quinta-feira, 16 de abril de 2009

Lan house é ponto estratégico para atingir classes C, D e E

Do site Propaganda e Marketing

As lan houses foram consideradas como pontos estratégicos para as marcas interessadas em atingir as classes C, D e E. É o que mostra relatório desenvolvido pela A Ponte Estratégia, consultoria de marketing especializada na baixa renda, em periferias de diferentes capitais do País. Os dados mostram que esses estabelecimentos funcionam como ponto de encontro real e virtual dos jovens nas periferias, que buscam trabalhar, estudar e se comunicar por meio da Internet, por um preço acessível. Estima-se que existam 44 mil lan houses no Brasil. No Rio de Janeiro, existem cerca de 150 delas no Complexo do Alemão, cerca de 100 na Rocinha e cerca de 90 na Cidade de Deus. No Heliópolis, em São Paulo, são 30.

A consultoria também apontou que faltam patrocínios a eventos populares e que as pessoas dessas classes sociais freqüentam somente baladas próximas de suas casas, pois não são em todos os lugares que existe transporte público. Os relatórios de observação sobre a Nova Classe Média Brasileira - que no Brasil corresponde a camada que ganha entre R$ 1.115 e R$ 4.807 por mês (cerca de 100 milhões de pessoas ou 53,8% da população) - foram divididos pelos temas “O que eu acho bonito” (São Paulo e Rio de Janeiro), “Lanhouse” (São Paulo), “Beleza” (São Paulo), “Baladas” (Recife) e “Baladas” (Salvador e São Paulo).

No relatório “O que eu acho bonito”, por exemplo, foi constatado que a maioria dos pesquisados está cansada de se submeter aos atuais padrões de beleza e reclamou a falta de negros e pardos na comunicação brasileira. A pesquisa também mostrou a preferencia pelo colorido e o grafite, pelo estilo hip hop e o street wear. “Não adianta uma empresa de cosméticos fazer um comercial com a Gisele Bündchen, por exemplo, se para eles o ideal de beleza é a Thaís Araújo”, afirma André Torretta, sócio-fundador da A Ponte Estratégia.

Entre as propagandas, os entrevistados têm como referências marcas com as quais tem mais contato, como as de cerveja, varejo e telefonia. Também destacaram-se as campanhas que utilizam fotos de moda (marcas de preço baixo) que apostam no estilo descolado e colorido.

“Hoje, a maioria das empresas encontra problemas quando querem atravessar a última fronteira econômica. Por isso, estes relatórios de observação ajudam a derrubar mitos, expõem a falta de conhecimento das empresas sobre o Brasil e revelam diferenças fundamentais que separam o topo e a base da pirâmide. O conhecimento da realidade dos consumidores de menor poder aquisitivo pode gerar bons negócios para as empresas. O sucesso é criar projetos adequados às características dos consumidores locais”, explica Torretta.

Diferentemente dos institutos de pesquisa, que levam os entrevistados para escritórios e desenvolve as tradicionais pesquisas de opinião qualitativas ou quantitativas, a A Ponte Estratégia vai onde a baixa renda está para desenvolver os seus relatórios. Faz isso por meio dos “antenas”, pessoas das próprias periferias que são recrutadas e treinadas pela consultoria. Munidas com uma máquina fotográfica e de filmagem digital, registram a realidade do cotidiano. Hoje, são cerca de 150 antenas espalhados pelas periferias de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. “As pessoas da base da pirâmide tendem a ver com desconfiança abordagens feitas por desconhecidos, dificultando a obtenção de dados confiáveis sobre seu universo”, explica Torretta.

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