sábado, 24 de março de 2012

Por que a Mitsubishi FM fracassou e saiu do ar

Música e informação é o foco da Iguatemi PrimeDo Meio e Mensagem

Com a saída da montadora Mitsubishi como patrocinadora da rádio Mit FM, no 92,5, no último dia 6 de março, a emissora voltou aos direitos da Rede Mundial, que logo colocou no ar a Iguatemi Prime, com o slogan “A rádio do seu tempo”. Desde o início percebe-se a mudança do perfil da emissora, antes a Mit, apesar de não se auto-intitular assim, tinha o rock como música predominante. Hoje, a Iguatemi Prime aposta em músicas flashback e mais atuais para atrair outro público.

“Mudamos o estilo da rádio, é outra rádio”, explica Cíntia Alvarenga, diretora-geral da emissora. Segundo ela, a rádio, que ainda está sendo construída, foca o público adulto com mais de 25 anos. “Sentimos falta no mercado de uma rádio que mescle entretenimento com informação de qualidade, e é isso que vamos fazer”, complementa. De acordo com o diretor comercial Eduardo Alvarenga a contratação de uma pessoa importante do meio jornalístico (de rádio e televisão), para comandar o conteúdo da emissora, deve ser anunciada em breve.

“Não adianta o locutor ler as informações para o ouvinte. Informação tem em qualquer lugar, nosso foco é a informação com qualidade. O jornalista vai apresentar os fatos, dar opiniões, fazer questionamentos...”, conta Alvarenga. Durante a programação musical serão inseridos programetes de serviço como dicas de viagem, situação da economia e outros.

Um programa que, muito provavelmente será transmitido na parte da manhã, terá entrevistados com destaque na mídia para debater assuntos que não serão necessariamente da sua área de atuação. “Quando as pessoas estão indo trabalhar de manhã tem que optar ou por uma rádio que só passe informação, ou uma que só tenha entretenimento. Vamos preencher esse espaço com informação, opinião e debate, e com músicas durante o programa”, conta. O conteúdo jornalístico deve estrear na rádio em até dois meses.

Publicidade - Segundo o diretor comercial, apesar de o projeto da rádio ainda ser novo já existem marcas sendo cogitadas para patrocinar a emissora. Mas nega a possibilidade de uma rádio customizada ou naming rights. “Não vamos mudar o perfil da rádio por um patrocinador, mas o patrocínio máster é sempre importante”.

A medição no Ibope começa do zero, mas a emissora já trabalha com tabelas de preço para comercialização de espaços publicitários, assim como mídia kit e desenvolvimento de projetos especiais. A rádio prepara também o lançamento de seu logotipo, site, aplicativos para iPad, iPhone e Android para daqui um mês.

A Rede Muncial é composta pelas rádios Tupi FM (104,1) e AM (1150), Rádio Mundial FM (95,7) e AM (660), Terra FM (98,1) e AM (1330), Iguatemi AM (1370), Kiss FM (102,1) e Scalla, que está inoperante no momento.

-----------------------------------------

A nova emissora da Rede Mundial nasce com o mesmo problema da antiga rádio da montadora japonesa: falta de qualidade na programação musical. Mas, calma, vou explicar aqui qual o conceito de "qualidade", que aplicaremos a seguir. Afinal, não dá pra se analisar um véiculo como rádio apenas sob um aspecto. Então, observaremos os fatos sob a ótica donteúdo, que é basicamente que interessa ao caro leitor.

A ex-Mit FM tocava um playlist composto de "hits" do rádio dos anos 80 o que, cá pra nós, era simplesmente a "música de mercado" de então, mas de qualidade apenas razoável. Portanto, se este cancioneiro era de qualidade questionável - pra não dizer de gosto duvidoso - nos anos em que foi lançado originalmente porque haveria de ser considerada "música de qualidade" para um público adulto mais refinado de hoje em dia?

Era óbvio que a finada estação arrebanhava milhares de ouvintes saudosos do "hit parade" de outras eras, a exemplo de Alpha FM, JB FM e emissoras afins. Mas era apenas "música de mercado", repito. Não se ouvia na Mitsubishi FM lançamentos, novidades realmente marcantes, que mudariam os rumos da música pop internacional, ainda mais na área da música pop.

A ideia da Mit FM era, no papel, era com certeza muito interessante. O que não funcionou foi a realização. No que salve os programas semanais - sempre eles - o conteúdo era bom, subindo o nível de "qualidade" da emissora de um modo geral.

Houve também uma certo "estelionato radiofônico" por parte da Mit FM. Ela prometia ser uma rádio com conotação de uma "aventura automobilística" pelas ondas do rádio, como se o ouvinte estivesse em um enduro a bordo de um dos seus veículos.

Pode ser que para os usuários da Mitsubishi isso fosse verdade. Mas, e para os detentores de autos de outras marcas marca? E a audiência que possui moto, bicicleta, ou que andam apenas de transporte coletivo? A maioria deles não se identificou com o mote proposto. Afinal, se a programação prometia "aventura", "ousadia", "irreverência", entregava apenas hits mornos de priscas eras em sua "cortina musical", que em nada refletia a proposta. Talvez tenha faltado pessoas que realmente entendessem de materializar este conceito.

