FMs piratas chegam ao quarto lugar de audiência em São Paulo
Laura Mattos, da Folha de São Paulo
As FMs ilegais atingiram o surpreendente quarto lugar de audiência na Grande São Paulo. Somadas, têm, em média, mais de 130 mil ouvintes por minuto, de acordo com o último relatório do Ibope (dezembro de 2003).
As estações sem autorização do governo para operar só perdem para a pagodeira Transcontinental (164,5 mil ouvintes), a popular Band FM (155,1 mil) e a sertaneja Tupi (149,4 mil). Abaixo dessas rádios, estão nada mais nada menos que 34 FMs consideradas pelo dial oficial do Ibope.
Batizadas na pesquisa de "outras FM", essas estações possuem mais do que o triplo de ouvintes da noticiosa CBN FM (37,4 mil), cinco vezes o ibope da roqueira Kiss (24,4 mil) e 15 vezes o da clássica Cultura FM (8,4 mil).
A escalada de audiência tem sido impressionante. Há dez anos, em 1994, as ilegais estavam em 23º lugar, só acima da Cultura FM, Brasil 2000 e Ômega. Era um quarto lugar também, mas com o ranking de "ponta-cabeça", contando do último para o primeiro.
Existem também as AMs ilegais. As "outras AM" estão fora do ranking das dez mais ouvidas, mas bem perto disso. Atingem o 12º lugar dentre as 27 estações listadas na medição do Ibope.
As piratas do AM, dial com menor número de ouvintes, são sintonizadas por 7,7 mil pessoas por minuto. É pouco diante da Globo AM (a primeira colocada, com 128,2 mil), porém mais do que os 6,5 mil da respeitada Eldorado.
A radical mudança na programação da Brasil 2000 FM, iniciada em setembro (quando Kid Vinil assumiu o comando artístico), por enquanto não teve reflexos no ranking de audiência do Ibope.
Na pesquisa anterior (que considera de setembro a novembro de 2003), a emissora estava em 30º lugar. Manteve essa mesma posição no novo relatório (de outubro a dezembro), com uma pequena queda no número absoluto de ouvintes (de 10.412 para 9.953).
Certamente migraram para a concorrência aqueles antes atraídos pelo esquema mais comercial. Resta saber se a nova Brasil 2000 (107,3 MHz), que dispensa os "hits" das gravadoras, conseguirá conquistar a audiência que chama de "qualificada". E ver se a direção terá disposição suficiente para essa empreitada de longo prazo.
Molecada, vamos combinar, né? O Ibope faz uma lambança, esconde dados vitais da pesquisa e ninguém entende mais pooooorra nenhuma!!!
Dá uma olhada nos dados divulgados no site Double G, em setembro de 2.003. Olhou direitinho? Viu alguma coisa indicando que sejam rádios clandestinas em algum lugar? Eu não vi.
Agora dá uma olhada no levantamento que o Marcos Lauro conseguiu relativo a setembro de 2003.
Aí, num belo 5 de janeiro de 2.004, Antonio Ferreira, do Ibope, nos escreve o seguinte email: Encontrei no site Radio Base uma tabela denominada "Ranking do Ibope", com dados de audiência que não correspondem aos dados distribuídos pelo Ibope ao seus clientes. Se você obteve estes dados de algum outro instituto de pesquisa, solicito que
retire a referência ao Ibope.
Obrigado
Antonio Ricardo Alves Ferreira
Diretor da Divisão Audiência
Ibope Pesquisa de Mídia
Como nem eles assinam embaixo os próprios levantamentos que eles mesmos fornecem á clientela, resolvemos tirar do ar esta página.
Agora estou pasmo em ver que o Ibope teria descoberto 130 mil ouvintes "clandestinos" em seis meses, que antes nem se quer figuravam em pesquisas anteriores.
E você, meu caro leitor, agora me perguntaria: afinal, tem ou não tem esses milhares de ouvintes de rádios piratas? Eu respondo: sei lá. O que sei é que essas malditas rádios clandestinas continuam a agir livremente aqui na Zona sul de São Paulo e a maioria das emissoras de São Paulo - as maiores prejudicadas nesta história - Assistem a tudo candidamente. A gente não vê a Aesp tomar providências mais enérgicas, muito menos a Ana tel.
Outra coisa que a gente constata é que, pesquisar duzentas "testemunhas" por dia numa cidade de 15 milhões de essoas é muito pouco. E a Transamérica está coberta de razão em questionar os levantamentos do Ibope no rádio. No mínimo são falhos.
Pessoal, vamso fazer de conta uma vez na vida que estamos num país sério e vamos tratar o Rádio com mais respeito, hein?
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