasileiras, bem perto da sede das mais modernas empresas e ao lado da TV Globo.

Foi o trabalho de uma grande equipe - que teve mais de 50 reuniões e visitas técnicas - e garantiu em menos de dois meses a instalação do maior sistema de áudio por IP do Brasil. É o maior do mais moderno para fazer da nossa geração 100% digital: o que melhora a qualidade do som que chega no seu rádio e reduz consideravelmente o risco de problemas técnicos.

Para instalar a nova sede do Sistema Globo de Rádio no prédio do grupo na Marginal do Pinheiros, foram usados aproximadamente 115 km de cabos, o que equivale à distância entre Recife e João Pessoa. (Foto: Sylvia Gosztonyi / Divulgação)

Mais tecnologia pra garantir mais interatividade.

Foram usados aproximadamente 115 km de cabos, o que equivale à distância entre Recife e João Pessoa.

Foi como renovar todo o encanamento e a parte elétrica antes de mudar de casa. Tudo para abrigar a tecnologia que deixa as rádios do Grupo Globo na vanguarda da última geração.

Geração em que a nossa importância só vai aumentar, como explica o diretor geral do Sistema Globo de Rádio, Marcelo Soares.

"Várias pesquisas mostram que a totalidade da população brasileira escuta rádio de alguma maneira em algum momento. A gente enxerga isso e a gente acredita que não existe uma tendência de mudança desse hábito de consumo de rádio. Rádio é um veículo importantíssimo e o papel que a CBN e a Rádio Globo ocupam hoje eu tenho a convicção de que vai crescer muito de importância nos próximos anos muito facilitado por essa estrutura que a gente tá colocando pra funcionar", diz ele.

Agora os nossos estúdios estão preparados não só para transmitir áudio, mas também pra te permitir ver mais perto os âncoras, comentaristas e repórteres que falam com você todos os dias.

Para isso, uma iluminação artística, com foco na informação, e câmeras especiais, como conta o coordenador de infraestrutura tecnológica, Fernando Balocco.

"É uma imagem HD, uma imagem limpa, uma imagem bem bonita, com cores vivas. A gente consegue uma aproximação de até 30 vezes com uma qualidade excelente ainda assim. Foi tudo pensado para trazer essa melhor experiência para o ouvinte", explica.

As novas instalações também garantem mais espaço para a equipe de produtores, âncoras e os convidados das duas rádios.

Na CBN, o diretor de Jornalismo Ricardo Gandour explica que as novas ferramentas são excelentes instrumentos para levar informação com credibilidade para mais de 770 cidades brasileiras, que tem 87 milhões de ouvintes potenciais e representam metade do PIB nacional.

"O passo que nós estamos dando hoje é no sentido de preservar o nosso método de trabalho. O que faz diferença mesmo é a atitude humana. A atitude humana do profissional que está sempre insatisfeito com o que lhe é mostrado, que sempre busca novos ângulos, investe tempo e método em investigar, em aprender e em traduzir aquilo para os ouvintes e para a sociedade. Então o ferramental é importante, mas ele se alia ao capital humano do jornalista. É essa convergência que nós estamos hoje reforçando", diz Gandour.

No mesmo andar da CBN vai funcionar a Rádio Globo, que também terá estúdio interativo com câmeras em HD. (Foto: Sylvia Gosztonyi / Divulgação)

Assim como o estúdio recém-inaugurado no Projac, a Rádio Globo de São Paulo também passa a ser vizinha da TV Globo, com espaço e estrutura para receber música ao vivo e grandes convidados. Novidade que anima o diretor executivo da Rádio Globo, Julio Pedro.

"Poder receber melhor os artistas, principalmente na área musical e poder fazer música ao vivo com qualidade é o grande diferencial que os nossos ouvintes vão poder perceber. E a outra parte é a parte tecnológica, de visual também, porque hoje o rádio também é visual", conta o diretor.

Todo esse investimento para ter a melhor tecnologia disponível para rádio no Brasil só nos ajuda a ficar mais perto de você, que ouve e participa da nossa programação todos os dias.

Aproveite com a gente essa mudança e, como sempre, seja bem-vindo.

Rádio paulistana voltada para fãs de música negra entra no ar neste sábado


Está prevista para o próximo dia 10 de março, a inauguração da Rádio Antena Black, webemissora que pretende se dedicar a divulgar a música negra do Brasil e do mundo. A festa de inauguração acontecerá neste sábado (veja o cartaz acima), com a presença de vários colaboradores que farão parte da programação. Além disso, o evento contará com "performances" de dança e artes plásticas.

A Rádio Antena Black pertence a web rádio Antena Zero, que está no ar há quatro anos e éspecializada em rock. Alguns programas de "black music" de sua grade migrarão de sua programação para a emissora que entrará no ar, como "R&Beat" com Marina MJ, "Ruas, Amores & Pessoas" com Pedro Ferraz Aragão e Éder Menegassi, "Madrugada Flashblack" com Mr. Black Love, entre outros.

