Desde que a Globo AM, CBN AM. Bandeirantes Am e Record AM de São Paulo, caíram na besteira de testar o sistema IBOC - que o Ministério das Comunicações quer empurrar goela abiaxo dos radiodifusores - a coisa só tem piorado. Como se não bastasse a dificuldade de se ouvir esta faixa de onda em vários lugares, os ouvintes cada vez menos numerosos do Am tem que aguentar o péssimo som que é transmistido por esse ridículo sistema digital.
Se o sinal da rádio fosse transmitido por telefone do estúdio para o tansmissor, seria de altíssima fidelidade, perto desta merda digital. Eu quero saber qual "engenheiro-de- obra-feita" vai me convencer que o som digital no receptor digital é coisa de outro mundo, que é um som melhor do que Cd e sei lá o quê mais. Ora, se o som é ruim no sistema analógico, como é que ele pode ser ótimo num sistema mais avançado? È o mesmo que dizer que o arroz tá uma papa, o feijão mal cozido, mas o assado de filé mignon está "di-vi-no". Se o arroz e o feijão são ruins, vai querer me dizer que o prato principal é divino? Vai beijar a tromba do elefante, vai escalar o pescoço da girafa, mas não me vem com esta pataguada ridícula, não. Está na hora de testar outro sistema - como o europeu, por exemplo.
Certa vez, fui entrevistar um diretor de uma grande rede. À certa altura da conversa perguntei-lhe sobre o sistema digital. Ele disse que era lindo, maravilhoso, que servia pra AM, FM e não sei mais o quê. Indaguei se ele já tinha ouvido este sistema de transmissão. E ele me saiu com essa.
"Ouvir, eu ainda não ouvi. Mas o dono da emissora foi a uma feira de radiodifusão na Europa e disse que o sistema é muito bom." Tive que conter o riso porque me lembrei de um certo apresentador e dono de tevê, que comprava os filmes e não via. "Mas a minha filha nº1 viu e gostou. Minha filha nº 2 viu e gostou. As faxineiras deste canal viam na hora do almoço e também gostaram. Os outros funcionários assistiram ao filme é ele é muito bom. Eu não vi, mas pode assistir porque é muuuito bom", tentava convencer esse empresário em uma de suas atrações.
Mas isso nem é o mais importante. Se este sistema feito nas pernas permancer, quem garante que o governo vai abrir o espaço para mais emissoras. E se a Globo quiser ficar com todos os canais de sua frquência? O pessoal que já está aí terá direito a outros canais? A faixa de AM, assim como a de FM comportam atualmente cerca de 100 estações uma ao lado da outra. Como não dá para ficar uma junto a outra, esse número cai para 50 canais. Vai a 25, se lemabramos que o AM precisa dar espaço para emissoras de cidades menores que Às vezes coupam a mesma frequência.
Com o novo sistema caberão no dial pelo menos 100 emissoras sossegadamente, dizem os desfensores do IBOC, sem a emissora interferir ou sofrer interferência da vizinha. Se os concessionários atuais tiverem direito a esses canais novos, não haverá abrtura para novas emissoras, penso eu. Nem a Assembléia Legislativa terá sua tão sonhada rádio AM.
É preciso ficar em cima desta questão. Parece que tudo está sendo feito para beneficiar "os amigos do poder". Independentemente do sisteam a ser adotado, o rádio digital tem que democratizar as ondas hertzianas. Bom mesmo seria do modo como funciona nos EUA: o interessado entra numa concorrência, se ele tiver competência técnica, ganha a autorização do funcionamento. Eu disse autorização e não concessão. A escolha dos permissionários é baseado em critérios absolutamente técnicos. Sem contar as normas próprias que proíbem, por exemplo, um jornal ou revista ser proprietária também de uma rádio e um canal de tevê na mesma cidade. Na Europa, abriu-se o monopólio das rádio e tevês públicas e algumas emissoras particulares se instalaram. No entanto, a RAI e BBC mantém suas audiências e seus prestígios com altos índices.
OS dois modelos adotados para veículos de comunicação são bons. No Brasil, para variar, ficou tudo distorcido. Nem é pricado como nos EUA, nem é público com alguma coisa particular como no Velho Mundo. Aqui as concessões são dadas a bel prazer de quem detém o poder. Nem oa menos se preocupam em saber se o pretendente é do ramo de rádio e tevê. Os critérios são outros e isto está todo mundo cansado de saber. Nós, profissionais de rádio e ouvintes temos que ficar no pé do poder público para que eles não sculhambem com o sistema digital, tal como fizeram com o rádio analógico. E tem que começar por esta porcaria de IBOC, que é uma merda de som. Ou fazemos isso, ou o rádio vai perder espaço para internet, este sim, um espaço livre e altamente democrático. E o fim da parceria rádio-internet pode ser desastroso para o rádio.
3 comentários:
Por morar no interior ainda não tive a oportunidade de ouvir transmissões digitais no AM, mas compartilho da opinião de que essa história do rádio digital já começou mal aqui no Brasil. Pelo visto, o Rádio (digital ou não), vai continuar nas mãos de políticos, Igrejas e picaretas em geral.
Em relação à internet, o espaço ainda está livre e democrático, como você disse, mas pelo que pude apurar essa liberdade não deve durar muito. Conversando com um representante do ECAD percebi que a ganância do órgão está mirando nas webrádios e seus representantes já estão correndo atrás do prejuízo. Consultei o órgão dizendo que gostaria de montar uma webrádio e queria saber qual valor deveria ser pago à entidade pelos direitos autorais. Seria cerca de R$1.800,00 mensais. Ou seja, o mesmo valor que uma rádio convencional paga.
Argumentei que não havia uma legislação direcionada à webrádios, mas ele contra-argumentou dizendo que a legislação existente se aplicava a qualquer meio, qualquer veículo. Enfim, com esse valor, será impossível ter uma rádio online (à excessão dos próprios donos de emissoras que já detém o poder financeiro e político para arcar com esse custo).
Pelo visto, o espaço que ainda pode ser desbravado pelas rádios online já está começando a ser loteado e, como sempre, os verdadeiros profissionais do Rádio, correm o risco de ficar de fora desse "condomínio". Torço para que a web se mantenha democrática, mas essa palavra não é vista com bons olhos por aqueles que fazem as leis em nosso país. PS.: Não sou contra o pagamento de direitos autorais, desde que feito de forma clara e honesta.
Isso mesmo, Marcelo. O ECAD já está cobrando. E o mais "legal" da história é que a cobrança é feita por cada site que transmite o áudio, ou seja, se você tiver uma rede de sites parceiros que reproduzem o seu player, você paga por cada um deles.
Já li por aí também que podcasts estariam incluídos nessa "caçada" do ECAD.
Ah, só uma dica. É possível negociar um valor menor (cerca de R$ 500) dizendo que a rádio não tem fins lucrativos. Para isso, o site não pode ter nenhum tipo de propaganda ou banner comercial.
Ou seja, abaixa a porta e fecha a lojinha.
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