O Rodney colocou abaixo o trecho de um livro e eu, coincidentemente, estava preparando esse tipo de material para colocar aqui também.
Na pesquisa que estou realizando para fazer o meu TCC, tenho de ler alguns livros que conceituam o que é lazer e discorrem sobre políticas públicas e privadas de educação.
Terminei hoje o "Lazer e Educação Permanente: Tempos, Espaços, Políticas e Atividades de Educação Permanente e do Lazer", do historiador e filósofo italiano Ettore Gelpi. No capítulo em que ele apresenta um estudo sobre como o brasileiro ocupa o seu tempo de lazer, achei algumas informações que se referem ao ano de 1977:
Em relação às formas correntes da cultura que, com muita propriedade, se denomina cultura urbana, o cinema é uma das formas de lazer mais procurada, mesmo em se tratando das classes menos favorecidas. O Brasil produziu em 1977, 73 filmes de longa metragem e, em contrapartida, importou 421: 35,9% da Itália, 26,6 dos Estados Unidos, 9,5 % da França, 8,8% da Inglaterra, 3,3% do Japão, 1,7% da Alemanha e 14,2% de outros países. O cinema faz do Brasil um dos maiores mercados do mundo não só em razão da densidade de sua população, mas também pela preferência do gosto popular. Existiam em 1977, 3.156 salas de projeção, perfazendo um total de 17.328 lugares, com um total anual de 208.300.00 de ingressos vendidos. Existiam ainda, 17 cinemas drive-in e 22 ambulantes, o que representa em seu total 15,7 assentos para cada 1.000 habitantes. O teatro, ao contrário, sempre foi considerado uma atividade intelectual; além disso, o preço inacessível dos ingressos é outro fator que contribui para a sua não-popularização ou não-popularidade. Já o rádio, por seu preço acessível e pela ausência de sofisticação técnica, é ainda o veículo de maior penetração e o mais democrático dos meios de difusão e de união cultural entre os centros rurais e urbanos. Em 1977, havia 128 receptores para cada 1.000 habitantes. A influência da televisão é também marcante no lazer brasileiro, porém, mais nas zonas urbanas do que rurais; contavam-se nesse mesmo ano de 1977, 98 aparelhos de televisão para cada 1.000 habitantes, 60% dos quais estavam concentrados em São Paulo, no Rio de Janeiro e nas demais capitais.
Quanta coisa mudou, não?
Saber que em 1977 o cinema italiano dominava as salas brasileiras com 151 filmes (!!) contra 111 dos Estados Unidos e 73 brasileiros foi uma surpresa.
Deixo os comentários e os pensamentos mais aprofundados para os conhecedores da causa. A única coisa que sei desse período do cinema brasileiro é que despontava a pornochanchada. Em 1977 estava em produção um dos maiores clássicos do gênero, "O Bem Dotado, O Homem de Itu", com Nuno Leal Maia e Consuelo Leandro.
Confira aqui uma entrevista bastante direta sobre o filme e o movimento, entre outras coisas, com o próprio Nuno, publicada na revista VIP.
Já em relação ao rádio, percebemos que a TV já aparecia como forte rival na preferência popular. Já sabemos quem ganha essa briga, poucos anos depois...
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