terça-feira, 31 de julho de 2018

Artigo - Interconexão para um futuro com menos delay na transmissão de eventos esportivos


Por Wellington Lordelo*

 Se tem uma coisa que a Copa do Mundo 2018 (e outros eventos esportivos) demonstrou é que a experiência do usuário é determinante para o sucesso de qualquer emissora ou produtora de conteúdo. Aqueles que assistiram os jogos pela TV a cabo ou via streaming puderam perceber claramente o atraso na transmissão, quando seus vizinhos que acompanhavam pela TV aberta ou rádio gritavam “gol” bem antes deles. Durante a competição, vários vídeos circularam nas redes sociais mostrando a diferença – que chegava a 40 segundos em alguns casos –, o que prova que um atraso na transmissão de eventos esportivos em tempo real, ainda que pequeno, pode acabar com a graça de quem assiste.

A razão desse delay já é bem conhecida: o caminho do sinal, desde a captura da imagem até a recepção do usuário final, é maior pela TV a cabo do que pela TV aberta (maior ainda via streaming). Mas qual seria a alternativa então? Muitos saíram comprando antenas durante a Copa, o que com certeza não é solução ideal (para aqueles que investiram em televisores de alta definição ou 4K em busca de qualidade, definitivamente não é). Na verdade, a solução para reduzir esse atraso existe sim – se chama interconexão. O usuário final pode exigir que seu provedor de Internet seja bem interconectado para gastar menos “saltos” para atingir o conteúdo.

A plataforma atual dessas empresas ainda é arquitetada em torno de uma tecnologia tradicional e de redes centralizadas para a recepção e distribuição de mídia. As emissoras recebem a transmissão de um jogo do outro lado do mundo, levam os dados para suas sedes cada um de um jeito (geralmente pelo caminho da Internet pública) e depois distribuem para os assinantes, seja por fibra ótica ou satélite. Esse modelo fixo em silos de criação, armazenamento e distribuição já não comporta mais o volume de dados, o crescimento dos negócios em escala global e a velocidade de transmissão exigida hoje em dia, sendo ainda muito custoso, rígido e restritivo.

Já a interconexão permite que a troca de dados seja feita diretamente entre as companhias de mídia digital, sem passar necessariamente pela Internet. Ao conectar de modo privado vários data centers espalhados pelo globo, a interconexão cria uma espécie de “rodovia privada” aberta só para essas empresas, um caminho menos congestionado e muito mais rápido do que a “rodovia pública” da Internet. Até 2020, a previsão é que a interconexão entre as empresas cresça em média 62% ao ano na América Latina, chegando a um volume de 626Tbps em dados. Apenas no setor de Mídia e Entretenimento da região, esse número deve chegar 96Tbps.

Em um nível básico, a interconexão entre data centers ajuda a garantir que o fluxo de vídeo em tempo real seja entregue sem falhas. No caso da Copa da Rússia, por exemplo, a transmissão teria a velocidade e a baixa latência necessárias para garantir a melhor experiência de visualização possível (ou seja, com qualidade de imagem e sem atraso). Com uma plataforma interconectada, as empresas de conteúdo e mídia digital podem escalar rápida e facilmente suas produções, conectar-se de forma privada com parceiros de entrega de conteúdo e criar produtos inovadores e customizados para o usuário final, gerando novas receitas e novas formas de consumo de mídia.

Um exemplo é a Discovery Communications. A companhia implementou uma arquitetura já orientada à interconexão, que a permitiu transformar seu negócio em um modelo distribuído e totalmente baseado em nuvem. Colocando a sua infraestrutura de TI em data centers interconectados em Ashburn, Londres e Paris, a Discovery consolidou 80% de sua plataforma, otimizando a entrega de conteúdo mundial e acelerando a entrega de produtos em tempo real conexões de latência. A ideia é atender à demanda de consumo advinda da transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

Já aqui no Brasil, o movimento de adoção da interconexão pelo setor de Mídia e Entretenimento não tem caminhado tão rápido assim. Contudo, as empresas já se atentaram para sua importância, principalmente no que tange à possibilidade de inovar e gerar novas fontes de receita. Quem sabe agora, com a experiência do usuário tão em evidência, as emissoras e produtoras de conteúdo brasileiras não decidam dar o passo final, já se preparando para os próximos grandes eventos esportivos e se tornando companhias verdadeiramente globais.

