terça-feira, 8 de abril de 2008

A derrota do bom senso

Sou daqueles que acha que o humor não tem limites. Usando o bom senso, dá pra falar sobre qualquer assunto num programa de humor, seja no rádio ou na TV. Até religião.

Desde 2001 tenho o meu espaço semanal numa web-rádio para falar minhas meia-dúzia de besteiras e críticas bem humoradas. Faço o que chamo de "humor família". O programa pode ser ouvido por qualquer pessoa, junto com a família... sem sustos, vergonha alheia ou necessidade de tampar o ouvido dos mais novos.

Minha principal referência é o programa Pânico, da Jovem Pan, que ouço há cerca de 10 anos. Mas raras vezes ouvi o bom senso ser tão mal tratado quanto hoje, numa fala só, proferida por Christian Pior (ou Evandro Santo, sua persona física). O entrevistado era Marcelo Rezende, jornalista que é referência quando se fala em jornalismo policial e investigativo. A pauta era o já tão explorado "caso Isabella".

Nada contra o Pânico abordar assuntos sérios. Um programa de humor não vive somente de graça 365 dias por ano. É muito interessante quando o clima é quebrado dessa maneira, tratando um assunto sério num lugar e numa hora em que essa não é a atitude de praxe.

Rezende fala de um desdobramento do caso quando Amanda diz: "Que medo!". Evandro (ou Christian) emendou: "É legal... parece Agatha Christie!".

Não, senhor Christian Pior (ou Evandro Santo). Não é Agatha Christie. É a realidade. Aconteceu com uma criança, que, de repente, poderia até gostar do seu personagem e assistir ao programa do qual participa na TV. Aconteceu, de verdade, com uma família. Com certeza, por mais realistas que pareçam as páginas de Agatha Christie, nelas não existe tanta dor e sofrimento como existe na vida real dessa família. Independente da verdade, que deve aparecer em breve, aposto que não existe uma pessoa sequer, envolvida ou não, que não esteja sofrendo.

Já basta a falta de bom senso presente na mídia. A Band e o UOL colocaram à disposição do telespectador e internauta imagens da família andando em um supermercado momentos antes da tragédia. O que isso tem a acrescentar ao caso? Isso é tão desnecessário quanto mórbido. Uma mistura de CSI e BBB. É sigla demais pra minha cabeça...

4 comentários:

Rodney Brocanelli disse...

A Amanda é uma criança e o Evandro Santo é um futil. Não dá para levar essa dupla a sério.

Marcos Lauro disse...

Concordo, Rodney. Mas se alguém tem um personagem fútil, que entenda a situação e se adapte a ela ficando calado ou colocando um pouquinho que seja de conteúdo nas falas.

Anônimo disse...

1- O pânico decaiu bastante nessa nova fase em que o programa do rádio virou assim um resto do programa via tv. Bom mesmo era o pânico da época de Emilio, Bola, Ceará, Japa e Marvius ..

2- "Desde 2001 tenho o meu espaço semanal numa web-rádio para falar minhas meia-dúzia de besteiras" .. qual rádio e em qual horário, marcão?
Marlon

Marcos Lauro disse...

Marlon, cê me pegou bem num período de transição. Meu programa está indo para a Rádio UOL... amanhã (sábado) você pode ouvir ainda pelo www.radiohype.com.br, às 20h (horário de Brasília).

Mais infos, durante a semana que vem.