segunda-feira, 18 de junho de 2007

E há ainda quem faça apologia ao fubá grosso....

Caro Marcos,

Antes de mandar a notícia, acho que devo me apresentar (mesmo porque acho que nunca escrevi para você e nem para ninguém do Radio Base). Mas já faz tempo que pelo menos isso me sentia na obrigação de dizer: sempre gostei de rádio e sempre quis trabalhar com rádio. Mas confesso que estou cada vez mais desanimado e decepcionado com a idéia por tudo que se tem assumido como padrão atualmente, sobretudo das rádios ditas "jovens". E tenho que dizer que vocês são exceção... e que a existência do blog dá até uma motivação pra continuar gostando de rádio, querendo discutir sobre rádio... e achar que o rádio "tem jeito" (por mais que rádios como a Brasil 2000 estejam capengando, Kiss FM cheia de jabá - mas essa aí é do Paulo Abreu... nem surpreende).

Mas vamos à notícia: é do blog da Magaly Prado.

89 FM VEM CRESCENDO NA GRANDE SÃO PAULO
Fui a Santos ontem e a 98 FM continua firme e forte no propósito de tocar o velho e bom rock. E seus ouvintes fiéis agradecem a chance. Aqui em São Paulo, a 89 FM, que por 20 anos dedicou sua programação ao rock, mudou de segmento musical em setembro do ano passado e resolveu centrar fogo no jovem, principalmente aquele entre 15 e 24 anos, que ouve de tudo um pouco.

É fácil imaginar. O ouvinte nascido entre 1983 e 1992, está acostumado a “baixar” músicas pela internet. Guarda em seus tocadores de mp3 apenas as músicas que mais gosta. Sua cultura musical está cada vez mais híbrida, e mistura duas faxias de um, três do outro, uma de um gênero, outra de outro, e vai mesclando os estilos. Não gosta só de rock. E, principalmente, por ser jovem, curte os sons mais badalados, os da moda.

Em 2006, a 89 deixou seus ouvintes cativos furiosos, inclusive deflagaram um movimento, o dos sem-rádio. Mas vem ganhando, cada vez mais, os ouvintes dessa nova geração. Essa que não compra música e que prefere ouvir tudo, sem preconceitos.

Texto distribuído essa semana pela assessoria da emissora aponta que:
“A 89 firma cada vez mais a sua posição como a rádio jovem qualificada que mais cresce no principal mercado brasileiro, a Grande São Paulo. Em pouco mais de um semestre, a audiência cresceu 108%.” Pedi os dados: Como não posso divulgar os números exatos, seguem aproximados: em setembro estavam com um pouquinho mais que 50 mil. Em maio, passaram um pouco mais de 100 mil. A audiência mais que dobrou.

“E se analisarmos todos os principais targets jovens, o crescimento também é muito expressivo, chegando a 110% no perfil mulheres da classe AB, entre 15 e 24 anos. Em 15 dias, são mais de 1 milhão e 700 mil ouvintes ligados na 89”, considerando todos os dias nas 24h.

Só para frisar, a emissora possui audiência equilibrada de homens e mulheres, respectivamente 51% e 49%. O público que eles mais apostam, entre 15 a 24 anos, é formado por 46% da audiência, que ainda possui 30% entre 25 e 39, o que não deve ser deixado de lado, já que é um número expressivo e que anda debandando para a 107,3 (ex-Brasil 2000), que também cresce com essa mudança, recebendo com carinho essa faixa de público que continua gostando mais de rock do que de todos os outros gêneros juntos.

Em tempo: Venenosa FM estréia na cidade do Rio, dia 13 de julho, dia internacional do rock, e claro, dia do aniversário da minha filhota, Jackie, hehehehehe. Hummmmm.... muito bom!!!!


E é isso! Realmente uma beleza essas rádios como a 89... para o público jovem antenado e sem preconceitos!!!!

Já faz tempo que não sou entusiasta da 89 porque de "velho e bom rock" a rádio já não tinha nada há algum tempo. Assim como a 98 de Santos também não tem! Mas associar o modelo jovem-clone-pop atual como rádio para público sem preconceitos (desconsiderando a existência de todasas outras rádios destinadas ao mesmo público que não tem o menor diferencial) é forçar demais!!!

Abraços,
Anderson Bernardo
Santos - SP

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Pois é, Anderson, nunca vi tanta explicação pra justificar o injustificável. A 89 FM, que já era ruim na época da "radirroque", ficou pior ainda. Nem o pessoal que curte dance music, ou música black de verdade, gosta muito dela, o que dirá os novos ou velhor roqueiros? A impressão que dá é que nem a Magaly acredita no que ela mesmo escreveu. E depois avisa que Venenosa estréia no dia 13 de julho no Rio. O que é que a cueca tem a ver com as calças, hein, gente? Será que ela quis dizer que a 89 é quase uma versão paulista da Venenosa? Não que a emissora lá do Rio seja estas coisas, mas aí querer comparar a 89/Band com ela já é forçar demais, né, teacher?