*Wellington Lordelo é gerente de Solution Marketing da Equinix Brasil

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Transamérica inaugura novas franqueadas no Espírito Santo e em Rondônia

Equipe da Transamérica Hits, de Guarapari (ES): emissora atenderá região com 125 mil habitantes (Foto: Divulgação / Grupo Sim de Comunicação)

A Transamérica, maior rede de FM do País, avança com duas novas franqueadas nas cidades de Guarapari (ES) e São Francisco do Guaporé (RO). Com os dois lançamentos, a rede presente nas cinco regiões atinge as importantes cidades no Brasil. As duas emissoras atuarão no formado Hits, com programação destacando os grandes sucessos nacionais. Além da grade musical, a rádio exibirá programas como “Clube da Insônia”, “Ti Ti Ti”, “Rodeio” e “Sofazão”, entre outros, bem como apresentará notícias dos principais acontecimentos.

A emissora de Guarapari, região com mais de 121 mil habitantes, passa a operar na frequência 93,1 FM. E abrangerá os municípios de Alfredo Chaves, Anchieta, Piuma, Itapemirim e Iconha. A ação é resultado da associação entre Rede Transamérica e Rede Sim, importante grupo de comunicação local, que já conta com outras cinco emissoras no Estado.

Também com formato Hits, a emissora de São Francisco do Guaporé ocupa a frequência 88.7 FM e faz parte do Grupo Gemelli. A rádio faz parte do Grupo Gemelli, que possui ainda outras três emissoras Transamérica em Colorado do Oeste, Presidente Médici, Ji-Paraná e São Miguel do Guaporé.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Principais redes de rádio brasileiras ampliam suas transmissões com imagens pela internet


Quem é internauta já percebeu que a presença das grandes redes de Rádio voltadas para o jornalismo cresce cada vez mais. Com a exceção da CBN, cuja proprietária - Grupo Globo, tenta emplacar uma plataforma própria de vídeos na web sem muito sucesso ainda, as demais emissoras agora se esforçam para estar presentes 24 horas transmitindo ao vivo com som e imagens em redes sociais como o You Tube e Facebook.

Na madrugada desta segunda feira, a Jovem Pan, que é a que melhor explora essas novas plataformas - e que chegou a ter um pico de 90 mil telespectadores ao vivo pelo YT - começou a transmitir ininterruptamente das 22h às 6h a programação da Jovem Pan News apenas em áudio. Essa forma de emissão já explorada desde o ano passado pela Rádio Justiça, de Brasília. No caso da emissora oficial do poder judiciário, a audiência média dificilmente passa dos "100 ouvintes/internautas", mas tende a crescer muito em transmissões que interessam a um grande número de pessoas, como as reuniões de plenário do Supremo Tribunal Federal.

Programa "Jornal Gente" transmitindo ao vivo do estúdio da Rádio Bandeirantes: engatinhando nas transmissões pela internet (Foto: Reprodução/Internet)
Band News FM e Rádio Bandeirantes - Sem a sofisticação a qual já chegou a Jovem Pan, as estações do Grupo Band Rádio também está nas plataformas de vídeos. A Rádio Bandeirantes recentemente começou a transmitir os programas vespertinos com som e imagem - inclusive na época da Copa do Mundo, direto de Moscou as rádios mostravam imagens de seus estúdios no centro de imprensa. 

Rede CBN e Rádio Globo - Embora não faça transmissões ao vivo pela internet com frequência, a CBN coloca na rede o conteúdo de alguns programas previamente gravados e de seus podcasts eventualmente gravados com imagens. Como cerca de 70% de sua programação seja transmitida em rede - a maior parte do tempo da filial de São Paulo e às vezes, da sede no Rio de Janeiro - talvez fique difícil definir de onde sairá a geração de conteúdo de imagens.

Programa "Jornal Gente" transmitindo ao vivo do estúdio da Rádio Bandeirantes: engatinhando nas transmissões pela internet (Foto: Reprodução/Internet)
Com a Rádio Globo a situação é um pouco diversa da de sua co-irmã. Ali, pelo menos 80% da programação seja gerada do Rio de Janeiro (o que causa uma grande antipatia dos ouvintes de São Paulo e, por conseguinte, dos da região Sul e Sudeste também).