Saiba mais em: www.antenazero.com

Saiba mais sobre a 

Nossa análise: Apesar do segmento de música negra estar bem servida no dial - e consequentemente na internet também - é sempre bem vinda mais uma iniciativa nessa área. Se fosse uma rádio FM, essa nova estação teria uma boa briga pela frente com, por exemplo, a 105 FM de Jundiaí. 

Falando em um sentido amplo, a "black music" é um dos gêneros que agrega o maior volume de conteúdo na web. Na sua maioria, são DJ's desse estilo musical, que desfilam suas habilidades com os toca-discos em várias plataformas de áudio e vídeo. 

Se a rádio quiser se destacar, vai ter de criar um canal efetivo com a sua futura audiência, dando a ela uma programação popular e de qualidade, com uma linguagem simples e direta, sem verborragias incompreensíveis e inúteis, sempre respeitando as regras de nosso idioma, na medida do possível, uma vez que ela certamente terá um concorrente de peso com a Pool Web Radio , que já está na internet há quase uma década e é formada por vários profissionais do rádio convencional que migraram para internet.

Também será salutar a nova emissora prestar muita atenção na qualidade do áudio e com a chamada "plástica" que serão emitidos porque o internauta, a exemplo do ouvinte, está cada vez mais exigente

 Se a intenção for fazer da nova rádio um sucesso de público e de faturamento, creio que a Rádio Antena Black terá de recorrer a leis de incentivo com renúncia fiscal, programas de mecenato ou, se quiser ficar longe das hostes oficiais, financiamento coletivo - conhecido como "crowdfunding", ou um novo sistema de assinaturas que alguns sites começaram a oferecer recentemente. 

Outra alternativa, que me parece mais viável, é partir para a venda de espaços publicitários para pequenos anunciantes, como o comércio de médio e pequeno porte e prestadores de serviço em geral, como já fazem algumas webradios voltadas para algumas regiões de São Paulo, por exemplo. Infelizmente o mercado publicitário, por mera questão de falta de visão, ainda não aposta suas fichas na nova mídia que já está há tempos dando um banho de competência e audiência. 

domingo, 4 de março de 2018

Cantora paulista de pop folk rock faz lançamento do clipe da música "Pé na Porta"


A cantora de pop folk rock Stefanie Singer lançou nesta quinta-feira seu mais novo trabalho: o videoclipe da música 'Pé na Porta', faixa do seu EP de estreia 'Falando Sinceramente'.

O clipe que teve co-produção da própria compositora foi realizado em parceria com a agência americana Leeroy, especializada em produção conteúdo para música, publicidade e cinema.

A cantora  Stéfanie Singer, que está lançando um clipe em parceria com uma agência especializada em produção, conteúdo para música, publicidade e cinema. (Foto: Divulgação)

"Estou muito feliz com esse projeto e acredito que conseguimos traduzir nas imagens o conceito da música, tornando a obra ainda mais completa", afirma Stéfanie.

Sobre Stéfanie Singer - Impulsionada pelo seu forte violão que contrasta anacronicamente com sua voz suave, a cantora e compositora Stéfanie Singer tem em seu DNA musical influências do soul, folk, jazz, rock, britpop e a mais importante paixão: a música brasileira.

Com letras em português que narram de forma íntima uma visão muito particular do senso-comum e do cotidiano, Stéfanie Singer traz em sua bagagem o disco ‘Falando Sinceramente’, trabalho de 6 faixas que narram de maneira muito peculiar recortes e reflexões sobre a vida e o comportamento humano.

Ouça agora
'Falando Sinceramente', disponível nas plataformas: 




Confira novidades e o dia a dia da cantora:
Siga no Instagram: @stefanieprivado 


Acompanhe pelo Facebook: Stéfanie Singer

sábado, 3 de março de 2018

Artigo - Os únicos que não erram são os mortos, por Fernando Jorge*

Os meus comentários sobre os erros de português do nosso grande Machado de Assis, causaram enorme espanto em muitos dos meus prezados leitores. Continuo a receber dezenas de cartas por causa disso. E nas cartas esses leitores querem que eu aponte outros erros de português do romancista de A mão e a luva. Vou atendê-los.

Li estas palavras no livro Contos fluminenses, de Machado:
“Fazem hoje dez anos...”

Ora, o verbo fazer adquire a impessoalidade quando indica o tempo decorrido, o número de horas, dias, meses, anos. Ele não se reflexiona, pois o vocábulo que lhe vem posposto é objeto direto, nunca influi na concordância. Machado de Assis, portanto, cometeu um grave erro gramatical, perpetrou um solecismo. Não erraria se tivesse escrito assim:
“Faz hoje dez anos...”

Nesse livro do início da carreira literária de Machado, o romance A mão e a luva, de 1874, colhi este truísmo (verdade evidente) e o entreguei ao Agrippino Grieco:
“O post-scriptum da carta Iá estava no fim...”

Indago: qual é o post-scriptum que não fica no fim de uma carta? Só não fica o do Pafúncio Fredegundo Brederodes Encerrabodes...

