quinta-feira, 18 de setembro de 2003

"...descobriram que carioca não gosta do sotaque paulista..."

Essa frase me chamou a atenção nos comentários sobre a programação da Rádio Globo Brasil. Demontra um bairrismo detestável, um sentimento que deveria ser banido.

O problema nem é tanto o fato de apresentadores de um lugar ou de outro entrarem na seara alheia. A questão é uma só: o rádio não nasceu para ser rede, pelo menos aqui no Brasil. Pode ser que na Europa, isso seja possível, mas não no Bananão, por uma série de motivos que não preciso analisar a fundo.

O que eu acho mais engraçado é que ninguém reclamava quando, na década de 70, a TV Globo impunha o sotaque carioca para outras regiões. Recuando mais no tempo, ninguém chiava quando a Rádio nacional era uma força no Nordeste brasileiro.

Se hoje o futebol carioca tem admiradores em estados como Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte,e ntre outros, isso se deve a penetração do sinal na emissora naquela região. E disso, ninguém reclama. Não quero aqui defender que São Paulo deve ser a cabeça de rede da Globo Brasil. Só penso que deveria ser mantido o que já vinha dando certo há muito tempo, que é a regionalização. De nacionalização já basta a tv.

E antes de encerrar, devo lembrar aos leitores que um dos comunicadores da Globo-SP era o João Ferreira, que fez carreira como repórter esportivo no rádio do Rio de Janeiro. Lembro de que minha falecida avó era sua ouvinte assídua. Ou seja, nós ouvintes paulistanos não temos preconceito de qualquer espécie.

Abraços
Rodney Brocanelli
http://onzenet.blogspot.com


É Rodney, essa história de "cada macaco no seu galho" que você apregoa, não é bem o que pensa nossos leitores que vivem fora de São Paulo. Pelos dois anos em que fazemos este blog deu para perceber que eles gostam de acompanhar o que acontece no rádio fora de suas cidades, principalmente no Rio e em São Paulo.

A maioria não é tão "localista" assim. Eles concordam que deve haver redes nacionais - há dezenas de redes regionais por aí - mas deve se abrir um grande espaço para a programação local.

Ao contrário do que você diz, redes de tv como Band, Record e SBT dedicam grande parte do seu tempo à programação regional, muitas vezes até mesmo no horário nobre e nos fins de semana. É que a gente acha que a Globo é o único exemplo de rede de televisão.

Não temos ainda nenhuma rede de rádio nacional de rádio, pelo menos não como gostaria o nosso imaginário, calcado no "mau exemplo" na emissora de Tv da família Marinho. Mas devo ressaltar que a Jovem Pan e a Bandeirantes usam este trunfo com inteligência, interferindo o mínimo possível nas programações regionais. Eles só transmitem em rede o essencial.

Na verdade, eles descobriram que não adianta querer meter uma rede nacional se não há anunciantes de rádio nacionais. Ou pelo menos os nossos colegas publicitários acham que isso não existe. E como é que existe para TV? Acho que tem é gente com preguiça de viabilizar isso.

Sem anunciante que aproveite a força do rádio para falar com o país de uma só vez, não há rede de rádio e ponto. O Sistema Globo de Rádio - CBN inclusa - insiste no erro da maioria: veicula programação nacional para anunciantes locais, em detrimento de atrações locais. O programa é gerado no Rio, mas seus 6, 7 anunciantes da filial de Londrina são locais. Aí, sim que o rádio tem aspecto local porque é de se supor que estes anunciantes prefiram anunciar em uma atração da cidade.

Mas não é que esse assunto carece de algum publicitário ou diretor comercial esclarecer o que acontece com as redes? Me parece ser um problema muito mais comercial do que de conteúdo, não acha?

Nenhum comentário: