Internet empata com o rádio em participação no bolo publicitário, em setembro
Do Cidadebiz/Advillage
01.12.2009 - 17:35
A internet fechou o mês de setembro com um faturamento publicitário bruto de R$ 87,8 milhões, uma expansão de 24,7% sobre o mesmo mês de 2008. Com isso, o meio online tem uma fatia de 4,31% do bolo publicitário e se aproxima ainda mais do rádio, cujo faturamento bruto em setembro foi de R$ 87,9 milhões (10,1% a mais que no mesmo mês do ano passado). A participação desse meio também é de 4,31%.
No acumulado de 2009, janeiro a setembro, o faturamento da internet chegou a R$ 638,2 milhões (4,15% do bolo publicitário), contra R$ 519,4 milhões de janeiro a setembro de 2008. Alta de 22,9%. O rádio, nesse mesmo período janeiro-setembro 2009, faturou 692,9 milhões, uma fatia de 4,5%. Em relação ao acumulado de 2008 (R$ 648,6 milhões), a expansão foi de 6,82%. Os dados são do Projeto Intermeios.
Em seu blog, Marcelo Sant'Iago, da iProspect, observa que "como o Google não participa do Intermeios e com certeza fatura mais que os 60 milhões que separam rádio da internet, é fácil concluir que já deixamos eles para trás". No período de janeiro a setembro, a televisão alcançou 60,45% de participação. O jornal, 14,66%, e o meio revista, 7,51%.
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Será o fim do rádio? Lógico que não. Mas os números apontam para uma nova realidade. O rádio vai ter que se integrar cada vez mais a internet/celular/tv a cabo para poder levar o seu sinal aonde o ouvinte estiver. Nos Iphones e outros aparelhos portáteis ligados a internet já se pode ouvir qualquer emissora que já tenha um pé nesse novo sistema utilizando a web. Se antes você podia ouvir até 30 emissoras na faixa de FM, agora esse número tende ao infinito. O sinal é muito melhor do que o analógico e não sofre interferências das malditas piratas. Mas vai continuar a ser o bom e velho rádio de sempre, apesar da nova plataforma.
Agora fica a questão: se a recepção de emissoras por iphones, smartfones, celulares e afins está cada vez mais se ampliando, como vai ficar a questão do rádio digital, hein? O que impede ainda esta expansão ser cada vez maior é a velocidade de nossa banda larga que, na média, ainda é insuficientemente baixa para uso ao consumidor. O rádio digital ainda está em testes, mas nada diz que ele suplantará satisfatoriamente o sistema analógico que aí está. Dezenas de problemas técnicos ainda não foram resolvidos. As ondas hertezianas poderiam ser usadas para a expansão da web, mas o governo e os oligopólios das comunicações parecem que não sabem. Não sabem ou não querem.
A radiodifusão ainda engatinha na internet. A Jovem Pan coloca no ar duas edições diárias de seu jornal com áudio e imagem. O melhor de tudo que é feito de modo a combinar a informação do rádio com a linguagem da TV, coisa muito difícil de se fazer. Só mesmo quem é do "ramo" como o bom e velho Tuta. Emissoras como a Oi e a USP FM retransmitem seus sinais para repetidoras por meio da internet. Nunca o veiculo teve um impulso tão grande para crescer.
Fica também outra questão: o faturamento de webrádios, emissoras online de rádio e tv e sites das emissoras convencionais também entram nesse cálculo demonstrado acima? Se entrar, teremos então uma intersecção de valores, inclusive com a publicidade veiculada em sites de jornais, revistas e portais de notícias. Talvez seja a hora de redefinirmos este tipo de cálculo.
A internet é uma pltaforma, não é um veículo em si. Na verdade, ela é uma junção de todos eles. Num mesmo portal de notícias você pode ter um noticiário impresso, uma webrádio ao vivo, vários podcasts e reportagens em arquivos de vídeo. Também há muito espaço para uma "agência fotográfica". Um exmeplo bem acabado disso são justamente os sites de rádio. Lá você tem o som ao vivo da emissora, podcasts, reportagens em vídeo, como é o caso da Jovem Pan, fotos e textos, normalmente postados nos blogs de seus profissionais. Isso sem contar os links para outras ferramentas que só existem na web, como o twitter, o facebook , o MSN e o orkut. Emissoras que apostam em todas essas plataformas e ferramentas estão na frente.
