sábado, 22 de setembro de 2007

Quando o debate pega fogo no rádio

Engana-se quem acha que o rádio nordestino vive apenas de tocar Axé outros gêneros de gostos duvidosos. É comum em algumas grandes capitais da região atrações que tenham como foco principal o debate político.

É o caso do "Correio Debate", programa que vai ao ar de segunda a sexta, do meio dia às 3 da tarde, pela Rádio Correio 98 FM, de João Pessoa. Nesta radiorrevista, os apresentadores Rui Dantas e Gutemberg Cardoso "administram" um verdadeiro tiroteio de reportagens policiais, críticas ao poder público local, denúncias e reclamações de ouvintes e entrevistas de celebridades políticas da Paraíba.

Como se não bastasse, a ousadia radiofônica vai ao ar em uma rede de 25 emissoras retransmissoras no Estado, via satélite, o que é pouco comum em termos de Brasil. Mesmo por vezes resvalando no limiar entre o proselitismo político e a responsabilidade da informação, o "Debate" ao menos garante o mais raro na radiodifusão nacional: a liberdade de expressão de quem não detém um veículo de comunicação eletrônico.

No fundo, é preciso ser muito macho para sustentar um programa com esse grau de politização. A maioria das grandes emissoras de rádio do Sul do País não têm a coragem de fazê-lo. Não com a veemência e sinceridade típica do cidadão nordestino. O mais impressionante de tudo é que esse modelo de programa, se é que podemos chamá-lo assim, é copiado por emissoras menores do interior, ao menos na Paraíba, o que é salutar do meu ponto de vista. O melhor de tudo é que, além de liderar a audiência, o programa da Correio FM possui uma grande clientela de anunciantes e patrocinadores, o que é um grande feito, em se tratando de um programa jornalístico não-esportivo. E ainda por cima, parece ter resolvido a questão dos comerciais que devem entrar em rede e os locais. Nem a Jovem Pan, nem a Bandeirantes, nem a CBN, nem a Mix conseguiram resolver este problema satisfatoriamente, pelo que a gente têm conhecimento.

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