quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Saiba porque a programação da Brasil 2000 mudou

Anhembi Morumbi toma as rédeas da Brasil 2000

Laura Mattos
Da Folha Online

Fundadora da Brasil 2000 em 1986, a Anhembi Morumbi decidiu agora tomar as rédeas da emissora. Pela primeira vez nos 16 anos de existência da rádio, a universidade colocou um de seus sócios para comandar a FM.

A iniciativa se deve ao fato de os donos terem percebido que a 107,3 MHz passa por grave crise de identidade na programação e que, se entrar nos eixos, pode se transformar num bom negócio.

A rádio, antes nas mãos de profissionais contratados pelos proprietários, está sendo reestruturada. Sócia e diretora da Anhembi Morumbi, Carmem Maia, 41, arrumou sua sala na sede da Brasil 2000 há um mês. É a sua presença física que diferencia esse novo projeto de tantas outras promessas de mudança de conteúdo.

Documento interno assinado por Maia mostra completa insatisfação dos proprietários com a Brasil 2000 dos últimos cinco anos. O descontentamento engloba, inclusive, os tempos de bom ibope e faturamento do "Na Geral" (mistura de futebol com besteirol, hoje na Bandeirantes).

De acordo com o texto, a Brasil era melhor nos primeiros anos. Suas boas lembranças são da época em que a chamada "profissionalização" ainda não havia chegado à rádio, introduzindo o departamento comercial e toda a influência que traz à programação.

"A Brasil 2000 caracterizou-se como uma "college radio", tachada de alternativa, independente e "traço [pouca audiência] no ibope". Teve de se submeter nos últimos cinco anos às exigências do mercado, modificando aos poucos seu perfil, descaracterizando-se, perdendo sua identidade e seu caráter inovador e de atitude. Veio o vazio, que não se sustenta por muito tempo, e veio a insatisfação", diz trecho do documento.

Em tempos de crise nas gravadoras, a ordem da Brasil 2000 agora é ignorar a estratégia de marketing dos lançamentos de CDs. Kid Vinil está no comando, e a mudança é clara no ar. A FM tentará novamente imprimir uma marca de rádio cidadã, de qualidade. Maia está de olho, sobretudo, no departamento comercial. Afinal, é lá que poderá conseguir suporte a tantos planos.


Até que enfim cai a ficha nos diretores da Brasil 2000. Só espero que palavras tão contundentes não virem letras mortas diante da primeira crise de faturamento que a rádio tiver. Do lado de cá, como sempre, fica a torcida dos ouvintes para que a nova programação melhore ainda mais e que traga bons anunciantes, para depois não dizerem:"a programação é muito boa, o Kid Vinil é o cara que mais entende deste tipo de música, mas infelizmente as nossas exectativas comerciais não foram alcançadas....". Honestamente, não tenho mais ouvidos para este tipo de lorota, ainda mais de uma rádio que eu supunha ser "educativa", ou seja, a preocupação prioritária dela é com o conteúdo.

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