Examinemos o seguinte trecho na segunda edição do romance Esaú e Jacó, lançada pela Garnier:
"Crede-me, amigo meu, e tu, não menos amiga minha, crede-me...”
Na primeira oração da frase – “Crede-me, amigo meu” – o sujeito é o pronome vós, e na segunda oração – “e tu, não menos amiga minha, crede-me...” – o sujeito é tu. Observem, Machado de Assis misturou na mesma frase os dois tratamentos, pois crede imperativo, e credes, quinta pessoa do presente do indicativo, são formas verbais da segunda pessoa do plural vós.

Mais tarde, após analisar este erro do autor de Quincas Borba, verifiquei que José Cunha Lima o registrou no seu livro Revisão de Machado Assis, publicado no Rio de Janeiro, em 1973, pela Companhia Editora Americana.

Do cacófato, outro vício de linguagem (encontro das sílabas de uma palavra com a inicial de segunda palavra, formando um vocábulo ou uma expressão diferente), do cacófato também foi vítima o nosso notável Machado de Assis. 

Leia, amigo leitor, e por favor não core de vergonha, esta frase do romance Helena:
"...eu sei o que ele me há custado."
Perdoem-me agora o didatismo. São estes os algarismos arábicos, os sinais de origem indiana usados para a escrita dos números: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0. 
Daí concluímos que o nosso Machado de Assis se equivocou ao classificar o número 13 como algarismo, nas Memórias póstumas de Brás Cubas. Nessa obra publicada em 1881 – romance inaugural do realismo brasileiro – um antepassado de Brás Cubas, o senhor Luís Cubas, é avó no capítulo XII e se transforma em bisavô no capítulo XLVI...

Os únicos que não erram são os mortos, porque não podem parir as besteiras dos vivos. Talvez, devido a isto, milhões de defuntos não querem ressuscitar... Enquanto viveu, Machado de Assis também errou, como todos nós. Produziu erros gramaticais e de outras naturezas. 
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*Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro "Se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido", cuja 6ª edição foi lançada pela Editora Novo Século.

Leia mais em: www.fernandojorge.com

Músico das bandas AI-5 e Kaos 64 é o entrevistado do Estação Rock Base desta quarta


O músico e professor de letras Fábio Rodarte, guitarrista dos grupos punks paulistanos AI-5, Kaos 64 e Sarjeta, é o entrevistado do podcast Estação Rock Base da Rádio JR3D.

Com duas décadas atuando na cena musical do rock nacional, Rodarte vai falar sobre sua pesquisa científica que fez sobre o militarismo e o movimento punk no Brasil e também sobre o panorama da política do Brasil dos anos 1980 até os dias atuais.

Fábio Rodarte, das bandas AI-5 e Kaos 64, é o entrevistado do programa Rock Base desta semana (Foto: Leandro Almeida / Divulgação)


O programa Estação Rock Base tem a produção, edição e apresentação de Denilson Nalin e Marco Ribeiro, com a colaboração de Leonardo Gibo na programação musical deste episódio.

Fábio Rodarte - https://www.facebook.com/fabio.rodarte.7

Leonardo Gibo - https://www.facebook.com/leonardo.gibo

Playlist deste programa:
AI - 5 - John Travolta (1:47)
Sarjeta - Imperialismo (1:35)
Kaos 64 - Boicote USA (2:41)
Straight Shooter - She's So Fine , 1979 (2:41)
Spider - back to the wall , 1977 (2:15)
Jeff Hill Band - Something's Wrong With My Baby , 1979 (2:43)
XTC - Science Friction , 1977 (3:11)
Wasps - teenage treats , 1977 (3:06)
Rue & The Rockets - I Only Want A Love That's Real , 1981 (2:37)
Strike - teenage rebel , ireland 1980 (2:40)
Strike - Radio Songs , 1980 (2:31)
TPI - She's Too Clever For Me , 1979 (3:56)
Plague - In Love , 1979 (3:31)
Tours - Language School , 1979 (2:10)
Blades - Hot For You , 1980 (2:12)
Circles - Circles , 1979 (3:13)
Features - Monday Friday (1980) (2:40)
Features - Dont Let Them Know , 1980 (3:06)
Strangeways - Show Her You Care , 1978 (4:22)
News - 50% Reduction , 1980 (2:38)
Wild Boys - We're only monsters , 1980 demo (2:10)
Wild Boys - Risky City , 1981 (2:41)
Wild Boys - Death of Eddy , 1981 (2:29)
Times - Red With Purple Flashes , 1981 (3:17)
Up Kid  - Up Kid, 1981 (3:02)
Letters - Nobody loves me (1980) (2:09)
FX - Slag , 1979 (3:02)

Estação Rock Base
Quarta, 18h (reprise)
Rádio JR3D - http://www.jr3dwebradio.com

sexta-feira, 2 de março de 2018

Estação Rock Base entrevista Fábio Rodarte, das banda punks AI 5 e Kaos 64


Salve Nação! Neste Sábado, Fábio Rodarte (AI 5 e KAOS 64) dá uma aula de Política e Punk Rock!
Acesse: http://jr3dwebradio.com e clique no player para ouvir a rádio, ou baixe nosso aplicativo http://jr3dwebradio.com/aplicativo/App-JR3DEebRadio.apk para ouvir pelo celular!

Equipe JR3D Web Radio