LAURA MATTOS
Da Folha de São Paulo
A 89 FM virou escola. A emissora selecionou jovens de 16 a 20 anos para um curso de rádio em seus estúdios e promete colocar no ar, a partir de novembro, um programa feito pelos alunos.
Formam o grupo pessoas em situação de exclusão social, de acordo com Zeca de Almeida Prado, 41, diretor de assuntos corporativos da 89. Há, por exemplo, um garoto cego e uma menina portadora de deficiência física.
Batizado de Rádio Ativo, o projeto faz parte da estratégia da 89 FM (89,1 MHz, em SP) de agregar à sua marca uma imagem politicamente correta, ligada à cidadania, ao "jovem que faz". É a cara que a Brasil 2000 já quis assumir, sem grande sucesso.
Toda segunda-feira, os dez alunos dessa primeira turma têm aulas teóricas sobre rádio e comunicação, na ONG Cidade Escola Aprendiz, parceira do projeto. Às terças, quartas e quintas, passam as tardes na sede da 89, revezando-se entre vários departamentos, como jornalismo, produção musical, estúdio e atendimento.
"Como pré-requisito para a seleção, os jovens tinham de estar matriculados no ensino fundamental, independentemente da série. Procuramos escolher os que têm perfil de liderança, para que o conhecimento possa ser passado adiante, para a comunidade onde moram", afirmou Prado.
A partir de outubro, o grupo começa a produzir o piloto (teste) de um programa, que será semanal, com uma hora de duração. Inicialmente, entrará no ar nas madrugadas da 89 e de suas afiliadas.
"Também cogitamos liberar o programa dos alunos a quem quiser transmiti-lo. E decidimos que o know-how do projeto será aberto a qualquer emissora que queira promover algo semelhante."
Segundo Prado, existe ainda a possibilidade de os integrantes do Rádio Ativo, após a conclusão do curso, serem contratados para trabalhar na 89 ou nas outras duas FMs do grupo: Alpha e Nativa.
Os aprendizes têm bolsa de R$ 150/ mês e um lanche diário, proporcionados pela Fundação Bank Boston, que financia a iniciativa. Os planos iniciais eram mais ambiciosos, com uma turma mais ampla, mas as dificuldades financeiras impuseram um freio.
É, Laurinha, e destemidos leitores deste blog teimoso, é gostoso posar de politicamente correto nestes tempos em que a ex-esquerda combativa virou vidraça e está no poder. Eu acho engraçado é por que diabos eles não dão este tipo de oportunidade para estudantes de rádio e tevê que mal tem dinheiro para pagar a faculdade, ou um curso de locução ou até mesmo de DJ? Não seria mais coerente dar uma oportunidade para um universitário carente, por exemplo? Ou será que eles acham que quem faz um curso universitário pertence à classe média e a família tem uma ótima situação financeira?
Além do mais, a gente não vive reclamando que o rádio feito em São Paulo, de um modo geral, não é dos melhores, principalmente o FM? Então porque não dar aos universitários e estudantes da área, à aqueles que se preparam durante quatro anos para trabalhar numa empresa de comunicação, a chance de criar ou tentar criar algo novo que possa ser ouvido pela audiência da rádio?
Agora o ó do borogodó desta história marota é querer contratar esses meninos como funcionários depois. Nada contra, a idéia é até boa, mas me parece mais uma forma de conseguir mão de obra barata, não especializada e sem muito preparo para este tipo de trabalho. A não ser que eles achem que a meninada de 16 a 20, que ainda está no colégio e mal sabe ainda que profissão vai seguir, dê menos "dor de cabeça" por não frequentarem o cursos superior e supostamente mais alienados e mais mal informados sobre certas questões como ética profissional e direitos trabalhistas dos empregados desta área. Cuidado, viu? Vocês podem ter uma tremenda surpresa com a gurizada.
Agora uma coisa que eu não entendi, Laura e amigos, é porque raios o sindicato da categoria não se manifesta. Eles são a favor, eles são contra, vocês sabem me dizer? Primeiro, a Gazeta veio com um projeto parecido, mas deu em (quase) nada. Depois foi a tal Rádio Escola Aprendiz da Brasil 2000 em crise. E agora, o que será que os senhores sindicalistas pensam "novo" deste projeto?
Se as emissoras do seu Neneto Camargo querem ficar "bem na foto", querem mostra que são empresas socialmente responsáveis, preocupadas com a cidadania, é fácil: dê mais oportunidades aos estudantes de radialismo, locução, publicidade, etc E, se possível, contrate mais profissionais. Há dezenas deles desempregados à procura de uma oportunidade de recolocação no mercado, inclusive em situação semelhante ao do rapaz cego e da moça portadora de deficiência física. Vai saber se no meio desses "Alunos de rádio" não tenha algum delés cujo pai passa difculdades fincanceiras por ser um radialista desempregado, não é mesmo?
E creio não estar falando bobagem. Afinal, eles não querem expandir esse "projeto" para outras praças e afiliadas?
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