E esse papo de "parcela jovem que ouve vários estilos além do rock" é que está ouvindo a 89, só pode ser chute. E bem longe do gol. Onde está a diversidade em misturar Britney Spears, Beyonce, linking Park e NX Zero? Chamar tudo isso de lixo é ofender quem trbalha com reciclagem do dito cujo, hehehehehe. Ainda se misturasse Def Leppard, Earth, Wind and Fire, Fellini, Crow, Heights & Affair, Kaiser Chiefs, Foo Fighters, Tom Zé, Frank Zappa, Maddona, Racionais MC's, Legião Urbana, Funkacid, Charlie Brown Jr, Gretchen, Câmbio Negro, Garotos Podres, Mob, Fatboy Slim, Lenine, Nação Zumbi, Mestre Ambrósio, Rádio de Outono, Franz Ferdinand e outros malditos e malucos que têm por aí, a gente até poderia falar: "pô, os caras estão tocando o que a molecada já ouve nos Ipod, meu!! a 89 está ligada". Mas nem de longe isso acontece lá ou em qualquer outra "radiajovem".

Se os editores da Rádio Base se juntarem pra fazer uma rádio pop de verdade, vai ser muito melhor que esse monte de baranga radiofônica que pulula no dial paulistano. Imagina então se for uma meia dúzia de leitores deste blog a fazê-lo. Não sei se vai ter audiência, mas que vai ficar legal, isso vai.

Mas até esse dia chegar, vai rolar muito ruído por debaixo do dial do FM. Na década de 80, o pessoal dizia: "não gosta de FM, desliga o rádio". Eu não chegaria a tal ponto, mas hoje a gente pode até dizer: "não gosta de rádio? Compra um ipod e baixa seu podcast do computador. Não tem computador? Vai numa lan house e baixa de lá". Mas como a gente acredita que ainda pode haver vida inteligente nas rádios pops, não vamos aconselhar isso.

Acho que nem é culpa do diretor da rádio que, apesar tudo, é um cara esforçado e batalhador, segundo nosso Marcos Lauro. Mas não creio que ele não tenha coragem - ou bagagem cultural musical suficiente - de chegar pro patrão dele e dizer: " olha, a gente só aumentou quantidade de audiência, não a qualidade dela. Esse pessoal ouve a gente hoje, amanhã volta pra Jovem Pan, Metropolitana. È uma turma infiel. É preferível pegar um público um pouco mais politizado, mas bem informado, consciente, exigente, logo menor, mas que é um público cativo, que não sai da sua cola. Consequentemente, muito mais interessante para o nosso anunciante, pois pára para ouvir o que ele tem a dizer".

Em suma: enquanto o dono da 89 achar que ouvido da molecada é pinico, a bosta vai continuar flutuando no mar das FMs jovens. Afinal, este instituto que faz a tal pesquisa de audiência mede apenas a quantidade, não a qualidade e o gosto musical de quem ouve. E o dono da 89, Grupo Bandeirantes de Comunicação, sabe disso, mas parece que finge não lembrar deste importante detalhe.

Um abraço, Anderson, e fique na sintonia.

6 comentários:

Anônimo disse...

Pois é amigos, tá difícil ouvir Rock de verdade no Rádio hoje em dia. Como sou carioca, ouso lembrar da antiga Fluminense FM (mas daquela antiga mesmo!) que tocava o melhor do Rock And Roll. Passei várias tardes depois da escola (hoje já estou próximo dos 40!) só ouvindo a Maldita. Bons tempos.

Muito tempo depois do falecimento da Flu, a Rádio Cidade (RJ) esboçou trazer o Rock de volta, mas ficou só na fachada e acabou restrito a um programa de 2h chamado Cidade do Rock. Hoje, a locutora (que tirava onda de rockeira) trabalha (feliz da vida) tocando o lixo da programação dita "popular" (Pagodão, Sertanejo e Kellys Keys da vida).

Por falar em Venenosa, assim que soube de sua existência fui ouvir pela internet. Para minha surpresa ouvi coisa boa, tipo Led Zeppelin, Ozzy, Rush entre vários outros...Me pareceu ser uma boa "promessa".