Outra falha que saltava aos olhos era de que não havia, pelo menos não me recordo, uma divulgação da marca na programação de forma efetiva, na prática, fora dos estúdios. Por Exemplo: A Mitsubishi promove um dos campeonatos automobilísticos mais concorridos do país. Não existia uma divulgação efetiva por parte da emissora. Teria sido legal que uma equipe de esportes que acompanhasse par e passo tudo que acontecesse nessa categoria, inclusive com transmissões das provas e programas especiais ao vivo. Se isto ocorreu, não houve uma percepção do público em geral.

Com tudo isso, o ouvinte teve uma ideia "equivocada" da rádio. Achou que era algo parecido com as estações "adultas contemporâneas" do dial e embarcou e começou a tratá-la assim. Falha da execução do projeto.

Por este motivo não houve grandiosas manifestações por parte da audiência cativa tentando impedir que a rádio saísse do ar. Faltou cumplicidade entre a rádio e seu ouvinte. Se a crise foi o carga da bomba que detonou a Mit FM, a situação da rádio perante os "clientes" foi o detonador. Melhor sorte da próxima vez.

Agora, com a Mitsubishi FM finalmente sepultada, os 94,1 trabalha com os restos mortais de sua antecessora. A princípio, este analista achou que talvez eles trabalhassem com uma determinada marca "Prime", possivelmente do Bradesco, o que não seria má ideia. Possivelmente, se eles conseguissem "vender" o conceito de que o ouvinte também possa ser um cliente "prime" da hipotética empresa mantenedora, teria reais chances de dar certo, a exemeplo do que ocorre com a Sulamérica Trânsito FM. Ao menos seria um bom argumento para se investir de verdade na qualidade da programação.

De qualquer maneira, acho cedo para dizer que as rádios customizadas não deram certo. A ideia, em tese, é boa, inclusive comercialmente. A forma como é concebida e executada é que é o problema. Mas deixo esta análise para outra ocasião.

Espero que, com naming rights ou com programação própria, a Rádio "Prime" seja bem sucedida. Se isto não vier a ocorrer, temo que os 92,5 MHz acabe virando mais uma rádio de aluguel para alguma denominação religiosa de reputação não tão ilibada. Aí sim, será o pior do mundos no Rádio.

4 comentários:

Marcelo Moraes disse...

Naming Rights, não apelido rights. O carro é Mitsubishi e não um Mit.

E para conseguir extrair o máximo de um carro, seja ele bom ou não, é preciso saber dirigir (administrar). Cantar pneu, dar arrancada, freiada brusca, cavalo de pau, etc é atração, mas estraga o veículo antes da hora.

Mas a pergunta era sobre porque a Rádio não foi bem...

Adapte-se então o comentário!

Andréa Fonseca Martins disse...

Discordo em grande parte do artigo. No que se refere à empreitada comercial da montadora, se a rádio conseguiu reverter resultados institucionais ou em vendas, ótimo. Se não, então a decisão mais racional a tomar é tirá-la do ar. Do ponto de vista da programação, creio que o que muitos "especialistas" em rádio ainda não notaram é que a audiência adulta também muda frequentemente, assim como a jovem, o que abre espaço à segmentação - algo muito explorado pelas emissoras do grupo Mundial. Entretanto, deve-se observar que os adultos de hoje, acima dos 40 anos, já são de uma época em que já se segmentava a programação. A Pool FM, mais tarde transformada em 89 fm - a rádio rock, atenderam a uma parcela dos jovens dos anos 80 e 90 que não se contentava mais com as músicas que tocavam nas novelas e se tornavam grandes hits nas rádios - que de forma geral, tocavam a mesma coisa. Com a transformação da programação da 89, hoje Fast 89, os ouvintes da antiga rádio ficaram órfãos e até a chegada da Mitsubichi se sentiram assim. Com sua extinção o sentimento retornou. E novo espaço se abre para novas rádios que queiram seguir aquele perfil, rock. A Kiss, embora siga a "mesma" linha, não tem a mesma pegada. E a nova Iguatemi Prime é muito chata! Pra quê ouvi-la se podemos sintonizar a Antena 1, que é igualzinha e mais tradicional. Lamento que a Mitsubichi não fosse apenas uma rádio segmentada desvinculada do custeio exclusivo de sua montadora-financiadora. Talvez se assim não fosse, pudéssemos continuar tendo uma opção aos Restars, cines, blacks e tops das paradas.

Gabi disse...

Bom, para mim e tenho certeza que para a maior parte dos ouvintes da Mit ainda não ficou claro o motivo de sua saída... O que para mim fica claro é que a mídia quer acabar com o Rock in Roll de raíz e persiste em tentar nos empurrar as "músicas" (que para mim nada mais passa de barulho) de baixa qualidade...
O artigo enrolou, enrolou e não respondeu nada! Essa rádio Iguatemi não tem nada a ver, eu jamais recomendaria a alguém... E lá se vai mais uma rádio de qualidade, assim como foi a 89 - Rádio Rock!

Wagner disse...

Artigo fraco em conteúdo, sem essência. De fato, a explicação não convence. Qual a questão de se querer saber quais as músicas pop de momento? Será que TODAS as rádios devem querer atingir o mesmo público? Tenho 29 anos, já há algum tempo, só ouço classic rock. A Mitsubishi FM atendia plenamente meus desejos, assim como a muitos que tem meu perfil. A explicação vaga sobre o fechamento do canal só faz entender que deixar de noticiar os hits do momento são comercialmente ($$$) desinteressantes. Quem sabem, um dia, a exemplo do que fez a saudosa Radio Rock (89 FM), A Mit entenda que há muito além de cifras na conquista de verdadeiros seguidores de um bom canal de comunicação.

Wagner
wagnermz.83@gmail.com