Ricardo Sam e Gislaine Martins comandam o "Três em Um", da Rede Transamérica Pop: restrições nas execuções de música na internet provocam momentos curiosos nos intervalos das transmissões (Foto: Reprodução/Internet)
Transamérica Pop - A Rede Transamérica Pop, apesar de não ser uma emissora dedicada ao jornalismo como as demais, também faz sua transmissões pelo You Tube. É o caso de todas as edições dos esportivos locais "Papo de Craque", "Hastag da Bola" e agora o "Dois em Um", que é transmitido para a toda a rede Pop. A transmissão é um tanto quanto curiosa porque na hora em que entra a grade musical, o sinal que está indo ao ar pelo rádio é cortado e o internauta escuta o som ambiente do estúdio. Tudo isso causado por uma certa restrição que a plataforma digital sofre por conta dos direitos autorais sobre fonogramas e imagens oriundas de filmes e programas de televisão. 

terça-feira, 3 de julho de 2018

Na hora do gol, o Rádio está sempre à frente da televisão, como sempre



Um emblemático vídeo está circulando desde ontem pelas redes sociais. Trata-se de um torcedor anônimo que, ao ouvir o jogo pelo rádio, comemorou o gol alguns segundos antes dos demais torcedores que estavam ali ao seu lado.

Assim como ele, quem tem a brilhante ideia de abaixar o volume da TV para ouvir a transmissão pelo Rádio já percebeu que fica sabendo tudo antes, como é comum nessas ocasiões.

O motivo dessa "vantagem competittiva" é simples. Para isso, vamos pegar como exemplo a transmissão da Rádio Bandeirantes / Band News FM e a da Rede Globo, ambas direto da Rússia.

O grande locutor José Silvério, na próxima sexta feira, a exemplo de seu colega Galvão Bueno, estará em uma posição no estádio "Arena Kazaan", em Cazã, na Rússia, transmitindo a partida entre Brasil e Bélgica.

Pois bem, tentarei ser o mais didático e objetivo possível. Ao falar no microfone do grupo Band de Rádio, a voz de José Silvério virará um sinal de áudio que viajará pela internet de várias formas (cabo, microondas, satélite, etc) em "pedacinhos" chamados de pacotes, por meio de um sistema de "streaming", até a sede da emissora em São Paulo. Como o tamanho dos arquivos são pequenos e a velocidade da internet é bem rápida, o seu sinal chega quase que instantaneamente ao Brasil, com um "atraso" insignificante.

Como a transmissão da rádio para os receptores (aparelhos de rádio, smartphones, etc) é feita diretamente, então ouvimos o que acontece na longínqua Cazã ao vivo. Nas demais redes de rádio, em que os locutores transmitem direto dos estádios russos, o processo é bem semelhante.

Com a televisão o processo é um pouco mais complexo porque ainda depende do uso sistema de satélites que estão há 36 mil km acima de nossas cabeças. O sinal da TV Globo gerado direto da Arena Kazaan - ou de qualquer outro lugar do mundo - "viaja" milhares de quilômetros até chegar a sede da rede, no Rio de Janeiro. 


Quem mora e assiste à Globo na capital fluminense não vai perceber tamanho "delay" porque os sons e as imagens vindas da Rússia vão diretamente para o seu televisor pelas antenas instaladas no alto do Morro do Sumaré. Entretanto para que o grito de gol de Galvão Bueno seja ouvido em São Paulo - e no restante do Brasil - este mesmo sinal tem de subir 36 mil km até um canal de satélite da emissora e ser mandado de volta, desta vez  para as emissoras afiliadas, e dali ser enviado para as casas dos telespectadores. Esse processo de subida e descida do sinal causa um  atraso que pode variar de 3 até 6 segundos.

Para quem acompanha pela internet, o atraso se verifica entre as imagens da televisão e o áudio da rádio. E é ainda maior porque o sinal tem de ir até o computador do internauta por meio de mais um link que, dependendo de onde ele se encontra, pode demorar mais de um minuto de diferença.

Portanto, amigo ouvinte, prefira o Rádio na hora da informação. Você fica sabendo tudo antes nele, não é mesmo?