sábado, 10 de janeiro de 2004

Retrospectiva do dial AM

Magaly Prado, Folha Online, em 3 de janeiro de 2.004

Retrospectiva AM

2003 foi o ano das reviravoltas no dial AM. Primeiro a Record voltou com tudo, em julho, a trazer novos comunicadores. Quem não se lembra, ela estava totalmente nas mãos dos evangélicos. Testou alguns que ficaram no ar por poucos meses, como o Capriotti, a Liliane Ventura, mudou aqui e ali, e hoje está com a grade de programação para tentar conquistar seu antigo público.

O destaque vai para Cacá Rosset, ator que nunca havia feito rádio e que trouxe para o horário das 17h às 18h, uma atração renovada com humor que lhe é característico. Apresentadores como Christina Rocha, acostumados com a comunicação da TV Record, experimentam nova linguagem no estilo "Cidade Alerta" por achar que ganharão audiência igual ao resultado dos números da TV. Só o tempo dirá. Eu, particularmente não gosto.

Outra mudança significativa foi a América que trocou seus comunicadores antigos por uma equipe nova, na maioria estudantes da Fundação Cásper Líbero, para trazer de volta ao dial a promessa de incluir música de qualidade e informação direto dos especialistas.

O forte da programação da América é lidar com temas como a cidadania, voluntariado, educação, ambiente e cultura. A emissora ainda não possui resultados do Ibope, já que sua alteração aconteceu em meados de setembro, e, principalmente por conta de novos programas terem entrado no ar em fins de outubro. Se tivesse mantido a programação, em fevereiro teria resultados de audiência. Porém, mudou novamente a grade agora em janeiro, então só terá noção de quais programas estão dando certo, em abril, quando sair a pesquisa relativa ao trimestre. Porém, em fevereiro, vai dar para ter ao menos uma idéia de quem está ouvindo os 1.410.

Por outro lado, comunicadores como João Ferreira, Paulo Barboza, Kaká Siqueira e Roberto Losan, foram para as rádios Record e Tupi. Nenhum deles ainda possui resultados de audiência sem herança de programações anteriores, pelo mesmo fato da América: sem tempo suficiente para aferir números únicos da programação nova.

No caso desses comunicadores, a tônica de seus programas não muda. O que muda é apenas a freqüência, já que eles fazem o mesmo tipo de programa há décadas. O formato é o mesmo: música popular, em geral, aquelas que freqüentam as paradas e tocam direto em todas as rádios, fofocas de artistas e personalidades, e ouvintes com lamentações no ar.

Nelson Rubens, que se intitula o maior fofoqueiro do país, desde que saiu da América, também em setembro, ainda não retornou ao dial paulistano. Aliás, a fofoca no rádio obteve altos e baixos. Programas como o "Fala Sério", de Antonio Guerreiro, na Jovem Pan FM, ficou poucos meses no ar e não emplacou.

A rádio Capital continua com seus comunicadores de peso. Fortes boatos davam conta que Eli Corrêa e Paulo Lopes não assinariam com a emissora, foi só especulação maldosa da concorrência. Ambos radialistas, os mais famosos do dial, sem esquecer o Zé Bétio, estão no ar pelos 1.040 do dial AM.

Aliás, a Capital só não é primeiro lugar por causa do padre Marcelo Rossi, na Globo AM. Que permanece na liderança absoluta. O religioso traz ouvintes não somente para seu horário, mas irradiando nos demais, tanto antes como depois. O padre colabora para aumentar a audiência da Imaculada Conceição AM que está ganhando ouvintes e já figura em sétimo lugar no ranking geral.

A Bandeirantes AM esteve em 2003 firme forte com ênfase no radiojornalismo, assim como a CBN, que não deixou por menos, abocanhando os principais prêmios dirigidos aos radialistas. Heródoto Barbeiro, na CBN, e Zé Paulo de Andrade, na Bandeirantes, levaram para casa mais um troféu de desempenho para a coleção deles. A novidade foi Maria Lydia que saiu da CBN e foi para a Bandeirantes participar do jornal "Gente", todas as manhãs.

Algumas emissoras resolveram este ano replicar seus noticiários do AM no FM, como já fazia a CBN. Caso da Jovem Pan e da Eldorado. Por um lado, ouvintes do FM ganham jornalismo de qualidade, por outro lado, retira do mercado de trabalho profissionais das FMs.

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