Pra finalizar, tem uma coisa que me incomoda muito: porque os locutores de rádios jovens tem de se fazer de idiotas? Não estou dizendo que são, mas que parecem,parecem...Tenho um filho adolescente que acha os locutores de uma rádio jovem da cidade onde moro completos imbecis fazendo piadinhas totalmente sem graça. Chega a ser constrangedor. Só pra deixar claro: não tenho nada contra os locutores. Afinal, sabem qual é a minha profissão? Radialista...

Anônimo disse...

"Em suma: enquanto o dono da 89 achar que ouvido da molecada é pinico, a bosta vai continuar flutuando no mar das FMs jovens. Afinal, este instituto que faz a tal pesquisa de audiência mede apenas a quantidade, não a qualidade e o gosto musical de quem ouve."

Sinceramente, o dono da 89 nem está preocupado com isso. Ele está mais preocupado é com o faturamento no final do mês.
E dono de rádio é assim mesmo! E dono de televisão é assim também!
Infelizmente... Dificilmente a gente vai ver aqui no Brasil em FM uma cultura igual a do pessoal gringo da Woxy (www.woxy.com), por exemplo. Vejam que esquema bacana que essa rádio na internet tem. Ela tem até um canal de clássicos. Vc pode optar: ouvir clássicos ou novidades. Outro dia botaram um TOP 500 das músicas mais relevantes do rock moderno de todos os tempos. Me fala alguma rádio daqui que faria isso? Isso mostra que a internet é a solução para quem quer ouvir uma programação diferenciada.

Abraços

Anônimo disse...

Olha, Daniel, sem querer te contradizer, já te contradizendo, a Kiss SP vira e mexe faz "As 500 mais da Kiss", com as músicas mais relevantes do rock. Eu sei que há uma certa má vontade, e com razão, para com a emissora do seu Paulo Abreu, mas é a melhor alternativa de rádio jovem que temos no momento aqui em São Paulo, certo?

Anônimo disse...

Pois é Marcos... vc chegou no maior problema das rádiasjovem: essa audiência "infiel". Tá tudo cada vez mais imediatista (na direção, e todo mundo sabe que não é da noite pro dia que você se constrói nada!

Pra mim, audiência fiel em rádio tem relação direta com a imagem que a rádio tem pro público... e isso pra mim é coisa de longo prazo.
E tem exemplos de que isso funciona! É só ver a Eldorado... tudo bem que ela anda meio no "samba do crioulo doido" ultimamente, e que até na comunidade dela no Orkut algumas pessoas falavam que ouviam muita música que não gostavam na Eldorado por causa dos locutores. Os locutores, as vinhetas, os programas, a história... tudo isso conta pra construir uma rádio forte. E na Eldorado dá certo. Por mais que a programação musical tenha hoje seus tropeços tem (muitos) anunciantes e consegue sobreviver sem ter que copiar a rádio do momento... e mesmo com audiência pau a pau com a Brasil 2000 (a 107.3 nos dias atuais, longe de ser aquela Brasil 2000 que, pra mim, é a rádio que chegou mais perto do "ideal").

Um projeto de rádio é de longo prazo... e essa quantidade toda de audiência não representa nada a longo prazo. O problema é alguém conseguir manter um projeto de longo prazo numa rádio comercial. Nem na Brasil 2000, que oficialmente é educativa, o Maia conseguiu! Imagina um cara vindo da Metropolitana em mais uma rádio da Bandeirantes.

Em tempo: valeu por publicar o meu e-mail!!!
Só uma coisa: não sou de Santos, sou de São Paulo. Eu não falei no e-mail!
Abçs!!

Anônimo disse...

Sim, Marcos... Eu sei disso. A Kiss faz as 500 do chamado "Classic Rock", com aquelas velhas canções batidas de sempre. Diferentemente, a Woxy faz as 500 do "Modern Rock", onde pode ser colocado um som relevante de dois anos atrás, por exemplo.
Na lista da Woxy tem Violent Femmes, Radiohead, Nine Inch Nails, Sonic Youth, Fugazi, Jeff Burckley, Smashing Pumpkins, Flaming Lips, Primal Scream...

A descrição do canal vintage diz tudo: "adventurous, innovative and influential music".
Ah se tivesse uma FM assim no Brasil...

Sinceramente, eu nem gosto da Kiss FM. Pode até ser uma melhor alternativa para alguns, mas para mim é como se não fosse alternativa nenhuma, pois é uma rádio gagá. Toca aquelas velhas músicas batidas de sempre e o jabá de músicas novas, como foi até colocado aqui no Rádio Base. Me desculpe quem gosta da Kiss, mas pra mim é uma péssima rádio.
É essa velha questão do gosto de cada um...

Abraço

Anônimo disse...

ops...errata: "... não fosse alternativa alguma".

eita pressa de escrever.