quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

Repórter da Bandeirantes é barrado no Grêmio

A Rádio Bandeirantes de Porto Alegre está revoltada com o episódio mais recente envolvendo seus profissionais e o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Segundo a Band, a direção de futebol do Clube barrou profissionais da emissora em entrevista coletiva concedida pelo técnico Adilson Batista no Estádio Olímpico, no domingo à noite. O aviso de que o repórter Cristiano Silva e o cinegrafista Marcos Passos não poderiam ter acesso à sala de conferências foi dado pela assessoria de imprensa do Grêmio. “É mais uma retaliação do Clube, cujos dirigentes desde outubro passado têm se negado a participar de entrevistas na emissora, devido às críticas que os jornalistas da Band fizeram em relação ao mau desempenho do Clube no Campeonato Brasileiro”, declara nota divulgada pela Bandeirantes.

O diretor de futebol do Grêmio, Evandro Krebs, diz que “houve uma entrevista do técnico Adilson realizada na sala de conferências do Grêmio, uma sala reservada, para a qual convidamos jornalistas, e a equipe da Band não estava entre eles”. Segundo o diretor, a entrevista coletiva aconteceu em seguida, na sala de imprensa, e esta foi aberta a todos os jornalistas, inclusive da Band: “Nenhuma emissora foi impedida de entrar”. Em contraponto, Leonardo Meneghetti, diretor de Jornalismo da Bandeirantes, conta que a coletiva estava marcada há vários dias para as 18h, e que a emissora só pôde falar com o técnico depois de todos os outros veículos, às 19h.

A direção de futebol do Grêmio afirma que vem sofrendo críticas ofensivas dos jornalistas da Bandeirantes há muito tempo e por isso tomou a decisão de barrá-los na sala de conferências. “Eles já nos chamaram de irresponsáveis, pára-quedistas, incompetentes”, detalha Krebs. A discussão veio a público na semana passada, quando o vice-presidente de Futebol do Grêmio, Saul Berdichevski, declarou em entrevista ao vivo dada à Rádio Guaíba, no programa de João Garcia, presidente da Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (ACEG), que as ofensas de profissionais da Band estavam indo para o lado pessoal, comprometendo sua credibilidade até como médico. Berdichevski disse que, se pudesse, gostaria não apenas de processar, mas de bater nos jornalistas que vêm fazendo as referidas ofensas.

Para Krebs, a postura do Grêmio em relação à Band só depende da emissora: “Se eles estão se sentindo prejudicados, nos procurem, estamos abertos para conversar e resolver conflitos existentes”. Ele conta que, ao longo do segundo semestre, o time teve contato com diversos veículos gaúchos para resolver divergências, e que a Band, no entanto, agiu de forma desrespeitosa com o Grêmio e seus dirigentes: “Procuramos a emissora em três oportunidades nos últimos 90 dias. Falamos com o Ribeiro Neto [coordenação de Esportes], com o Meneghetti, com o Bira Valdez [diretor-geral]. Eles não fizeram nenhum esforço para minimizar o conflito. O Grêmio tem a sua postura, eles têm a deles”.

Preocupado com a situação, o presidente da ACEG enviou correspondência ao presidente do Grêmio, Flávio Obino, na semana passada, solicitando esquema especial de segurança para a equipe da Band durante o jogo do último domingo, dia 14,entre Grêmio e Corinthians. A intenção de João Garcia foi proteger os jornalistas de uma possível reação da torcida gremista: “Somos a favor da livre manifestação, da liberdade de expressão e vamos tentar a pacificação entre a Band e o Grêmio”. Ele lembra que Obino é jornalista e já trabalhou em veículos e espera que a situação seja revertida, ou será necessário encaminhar o caso à Justiça. O diretor de futebol do Grêmio destaca que a equipe da Band não está proibida de atuar junto ao time: “Eles não foram proibidos de trabalhar no estádio, têm livre acesso para entrevistar os nossos jogadores, desde que se adaptem aos horários de atendimento de imprensa”, afirma Krebs.

Svendla Chaves E Fernando Reche, do Web Site Comunique-se

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