quarta-feira, 17 de março de 2004

Pondo o dito cujo na reta

E até no ar!

Por mais que pipoquem clones dos bons locutores pelo dial paulistano, só um original é que consegue, com a voz mais tranqüila e séria desse mundo, numa rádio igualmente séria, lê a palavra "cu", com toda a classe, elegância e espontaneidade que só cabem a um bom profissional. Tratava-se apenas de um endereço da internet a ser divulgado no programa, que terminava... ponto org ponto cu., portanto, nada demais.

Mas... convenhamos, não deve ser uma tarefa fácil para um locutor deparar-se de repente, com o perdão da palavra..., com um CU no texto. Mas... o original Daniel Daibem da Rádio Eldorado tornou, o que poderia ser uma saia justa, em apenas mais um endereço da Internet como tantos outros, sem precisar chocar ouvidos e diretores mais sensíveis.

As vozes podem ser até imitadas, copiadas e clonadas, já a espontaneidade e o profissionalismo de um legítimo locutor, só o tempo dirá.

Saudações,
Daniela Brusco
São Paulo - SP


Quem dera estarmos nums estágio tão avançado a ponto de discutirmos detalhes tão sutis do idioma pátrio de Camões.

Cena 1: José Nello Marques, apresentador da Rádio Bandeirantes, diante de uam certa "proibição" de se falar palavras de baixo calão aos microfones da sexagenária emissora, se referia a certas pessoas públicas acorvadadas e sem ação como autoridades de "ancas largas e gelatinosas".

Cena 2: Durante uma nota de trânsito lida pelo locutor Fernando Andrade durante o seu programa CBN Esporte Clube, Juca Kfouri, que só toma água pura da bica, exclamou numm rompante digno de Policarpo Quaresma: "Fernando, porque não chamam este evento de 'Semana da Moda de São Paulo'? Não é mais simples do que São Paulo Fashion Week?"

Cena 3: Certo dia, Marcelo Ginoza, ex-companheiro de programa encrespou com uma certa música do LP Criculadô do Caetano Veloso. Quando este que vos escreve foi desanunciar a música, o radialista nipo-descendente começou a desfiar no microfone: "agora, amigo ovuinte, não reparem por favor no nome da música que o Marcos Ribeiro vai falar porque realmente ela contém no título uma palavra de baixo calão. Palavra esse que o autor poderia ter usado um sinônimo mais adequado ao decoro aceito pelos diletos ouvintes dessa prestigiosa emissora. Creio até que seja uma palavra que não soe bem foneticamente no som de seu rádio...."

Antes que ele terminasse e este irritante discurso, Carlos Machado, um outro apresentador, disparou: "Ô, Marcelo, deixa de frescura e diz logo que o nome da música é "O cu do mundo" e ponto final.


Para ser sincero nem sei por que cargas d'água nós escolhemos esta música. Afinal, a gente tocou em primeira mão porque era um disco do Caetano e havia chegado às lojas naquela semana. Nem esperamos o divulgador da Polygram (hoje, Universal) passar por lá."Vocês deveriam ter ligado pra Polygram e cobrado um jabá suculento e alto porque este disco é uma bosta", gozou um operador da 92 FM, num estúdio ao lado.

Anos depois, olhando a discografia do Caetano, cheguei à conclusão de que o colega tinha razão: o "Circuladô" era uma verdadeira merda, mesmo.

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