Até o advento da Rede Mundial de Computadores, possuir uma emissora de rádio ou TV era um garnde símbolo de poder para seu proprietário. Hoje ainda é, não mais como antes. Os 60 milhões de internautas possuem aquilo que os 200 milhões de ouvintes:liberdade de escolher quais canais "acessar" e o mais importante, que é produzir conteúdo do seu jeito, com seus recursos, dando voz a si mesmo. É a realização dauqilo que o movimento punk dos anos setenta chamava de "Do it yourself" (Faça você mesmo). A era do ouvinte/telespectador que era só um mero receptor e consumidor definitivamente acabou. Hoje, por meio da internet, todos são emissores de destinatários de conteúdos diversos.
Mantendo-se este panorama, ainda resta saber o que se fará com o sistema de rádio digital. Não seria hora de abrir espaço para estações não comerciais colocarem seu conteúdo no ar? Afinal, as grandes emissoras de rádio estão sacando cada vez mais que vão ter que produzir muito conteúdo se quiserem se sobressair nessa "Babilônia", que é a internet. Eles não estão mais sozinhos como antes, já que têm a companhia de quem só ouvia e, agora, também fala. Espera-se que isso traga mais qualidade ao conteúdo dos meios de comunicação. Somente isso trará mais audiência aos portais e, consequentemente mais publicidade. O ouvinte/internauta está cada vez mais exigente. Só espero que apure mais o seu gosto.
Um comentário:
"As grandes emissoras de rádio estão sacando cada vez mais que vão ter que produzir muito conteúdo se quiserem se sobressair nessa "Babilônia", que é a internet. Eles não estão mais sozinhos como antes, já que têm a companhia de quem só ouvia e, agora, também fala. Espera-se que isso traga mais qualidade ao conteúdo dos meios de comunicação".
E como espera-se! Bota espera nisso, até pq, se analisarmos as webrádios existentes no Brasil, bem menos do que 10% possui qualidade, já o restante é fruto do conceito "Do it yourself".
Isso evidentemente não é problema, mas sim o fato de não estar havendo diferenciação clara do que é profissional em relação ao que é amador.
Só quem tem "ouvido clínico" e é do ramo é que consegue fazer uma distinção. Será mesmo que os grandes grupos de comunicação irão aceitar concorrer desta forma?
Uma comparação:
Multishow FM - Webrádio das Organizações Globo (um dos poucos grupos que já começaram suas iniciativas dirigidas exclusivamente para a Web) que possui ótima estrutura, bons equipamentos, empresa legalmente estabelecida (impostos incidentes), funcionários a pagar, sem falar de Ecad e cia.
"Rádio do Zézinho da Esquina" - Webrádio gerada diretamente do quarto de um menor de idade, por meio de uma mesada dos pais que provavelmente não possuem consciência do que o filho anda fazendo naquele ambiente em que deveria, por exemplo, estudar e dormir e etc; não paga nada do que foi citado no caso da Multishow; não possui mínima estrutura técnica, portanto, áudio cru e sem processamento algum, cada música tem uma altura, na hora em que abre o microfone então... microfone esse de PC, com aquele som estridente e cheio de médios (sem contar os da própria voz adolescente em transformação).
Seus amigos ajudam a fazer a programação, sendo que, normalmente nenhum sequer comparece ao "estúdio", uma vez que cada um gera a participação também de seus quartos, salas, cozinhas... embora o resultado dê a entender de que aquilo seja feito diretamente do banheiro, mais precisamente é um reaproveitamento do que fazem na privada. Nenhum recebe remuneração, até pq nem há lucro, mas são cooptados através de anúncios em redes sociais como Orkut, em que há promessas de que aquela experiência servirá para que "olheiros de grandes rádios" o contratem...
Não vejo nenhum site de rádio se aprofundar no assunto dessa forma, mas é bom que saibam que, muito além dos desafios citados no texto, ainda que as rádios convencionais tenham um trabalho exemplar na internet e pratiquem a convergência pra valer, a realidade acima é o que será encontrada por muitas... quantas irão topar isso?
Como o internauta leigo poderá diferenciar o conteúdo profissional em relação ao conteúdo amador feito por quem, por ventura, tentar omitir sua condição real para não perder oportunidade de obter lucro?
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