O ano de 2016 vai ser marcado indubitavelmente como o mais agitado no campo da política brasileira nos últimos tempos. Com uma presidente cassada, um presidente da Câmara deposto e preso, um líder do governo no Senado que passou o réveillon na cadeia, e um megaprocesso judicial que está revolucionando a forma de punir àqueles que assaltaram o erário e apontado que é preciso acabar com a impunidade de uma vez por todas, o brasileira ainda teve de assistir na volta do feriado à prisão de dois ex-governadores do estado que já foi o mais importante política e culturalmente do país.
As prisões de Anthony Garotinho e Sérgio Cabral Filho suscitaram no jornalismo radiofônico de São Paulo – o mais concorrido e mais atuante do país, diga-se de passagem – uma guerra por melhor informar a sua audiência.
As tradicionais @RBandeirantes e @portaljovempan estabeleceram nas últimas temporadas um “segundo horário nobre da informação”, em detrimento dos já nem tão atraentes programas esportivos do fim de tarde.
Tais fatos comprovam que em época de crise como a atual cresce no Rádio a demanda por informações que ajude o ouvinte a entender a crise. Nas basta apenas informar e pouco opinar sobre o que está acontecendo (o chamado “hard news” ou o “factual”) como infelizmente faz a @cbnoficial atualmente. É preciso ir bem mais além.
A exemplo das duas emissoras “veteranas”, a @radioestadao têm lançado mão da grande equipe de repórteres, colunistas, articulistas e correspondentes do jornal “O Estado de São Paulo” e da poderosa Agência Estado para participar e reforçar a sua programação. Sem ter uma poderosa mídia impressa que lhe dê tamanho respaldo, a Pan trouxe para seu elenco alguns profissionais de imprensa para atuarem como analistas e comentaristas.
A Rádio Bandeirantes não fez muito diferente de sua “arquirrival” e tenta a todo instante superar seus concorrentes também. Um exemplo disso foi a ampliação do programa vespertino “Bastidores do Poder”, agora com duas horas de duração e a participação de Thaís Freitas e Fábio Panunzzio, que vem se esmerando em trazer ao microfone a opinião de jornalistas, cientistas políticos e intelectuais, que expliquem ao seu ouvinte a origem dos tempos conturbados que vivemos hoje.
Um exemplo disso foi a sensacional entrevista feita com o jornalista Ancelmo Gois (http://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/), um dos principais colunistas do jornal “O Globo”, do Rio de Janeiro. No trecho do áudio abaixo, (que também pode ser ouvido no podcast do programa no site da Rádio Bandeirantes) Alcelmo diz que a crise político-financeira por qual passa aquele estado vem do tempo em que a sua principal cidade era a capital do país, desde os tempos coloniais. “O Rio foi a capital federal durante muito tempo. Isso trouxe muitas verbas para grandes obras na cidade. Ao mesmo tempo, o Rio acabou criando hábitos arcaicos e perniciosos. Os 'males' que se atribui à Brasília são vividos aqui de modo muito intenso. Todos os efeitos da velha política deixaram uma herança por aqui também”, diz o colunista.
Entretanto, ao contrário do que se possa parecer, não é uma guerra por alguns "pontos nos rankings de audiência" a qualquer custo. Com erros e acertos, essa luta por "corações e mentes" dos ouvintes vem beneficiando e estes. Nos chamados "horário nobres do rádio" - início da manhã e fim de tarde - há um verdadeiro congestionamento de colunistas e analistas tentando explicar à sua audiência os "mistérios da política e da economia" e os "bastidores do poder". Que bom para o Rádio.
Um comentário:
Muito bom esse tipo de análise sobre o meio rádio. Bom ver o veículo se preocupando com o conteúdo e que isso se reflete em ganhos para o ouvinte.
Apesar de me considerar um 'RB maníaco', nesta batalha de fim de tarde acabo optando pela Pan, com o muito bom Pingo nos Is.
Quanto a CBN, concordo com o autor do texto. A emissora precisa se posicionar, pois essa comportamento (supostamente) imparcial é muito superficial para os dias de hoje que exigem análises. Independente de qual seja a linha editorial.
Abraços!
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