segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Tutinha na Trip

Na edição de número 135 da revista Trip, temos a presença de Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tutinha, na capa.
O foco da entrevista é o sucesso do programa Pânico no rádio e na TV, mas alguns trechos falam sobre seu histórico no rádio, jabá e pop-rock:


Sua inspiração para criar o Pânico na Jovem Pan foram os talk shows do radialista americano Howard Stern?
No começo dos anos 90, ele se destacava muito nos Estados Unidos. As rádios estavam sempre querendo comprar o ouvinte com prêmios, dando ingressos, camisetas, sorteando coisas. E o Howard fazia o contrário. Dizia para o ouvinte “ah, não enche o meu saco” ou “pô, toma vergonha e compra o ingresso!”. Ele quebrou paradigmas, assim como o Big Boy [DJ “malucão” dos anos 70]. Djalma Jorge, personagem que eu criei, também rompia com o comportamento dos locutores. E a idéia que tive pro Pânico era parar de puxar o saco do ouvinte, fazer perguntas para as pessoas que ninguém faria.

Então essa atitude já estava nos programas que você fazia na Jovem Pan na virada dos anos 70 para os 80, como o próprio Djalma Jorge Show?
De certa forma. E isso vem de antes até: quando tinha uns 17 anos, eu já fazia um personagem chamado Mike Nelson, bem nessa linha. Mas fiz o Djalma sempre com o Emílio [Surita, apresentador do Pânico na TV]. Ele é que é a cabeça do Pânico. Trabalha há quase 20 anos na Joven Pan, é praticamente doninho da rádio. Juntos, nós dois praticávamos essa coisa de falar besteira no ar. Muita coisa do Pânico na TV vem direto do Djalma Jorge, a locução em off do Emílio, por exemplo. Outro dia mesmo eu estava comentando com o Luciano Huck que aquilo é imbatível! O Emílio é um puta craque, trabalha pra burro, fica até as 3h da manhã editando. Sem desmerecer o talento do resto da equipe, ele é o maior responsável pelo sucesso do Pânico.

Como está a relação da rádio com as gravadoras agora, com elas em crise? Acabou o jabá?
Jabá não existe, pelo menos na minha rádio nunca existiu. Tudo é ação de marketing, feito com nota fiscal, pagando imposto de renda. Dou anúncio para as gravadoras, tudo certo. Mas hoje elas pararam de investir em música. A rádio se diversificou, vende cross media, tem um departamento grande de eventos. Mudou muito o negócio do rádio, já não é dependente de gravadora. A rigor, nunca foi. A gravadora era uma grana a mais que entrava. Hoje essa grana praticamente acabou.

E eles precisam mais de você hoje em dia?
Sem a Jovem Pan, não estoura música no público jovem AB. Se não tocar com a gente, não estoura. A não ser que entre em novela.

Como você avalia o pop rock brasileiro de hoje?
A música nacional de moleque hoje é muito ruim. CPM22, Charlie Brown, tudo cheio de palavrão, é horrível! Não tem mais poesia! Porra, assim a música brasileira vai pro saco. Quem vai querer ouvir “Zóio de Lula” [do Charlie Brown Jr.] daqui a dez anos? Isso é uma merda, eu sinceramente acho isso uma merda! É preciso fortalecer um movimento paralelo, com artistas como Vanessa da Mata, Luciana Mello, com mais delicadeza. E está cheio de jovem de classe AB ouvindo samba. O moleque não tem o preconceito que o radialista tem.


Infelizmente, ainda não comprei a revista para ler a entrevista na íntegra. Mas sendo uma figura folclórica como o Tutinha, acho que vale a pena.

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