E incrível o poder que as algumas pessoas possuem em desqualificar o esforço legítimo de emissoras, como a Jovem Pan, em preservar o seu direito de informar e de ter opinião. Parece não se conformarem quando alguém se levanta contra o "status quo" e diz que o querido e amado "futebol", assunto que eles dizem lhe ser tão caro, está mais podre e desorganizado do que conseguimos saber por meio da Imprensa. A partir daí, começam a inventar "brigas imaginárias" entre o "contestador" e o "dono da bola". Enfim, isso é democracia. Mas vamos entender o por quê das posições tomadas pela Jovem Pan. O BLOG RÁDIO BASE se solidariza com esta postura da Rádio Jovem Pan, em defesa dos direitos do torcedor ao espetáculo e à informação, muito embora esse espaço não seja dedicado ao futebol e sim, ao Rádio.
O autor do texto abaixo diz que há por parte da Jovem Pan "excesso perigoso ao querer atingir a Globo e incentivar o Poder Público agir sobre uma relação privada ou um contrato estabelecido entre duas partes legítimas." Há de se supor que ele esteja falando da Rede Globo e a Federação Paulista de Futebol. O que ele esquece de dizer que não é um simples contrato que rege essa relação. Um espetáculo de qualquer espécie franqueado ao público, por meio de ingresso pago ou não, não é um simples "evento privado". Há as leis trabalhistas, o estatuto do torcedor e porque não, o Código de Defesa do Consumidor, que no caso do futebol, regulam a atividade. Estes dois últimos instrumentos da lei citados há pouco são sistematicamente desrespeitados pelas instituições do futebol, como diz os meios de comunicação. Nesses casos o Ministério Público tem de fiscalizar, sim.
Ele (o autor do texto) reclama que a Jovem Pan em vez de concentrar a questão no âmbito privado, até mesmo estimulando um debate aberto e democrático para a melhoria de transporte, segurança, além de tantos outros, está provocando a interferência de pessoas que só querem tirar proveito da situação porque é ano de eleição. É bom salientar que a Jovem Pan é a única emissora em São Paulo que efetivamente promove esse debate no âmbito do futebol, sugerido pelo autor do texto. As outras é que, estranhamente, se calam ou nem ao menos se levantam para rebatê-la, o que é uma pena. Mesmo assim, não são raros os profissionais mais conscientes dessas mesmas emissoras que apoiam o ponto de vista da Pan em suas tribunas, ainda que em caráter pessoal.
No final, o autor causa estranhamento ao leitor quando diz que mudar o horário dos jogos não vai diminuir a briga de torcida. Então gostaria de saber dele por que um contigente enorme de policiais militares, pagos com o nosso dinheiro, é colocado dentro dos estádios - que segundo ele mesmo é um local "privado" - para fazer segurança e não consegue evitar esses confrontos? Por que eles não estão na rua cumprindo o seu dever de garantir a ordem pública? E por que as promotoras dos jogos não contratam segurança particular? Realmente, se este tipo de problema não é para ser questionado e investigado pelo Ministério Público, para que existe Imprensa?Ppara dizer amém a tudo que os organizadores esporte decidem fazer?
Comparar o Brasil com o que acontece lá fora é louvável. Mas em jornalismo é sempre bom se tomar muito cuidado. Como bem sabe o caro leitor, o jornalismo praticado em cada lugar, ainda que seja em países livres e desenvolvidos, varia muito. É um questão intimamente ligada à cultura de cada lugar.
Não é a Pan que quer o renascimento da Censura, e sim, os organizadores do evento. Afinal, o que acontece numa coletiva? Todos os repórteres sentadinhos ficam à espera do que vão falar o técnico e um jogador escolhido pelo clube. Dessa forma, fica mais fácil saber e "controlar" o que o atleta vai dizer ou não. Digamos que é até um "direito" do clube usar esse "procedimento" para preservar sua imagem. Também é um direito - e dever - do profissional de jornalismo concordar ou não com ele, sempre se lembrando que a sua obrigação é informar a verdade a seu leitor ou ouvinte.
No campo e no vestiário há 200 repórteres entrevistando todos os jogadores. Cabe ao repórter unicamente escolher aquele que ache mais significativo entrevista naquele momento. Isso é um direito e um dever do jornalista. Não há a "tutela" da direção do clube dessa forma. O jogador é livre para expressar sua opinião, longe dos olhos de seus patrões. Isso é querer o renascimento da Censura?
De fato, as coletivas depois dos jogos organizaram e muito a "logística" do futebol e até o trabalho da Imprensa. Mas até que ponto ganhou-se na qualidade da informação? É bom salientar que o rádio é um veículo "instantâneo", que pega o que está acontecendo "no ato", sobretudo quando fala de esporte. Pode reparar que as melhores entrevistas durante a partida são aquelas feitas justamente no campo, quando os jogadores estão entrando ou saindo dele. Elas passam ao ouvinte a "temperatura" da partida e como estão os ânimos dos protagonistas; Em outros esportes coletivos, é corriqueiro o jornalista pegar algumas rápidas palavras do treinador à beira da quadra. Como disse, é da tradição do jornalismo esportivo praticado no Brasil, até mesmo pela emissora de tv aberta que transmite o Campeonato Paulista. Pelo que me lembre só no Brasil os repórteres ficam atrás do gol, durante a partida, o que é a coisa mais óbvia do mundo. É bem verdade que em competições internacionais não é possível esta liberdade toda, por problemas que vão além do futebol muitas vezes. Mas também não garante que o jornalista trabalhe melhor porque está num ambiente mais "asséptico". Afinal, o assunto acontece "lá fora" no campo.
Enfim, o papel da Imprensa, sobretudo de uma rádio como a Jovem Pan é esse: questionar, confrontar, inquirir, contestar, opinar, debater, ouvir, arguir, não se conformar com o "senso comum" ao perceber que coisas erradas estão acontecendo e cobrar das instituições do Estado que fiscalize tudo o que for do interesse de seu ouvinte. O autor se equivoca mais uma vez quando diz que "quem deseja assistir ao futebol vai porque quer". Não é bem assim que funciona. O torcedor no estádio faz parte do espetáculo. A partir do momento em que ele se dispôs a sair de casa para prestigiar um jogo, tem de ser respeitado, sim, tem de ter bons lugares, tem de ter banheiro, lugar para estacionar seu carro, acesso fácil ao transporte público, segurança, limpeza e muitos outros itens que 99% dos estádios de futebol NÃO OFERECEM. E se é dessa forma, a Pan tem que botar a boca no trombone, tem que cobrar atitude do poder público e exigir providências. Tem de fazer porta-voz do seu ouvinte que, se depender de certos "amantes do futebol", que preferem apenas badalar o "dono" da bola, vão morrer à míngua.
Um comentário:
muito bom esse texto, o Flávio Ricco só sabe falar mal de tudo e de todos, nada pra ele serve, é só acompanhar a coluna diária dele no Uol Televisão...tudo, absolutamente tudo ele critica
alias quem é ele pra ficar criticando uma rádio ou tv?? qual a contribuição dele pra esses veiculos de comunicação?? creio que seja zero.
a JP tá mais que certa em defender o ouvinte e por consequência o direito sagrado a informação que a Globo/Band e a FPF querem tirar a todo custo
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