Prezado Editor,
Primeiro a Cidade, depois a 89... As tais "rádios rock" estão se dizimando. Vale lembrar, também, que a última remanescente das autênticas rádios de rock originais, a Ipanema FM (as outras, como sabemos, eram Estação Primeira, 97 e a nossa célebre Flu) prioriza o ecletismo "descolado", ou seja, uma espécie de "alternativo de fachada", mais pro lado fashion. A Ipanema ultimamente toca reggae, hip-hop, techno, algum medalhão do rock, e, pasme, FUNK CARIOCA!! Tem até um nome gaúcho do "pancadão", uma tal de Tigrinha.
Quanto às rádios da segunda divisão como a 89 FM (que já chegou a ser uma Fluminense FM sem neurônios, um simpático vitrolão roqueiro que durou só até 1988), e seguidoras como a Cidade, só elas, consideradas "perseverantes", para assustar o pessoal. Na verdade, elas já não tinham o apoio de roqueiros autênticos faz muito tempo, e isso é crucial. De que adianta os jovens se acharem "os verdadeiros roqueiros" renegando a história do rock? Produtores da Cidade chegaram a espinafrar os clássicos do rock. Com esse rompimento, não dava para posar de "rádio rock" tocando figuras inofensivas tipo Avril Lavigne, Lenny Kravitz, Linkin Park e Guns N'Roses, curtidos até pelos ouvintes xiitas da Jovem Pan 2.
Essa fuga dos roqueiros autênticos, sejam os clássicos, sejam os da linha pós-punk (que é a formação minha e sua, que, adolescentes, curtimos o rock dos anos 80), sejam os bangers. Situações cômicas como a Rádio Cidade patrocinando bandas que seus produtores odeiam e cujos fãs odeiam a rádio eram comuns. Essa falta de entrosamento, aliás, muito pelo contrário, esse conflito entre os "roqueiros farofa" da 89 e Cidade e os roqueiros autênticos, em que pese a irritabilidade profunda dos primeiros, não conseguiu convencer o mercado. E por isso mesmo as ditas "rádios rock", que sempre tocavam algum pop na programação - ninguém se esqueça que o forte da Rádio Cidade durante muitos anos nem eram os australianos nem o metal, mas o pop ameno da linha de Cidade Negra, Skank e Pato Fu - , estão preferindo essa linha, numa época em que o rótulo de "vanguarda", segundo a grande mídia, está aparentemente associado a ritmos como o "funk carioca". E com os alternativos preferindo as gravações de MP3 na Internet, o radialismo rock ficou isolado no seu público pós-anos 90.
Ressurge a BIZZ, recolocando as informações musicais no lugar - no intuito de reverter a rejeição dos jovens aos referenciais pré-anos 90 - , que já reflete também na nova programação da MTV, e aí as "rádios rock" sofrem um verdadeiro colapso. Isso é sintomático. Elas queriam ser pop sem ser POP, e caíram em muitas contradições. O fim da programação roqueira da 89 FM e o exílio da Rádio Cidade na web, por isso mesmo, se tornam fatos mais dolorosos do que o fim da Fluminense FM ou da 97 Rock. Se bem que os danos são bem menores: tudo que a Rádio Cidade tocava de rock se compra com preço relativamente barato em qualquer loja de discos. Não havia raridade alguma. Já o que a Fluminense FM tocava chega até mesmo a faltar nos sebos, e, em certos casos (bandas como Weather Prophets, Rose Of Avalanche, Big Dish e as fitas-demo das bandas nacionais) nem chegaram a dar as caras sequer nas lojas de discos alternativas mais avançadas. Fica dado o recado. Abraço. (Alexandre Figueiredo, do Tributo ao Rádio do Rio de Janeiro)
Um comentário:
Gente, na boa! Tá ficando impossível de se ouvir QUALQUER rádio rock. Toca toda hora "You're Beaultiful", do James Blunt e aquela do Damien Rice (acho que é assim que se escreve), que a Ana Carolina regravou com o Seu Jorge, como se fossem os lançamentos mais Rock 'n' Roll de todos os tempos!
Como diria o Faccioli, da Record: ASSIM NÃO DÁ!
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