Achei esse texto na página http://www.studiorj.ubbi.com.br/, uma web rádio que transmite em fase experimental. O texto é um pouco longo, mas acho que vale a pena lê-lo... quem sabe não tiramos alguma lição dele?
Meu nome é André Luís de Assis, sou cego das duas vistas e utilizo o computador através de programas que fazem o micro falar tudo que aparece na tela.Tenho como grandes paixões, o rádio e a Informática.
Aos 16 anos de idade, comecei a cursar o segundo Grau técnico em Processamento de Dados e assim comecei a desenvolver as aptidões que tenho numa área que como disse acima, é uma das minhas grandes paixões. Porém a outra, que era o rádio, tinha que me contentar em ser apenas ouvinte, me imaginando no lugar de algum daqueles locutores que ouvia.
Num domingo, ao ligar o rádio, num daqueles programas em que o ouvinte conversava com o locutor no ar, depois de ouvir a participação de um amigo, resolvi ligar também. Conversei com a locutora e, antes de entrarmos no ar, ela perguntou se eu gostaria de fazer locução, já que segundo ela eu levava jeito para isso. Fiquem feliz da vida, pois era algo que eu queria muito. Porém, pela proximidade da hora de entrar no ar, não pude conversar com ela melhor a esse respeito, nem mesmo sobre a possibilidade de eu ser locutor, sendo cego. passaram alguns instantes e então eu tive o meu primeiro contato com uma rádio, como ouvinte, mas também com bastante gente me ouvindo. Pedi uma música do Led Zeppelin, (banda de rock que eu curto muito) e o papo foi super legal. Eu estava super nervoso.
Passaram algumas semanas, numa madrugada em que eu estava sem sono, resolvi ligar para a mesma rádio, porém desta vez conversei com um locutor diferente. Como havia tempo, perguntei sobre a viabilidade de um cego ser locutor e ele só pôs obstáculos, tentando deixar bem claro que seria impossível.
Uns 3 dias depois, minha mãe comentou comigo ter lido uma reportagem no jornal a respeito de uma rádio que funcionava dentro da União dos cegos, aqui mesmo no Rio de Janeiro. Daí pensei:
Pera aí... Como aquele cara me falou que era impossível um cego ser locutor e agora me aparece uma reportagem de uma rádio feita só por cegos? Se mesmo com aquelas palavras do profissional eu sentia que era capaz e não pensava em desistir, agora a esperança era maior ainda.
Depois, na Internet, tive contato com um cara super legal chamado Beto Pereira, também cego é que era na época, locutor de uma rádio em Jundiaí, interior de São paulo, aqui no brasil mesmo. Aproveitei para conversar com ele sobre o assunto e ele me contou como fazia, como operava e as dificuldades que tentaram colocar no caminho dele também.
Um ano depois, descubro a possibilidade de receber uma bolsa integrau para fazer um curso de Lucução de Rádio. Daí, senti bem próximo uma grande chance, já que um dos motivos de não ter feito ainda até então um curso de locução era o preço do mesmo. Consegui, fiz o curso, estágio em uma rádio comunitária onde produzi e apresentei noticiário esportivo e agenda cultural.
Após terminar o curso, comecei a ouvir falar de pessoas que com micros em casa, criavam uma rádio e transmitiam pela Internet. Até então só pensei ser possível tendo acesso a algum servidor. comecei a correr atrás das informações, até que encontrei o amigo Roger de Curitiba, que também sempre sonhou em trabalhar em rádio. Ele já tinha alguns contatos, me passou dicas, alguns programinhas e hoje estamos, eu com a Studio-rj e ele com a Studio Curitiba, ambas em fase experimental.
Resolvo também contar essa história aqui, para deixar a experiência para todos, e o incentivo para que nunca desistam dos seus objetivos.
Um abraço de André Luís de Assis, nome artístico André Assis.
Para entrar em contato com o André Assis, seu e-mail é Andrecarioca2003@terra.com.br.
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