Jovem Pan, a maior rede via satélite do Brasil
Por Marcos Ribeiro
A Rádio Jovem Pan entrou duas vezes para a história das comunicações do Brasil pela porta da frente. Na década de 60, recriou o rádio AM, que perdia espaço para a televisão, ao inventar uma programação voltada para o jornalismo “prestação de serviço”, dando ênfase ao dia-a-dia e aos problemas da capital paulista, numa época em que a Imprensa tinha pouca liberdade de expressão. Na década de 80, sua irmã mais nova, a Jovem Pan 2, reinventou totalmente a linguagem do FM, dominado por uma locução sóbria e de certa forma sisuda, adaptando o famoso estilo jovem da Rádio Cidade carioca para São Paulo. Com isto a emissora conquistou a faixa jovem dos ouvintes, que passou a ser cobiçado pelo mercado. Foi um feito e tanto. Numa época em que nem ao menos se pensava em segmentação de programação, a Jovem Pan manteve-se firme e forte, virou sinônimo de rádio para a juventude, apesar da concorrência, que queria a todo custo tirar-lhe a liderança e o prestígio da audiência.
A década de 90 trouxe novas perspectivas para a radiodifusão. A segmentação começou a se tornar uma tendência mundial irreversível, as redes de rádio surgem no Brasil e novas tecnologias juntando a informática a comunicação iniciam seus domínios sobre o cotidiano da indústria, do comércio, dos serviços e da vida da população. A Rádio Jovem Pan chega aos seus 50 anos, com clara intenção de expandir seus negócios e sua marca, tendo o rádio como o principal carro-chefe. E em 1994 criou a Rede Jovem Pan Sat.
Apesar de ter demorado um pouco mais para formar suas redes do que a concorrência, a empresa comandada por Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, formou sua cadeia de afiliadas. “Hoje a Rede Jovem Pan FM possui 48 emissoras. A Jovem Pan AM tem oitenta. Somos hoje a maior rede de rádio via satélite do País”, informa Calil Bassit, diretor da Jovem Pan Sat. A exemplo de outras empresas, as duas redes obedecem a perfis distintos. Jovem Pan AM é voltada para o jornalismo e o esporte. A rede FM baseia sua programação para o público jovem, tal qual sempre fez a Jovem Pan 2 FM. “Para as emissoras que queiram retransmitir a programação da rede FM, nós colocamos à disposição um estúdio 24 horas por dia para esse fim. Há emissoras que preferem usar o espaço que destinamos ao horário local para gerar um playlist e programas próprios, geralmente no período da manhã e também à noite. Eles podem optar por este procedimento, desde que esta programação obedeça ao formato de nossa rede e respeite o perfil musical da Jovem Pan FM. Quando é assim, nós fornecemos as músicas e as enviamos às afiliadas diariamente. Com isso fica caracterizado o perfil da emissora porque o público é muito fiel ao tipo de programação da Pan. Se não fizermos desta forma, a audiência reclama. Fora isso, as afiliadas possuem horários de retransmissão obrigatória para programas que veiculamos via satélite, como é o caso do ‘Jornal da Manhã’ e do ‘Pânico’”, explica Bassit.
A escolha de quem vai fazer parte da rede FM geralmente é feita pela própria Jovem Pan. Segundo Bassit, com exceção de Natal, Campo Grande e Cuiabá, a rede já possui emissoras nos lugares que eles mesmos escolhem. “Também atendemos emissoras de outras praças que nos procuram e geralmente fechamos acordo, como é o caso da empresa Novo Nordeste, de Arapiraca, no interior de Alagoas, de uma emissora em São José do Rio Preto, de outra que fica em Criciúma, em Santa Catarina e Teófilo Otoni, no Norte de Minas Gerais. Em breve, todas elas estarão conosco”, comemora o diretor da Jovem Pan Sat.
Mesmo mantendo um tipo de programação para FM, a Jovem Pan não encontra dificuldades para a comercialização da rede. O estúdio da Jovem Pan de São Paulo é separado do da rede. Apenas nos programas via satélite é que os dois trabalham conectados um ao outro. “Montamos a parte técnica desta forma porque há uma diferença muito grande entre a grade comercial da praça de São Paulo para as demais. Uma anúncio de 30 segundos na Jovem Pan paulistana custa cerca de R$ 1.000 em média. Temos afiliadas em cidades pequenas cujo mesmo anúncio sai por 50, 40, 30, até 20 reais. Ou seja, em São Paulo toca-se mais música e tem menos comerciais e nas demais o espaço para publicidade é maior”, informa o diretor da rede.
A Jovem Pan tem uma preocupação constante com a formatação de sua programação musical para que ela seja homogênea. Para tanto eles lançam mão de todo tipo de levantamento para saber o que o ouvinte quer ouvir: telefones 0800, emails, cartas, promoções pela rádio e pela internet, etc. “O público alvo que buscamos atingir é interessado em cultura pop e numa programação voltada para esse segmento. E são as pesquisas que dizem que ele rejeita outros tipos de atração que não estejam exatamente neste perfil, como transmissão esportiva, por exemplo. E este tipo de programação nós procuramos abrir para as afiliadas da AM”, analisa Bassit.
“Graças a esses cuidados todos estamos nos primeiros lugares de audiência e faturamento de várias praças, inclusive nas principais capitais brasileiras”, conclui Bassit, revelando que a Jovem Pan deseja montar uma terceira rede, voltada para o público adulto. “Existe um projeto para isso. Fizemos uma experiência há alguns anos que foi bem sucedida. O que precisamos no momento é de uma estação aqui em São Paulo que sirva de ‘cabeça de rede’ para que possamos usá-la como ‘show room’, a fim de atrair interesse de possíveis parceiros interessados em suprir essa demanda”.
3 comentários:
O último parágrafo desse texto é bem esclarecedor: realmente a Jovem Pan procura uma frequência e quer montar a sua Classic Pan aqui em SP, para depois expndí-la em rede, conforme dito aqui há muito tempo atrás.
Só um erro a ser mencionado: a rádio que trouxe o estilo da Rádio Cidade para São Paulo foi a Manchete FM 91,3 e não a Jovem Pan. Tem uma matéria da Veja de 84 que diz que a Jovem Pan copiou o estilo de vinhetas e locutores de rádios como Cidade e Manchete. A Manchete do RJ copiou o estilo da Cidade no Rio, e como a programaçãso da "rede" era padronizada, trouxe o estilo para São Paulo.
Alguns pontos sobre a Jovem Pan:
1. Haviam 48 emissoras da rede na data da reportagem, hoje (2014) são 60 (ou algo próximo disso).
2. O estúdio rede não funciona 24h por dia, durante o jornal da manhã, morning show, pânico e nas madrugadas (0h ás 6h) a rede fica "engatada" com SP.
3. A programação se SP se perde a cada dia, já são 7:30h de programação diária do FM retransmitindo a Jovem Pan AM, e amargando a 17ª colocação no IBOPE em SP, no pouco tempo de programação musical a rádio não tem uma programação bem estruturada, baseando-se em repetições sem fim do "Uma atrás da Outra".
4. A equipe da Jovem Pan FM fica cada vez menor, saem diversos profissionais em não entra ninguém, a rádio já não conta mais com locutor no horário entre 0h e 6h.
5. A programação está atrasada e não conta com a maior parte das novidades que tocam na programação das emissoras concorrentes.
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