Rádio Rock, a Credibilidade está no nome - parte final
Por Marcos Ribeiro
Acompanhe a segunda e última parte da entrevista de José Camargo Júnior, da Rede Rádio Rock - 89 FM, a esta série de reportagens da Rádio Base.
Quando isso acontece, facilita a vida de vocês?
Com certeza. Quando em determinada praça há uma filiada em 89,1 ou vírgula 3, vírgula 5, ou qualquer freqüência parecida, é muito mais fácil porque podemos fazer a mesmas vinhetas e chamadas para São Paulo e para estas praças. Vou citar um exemplo: quando vem um artista fazer uma vinheta aqui na rádio, ele tem de fazer duas, 3 ou quatro versões com “89 FM, a Rádio Rock”, “Cidade, a Rádio Rock”, “98 FM a Rádio Rock” e por aí vai. Quando ele vai na Jovem Pan, ele grava uma vinheta para a rede toda, porque todas se chamam Jovem Pan. Não chega a ser um grande empecilho, mas que facilita bastante o nosso serviço, isso facilita.
Esse não é o fator principal para uma emissora fazer parte da rede, é?
Não. O que olhamos primeiro é o interesse de ter determinada praça em nossa rede. Nem sempre é interessante ter uma cidade pequena ou mesmo uma capital com uma afiliada nossa, mas, de repente, a região em que ela está nos interessa comercialmente. É muito caso a caso. Às vezes uma emissora nos procura, às vezes a gente procura parceiros em uma determinada região como foi o caso de Brasília – cujo nosso sócio também é dono da 89 FM a Nativa FM de Goiânia. Não existe uma regra única.
E no caso específico da Rádio Cidade que já teve uma rede de rádio? Essa rede continua afiliada agora a vocês?
Não. O Sistema JB só possui agora duas emissoras: a JB FM, que é uma emissora própria, e a Rádio Cidade, que é nossa afiliada no Rio. Fora essas, eles não tem mais nenhuma emissora. O que é uma pena porque o JB foi um grupo de comunicação forte no passado.
Como funciona o comando da Rede Rádio Rock?
Hoje nós estamos fazendo uma experiência nova: temos dois coordenadores artísticos. Um focado mais na programação musical e outro focado mais em produção, humor, jornalismo, etc. Isto é muito comum nos Estados Unidos. Lá as emissoras possuem o diretor de programação, que cuida só da programação musical e dos horários da programação, e o diretor artístico que cuida de todo o resto. E claro que um pode opinar na parte referente ao outro, compartilham opiniões e tal, mas cada um dá a palavra final sobre os assuntos do seu departamento.
Qual é o público alvo da Rede Rádio Rock?
É a faixa jovem de 15 a 29 anos, da classe AB, 55% masculino. Esse é o nosso target principal.
Esse perfil é semelhante ao das emissoras neste segmento. No entanto, vocês trabalham mais com uma programação voltada ao rock, ao contrário das outras que tem um “playlist” mais aberto. Isso não caba restringindo a audiência de vocês?
É claro que sim. Concordo plenamente. Só que a foi uma opção que a gente fez desde o começo da 89, há 20 anos, quando ninguém nem falava em segmentação e a gente já o era sem saber. Isso acaba sendo o nosso maior patrimônio e ao mesmo tempo é o nosso “calcanhar de Aquiles”. Então a gente tenta ser o mais abrangente dentro do nosso segmento. As outras redes podem tocam dance, axé, brega, ou qualquer outro gênero. A gente toca só rock e tudo aquilo que se encaixe no gênero. Apesar de tudo, esse perfil acaba trazendo muita credibilidade para as nossa rede. Quase todos esses grandes shows de rock que acontecem em São Paulo, por exemplo, são da 89 FM. E isso se deve ao respeito que os promotores do evento têm pelo nosso trabalho. Promovemos shows desde bandas de heavy metal tradicionais, como Judas Priest, até artistas de pop rock atuais, como Avril Lavigne. Às vezes me perguntam se a 89, por exemplo, tocasse dance music se teria audiência. Eu digo até que teria, mas não teríamos tanto respeito e a credibilidade que temos.
Se vocês mudassem de estilo sempre, correriam o risco de trocar uma audiência fiel por uma audiência mais volúvel.
Pois é. Às vezes você acaba virando mais uma do balaio igual aos outros. Então tocar rock hoje pode ser um grande limitador, porém é o grande diferencial nosso. É preciso lembrar que o Rock, por ser um estilo bem abrangente, é mais do que um gênero musical. É conceito, é atitude, é até filosofia de vida. E é isso que passamos para o pessoal que gosta do gênero e também para aqueles que não gostam.
Como vocês trabalham esse segmento do Rock nas outras cidades?
Nós respeitamos o gosto do ouvinte de cada praça, como citei no caso do Rio de Janeiro. Alguns artistas que tem a cara do ouvinte de lá, nem sempre são identificados pelos ouvintes da 89 FM e vice-versa.
Há um mercado que é um tanto quanto difícil para as redes que estão sediadas em São Paulo, que é a região Sul. Vocês têm interesse de entrar nesse mercado e também no Nordeste?
A gente tem muita dificuldade de entrar no Sul do país por causa da Rede Atlântida (RBS) e de outras redes regionais. A RBS acaba dominando 70% do mercado de rádio na região. Mas nós temos interesse de entrar lá, sim.
A Rede Bandeirantes, que é parceira de vocês em outras emissoras, possui uma rádio neste segmento lá em Porto Alegre......
Nós estamos conversando com ele há um bom tempo. E há interesse de ambas as partes. Não há um acordo definido, nem nada, ainda. Mas estamos conversando com eles e com outras emissoras da região, que fazem parte da Rede Bandeirantes.
E no Nordeste?
A gente tem interesse de chegar lá também. Mas, por enquanto, resolvemos nos concentrar no Sul e no Sudeste. Já tivemos uma emissora em Recife fazendo parte de nossa rede, mas o dono a vendeu e o novo proprietário não teve interesse de continuar conosco. É claro que se formos procurados por algum interessado daquela região, podemos sentar e conversar.
Um comentário:
Corrigindo o entrevistado, diretor da Rede Rádio Rock, a afiliada que possuiam no Nordeste não era em Recife, mas sim em Fortaleza. Era a 102 A Rádio Rock.
UMBERTO - Campinas
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