Pedro J. Bondaczuk (*)
Do Portal Comunique-se
O rádio campineiro, embora raramente seja mencionado nas páginas de Artes e Variedades dos dois jornais diários da cidade (o Correio Popular e o Diário do Povo), tem prestado relevantes serviços a essa metrópole regional do interior paulista e tem revelado, sobretudo, excelentes profissionais para as emissoras da Capital.
Tive a honra e o privilégio de atuar nesse meio, embora com breve passagem, no início dos anos 80, ocasião em que aprendi muito, fiz sólidas amizades e busquei, dentro das minhas limitações, prestar um bom serviço à coletividade. Quanto aos resultados...não sou eu que posso julgar. Nem sei se vale a pena esse julgamento.
Estas considerações vêm a propósito de dar uma satisfação pública às pessoas cá de Campinas, leitoras dos meus textos aqui, no Comunique-se, que me abordam na rua para perguntar porque resolvi mudar de atividade. Simples! Porque num determinado momento se tornou impossível conciliar rádio e jornal, simultaneamente. E minha opção de vida, que encaro como missão, sempre foi a mídia impressa. Vai daí...
Já que toquei no assunto, nesse nosso bate-papo semanal com jornalistas e estudantes de jornalismo de todo o País que muito me gratifica, quero dar testemunho sobre os excelentes profissionais com que tive a chance de conviver e de trabalhar. Se esquecer de algum, que me perdoe, já que a memória às vezes cisma de dar mancadas homéricas.
Atuei, nos anos de 1981 e 1982, na Rádio Educadora (atual Band Campinas). Além do prestígio da emissora, merecido, dado o seu pioneirismo e dada a qualidade da sua programação, convivi com jornalistas, produtores, programadores, locutores, repórteres, comentaristas e técnicos notáveis.
Uma dessas figuras inesquecíveis, por exemplo, foi Pereira Esmeriz. Outra foi o meu chefe no Correio Popular, Edmur Soares, que também integrava a equipe da Rádio Educadora, onde produzia um programa de debates, semanal, que era campeão de audiência. Na ocasião, meu comandante e amigo de todas as horas, boas e más, foi o jornalista e radialista Paulo Roberto Machado, que se destacou como âncora nos primeiros anos de funcionamento da EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas.
Um amigo que jamais poderia omitir, em minhas reminiscências sobre o rádio campineiro (trabalhei, também, em emissoras da Capital e do ABC), é o narrador esportivo Pereira Neto que – desculpem o chavão, mas neste caso é oportuno, por ser verdadeiro – é como o vinho: quanto mais envelhece, melhor fica.
Grande profissional e amigo! Como o são, também, (e no caso dos falecidos, foram) Mário Celso, Brasil de Oliveira (que já morreu), Renato Leal, Alair Bellinmi, Pedro Azevedo, Baltazar Junior, Milton Benfica Junior (igualmente falecido), Antonio Piaia, Ari Costa, a Lucinha da Discoteca, Bambuzinho, Jota Junior (que atualmente é vereador na cidade), a saudosa apresentadora Míriam Lane (que teve morte trágica, em São Paulo, quando trabalhava na Jovem Pan), o Pablo Toledo e tantos e tantos outros astros e estrelas, que brilharam e brilham no firmamento das minhas lembranças. Todos sob o comando seguro e cordial de João Pinheiro.
Tempos bons, estes de rádio, que, infelizmente, dadas as circunstâncias, jamais poderão ser repetidos. Mas o campineiro está muito bem servido nesse aspecto. E não apenas com a ex-Educadora (que ainda ostenta esse nome na FM), mas com a Brasil, a CBN Campinas, a Cultura (emissoras às quais tive a honra de conceder entrevistas em diferentes ocasiões), a Central e as demais AMs, além de todas as de Freqüência Modulada (se não me engano, dez ou doze emissoras).
É impossível fazer um destaque a qualquer uma delas, sem cometer injustiça. Cada uma delas conta com um diferencial, que a qualifica e credencia. Claro que por razões sentimentais, a antiga Educadora, atual Band Campinas, estará sempre no meu coração. A emissora foi um episódio marcante da minha vida, uma aula de jornalismo como poucas e que raros têm o privilégio que tive de freqüentar.
O paciente leitor do Comunique-se, certamente, está estranhando o fato de ter saído da minha rotina semanal para enveredar pela trilha das reminiscências. Mas esta é uma modestíssima homenagem que tenho a oportunidade de prestar a pessoas que, com talento e profissionalismo, fizeram e fazem do rádio campineiro aquilo que ele é: um dos melhores, se não o melhor, de todo o interior do País. Prova? A equipe de esportes da Band Campinas, comandada por Carlos Batista – que conta, também, com Sílvio Antonio, José Arnaldo, Edu Pinheiro, o ex-craque da Ponte Preta, Santos e Portuguesa, Dicá; Valdemir Gomes, Moacir Gomes, Marcos Luís, Júlio César Beraldo e André Aranha – conquistou o troféu Ford-Aceesp, como a melhor do interior do Estado de São Paulo em 2005. A esse grupo, que honra as tradições de qualidade do rádio campineiro, os meus cumprimentos, posto que tardios.
(*) Jornalista e escritor
Um comentário:
Uma Laser Fm no Brasil já era demais, agora duas?? Meu Deus salvem o rádio brasileiro enquanto ainda há tempo.
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