quarta-feira, 27 de agosto de 2003

A pirataria do rádio, a discussão mal começou

Olá Marcos e amigos da Rádio Base...

Vou fazer só mais uma réplica as argumentações do Marcos Lauro e deixar que os outros leitores tomem conta do debate a partir de agora. Um registro há de ser feito: o debate está rolando em alto nível, com argumentações consistentes de ambos os lados para um tema tão controverso. É assim que as coisas tem de ser. Quem ganha com isso são os leitores que podem ter um painel completo sobre o tema.

Agora, indo direto ao assunto: eu acho interessante que para eu lançar um jornal ou uma revista, eu não precisso de concessão governamental. Para escrever um livro, também não preciso. Até mesmo para colocar um site na Internet (com direito a uma web radio) não é necessária nenhuma benção governamental.
Se formos levar pro lado da questão técnica, então daqui a pouco vão limitar a abertura de sites, pois o cyberspace não tem espaço para todo mundo. Alguém aí sabe quanto que a Internet comporta?

A lei foi uma armadilha criada pelo governo para limitar o acesso de outros grupos às concessões de rádio e tv. Aliás, a política de concessões sempre foi objeto de questionamentos. Quando o ACM era ministro das Comunicações, ele disse certa vez que preferia dar rádios e tvs para os amigos, que naturalmente serviam de sustentáculo ao governo que ele servia na ocasião.

Quanto a questão social que eu levantei anteriormente, infelizmente esse é o Brasil, país no qual iniciativas ilegais (não imorais, diga-se de passagem), como montar uma rádio pirata, acabam servindo como um instrumento de inclusão social. Taí várias emissoras, como a Rádio Favela (BH) e a Rádio Heliópolis (SP) que não me deixam mentir.

Respeito a posição dos editores do Rádio Base, só não concordo com o radicalismo com o qual a questão é enxergada. Que venham as outras opiniões a partir de agora.

Abraços
Rodney Brocanelli


Só tem um problema, Rodney: para se abrir um jornal e uma revista não precisa de concessão. Só que numa banca de jornal cae quantas revistas o dono puder expor. ninguém atrapalha ninguém. Imagine você se todo mudno resolver abrir uma rádio a torto e a direito. Sabe o que vai acontecer? Ninguém vai ouvir mais merda de rádio nenhuma porque o espectro de frequências do rádio é limitado. Foi o que qconteceu na França nos anos 70. O governo resolveu liberar geral e ninguém conseguiu ovuir mais nada. E olha que lá não tem essa conversa mole de "rádio comunitária". O governo teve de voltar atrás e botar ordem na zona. Na Itália foi o mesmo.

E aqui em São Paulo não me canso de dizer: não adianta vir com papinho de projeto humanitário e o cacete a quatro. O dial está pra lá de congestionado. Primeiro pelas rádios que andam, depois pelos espertalhões que montam as emissoras Piratas com fins de "inclusão social" e depois evocam na Constituição o direito de liberdade de expressão. Como apelam para a Carta Magana se são so primeiros a transgredi-la? Que tipo de ensinamento de cidadavia essas pessoas podem dar aos "excluídos". Que quando a lei não lhes favorece, o negócio é transgredi-la e apelar para o discurso "neo socialista", hein?

E nessa era em que a esquerda incompetente está no poder, é bonitinho transgredir a lei. É só invadir um terreno baldio que uma montadora não coupa mais e alegar que é por "uma causa social justa". O chato é querer defender as coisas do jeito que tem de ser, dentro da lei. Quem faz isso, como esse blog é tachado de idiota, de sonhador, de Dom Quixote de conformado com o estado das coisas, etc . Entrar na briga, ainda que desleal por uma permissão, não são todos que querem, inclusive certa facção da sociedade que outrora entrava na concorência por este tipo de concessão e quehoje, por encontrar gente amiga no poder acha desnecessário fazê-lo porque simplesmente pensa que adquiriu um canal por "direitos naturais".

Quanto a internet, não se preocupe, o espaço que ele pode acumular de informações é infinito. O problema é que tem muito mais gente fazendo páginas na internet do que gente lendo. Mais de 90% dos blogs que tem por aí é de laguém que quer falar sobre seu dia-a-dia. E isso não é maravilhoso? Tem muito, mas muita porcaria espalhada por aí, em compensação a muita informação útil também.

Internet, felizmente é um caminho sem volta e é a mídia que mais está ajudando o rádio a sobreviver e a tentar ocupar o posto de veículo nobre que lhe é de direito. Talvez se não fosse a internet, o verdadeiro jornalismo, feito or jornalistas sérios, teria acabado de vez. Porque aqui as grandes corporações não tem como defender seus interesses comerciais escusos sem serem execrados pelos consumidores.

O maior medo das grandes corporações de mídia é que eu, você, o Marcos Lauro e tantos outros profissionais de comunicação sem espaço nas mídias tradicionais ou mesmo pessoas leigas interessadas em comunicação ganhem agilidade e acabem dominando a rede, para desespero comercial deles. E é o que vai acabar acontecendo, apesar das tentativas sucessivas de nos tentarem nos desmoralizar, com a conivência de certos "colegas", que dveriam estar nos apoiando, em vez de baixar a cabeça para os interesses de certos patrões.

Aqui é território livre, meu amigo. Por isso dei a sugestão de montarem rádios virtuais em vez de ficarem brigando com a lei e sobretudo enchendo o saco de quem quer ouvir sua emissora preferida sem interferência de clandestinos. É, democracia é saber quais são seus deveres e respeitar o direito dos outros antes dos seus. Depois vem aquelas outras coisas todas que os "progressistas" adoram recitar.

Ah, mas os "excluídos" não têm acesso a internet. Isso é uma meia verdade, não é só de casa que podemos acessá-la. De qualquer maneira, sem problemas. Vinte anos atrás, um pobre ter telefone era uma dádiva, não era para qualquer um, não. Hoje em dia, são 80 milhões de linhas telefônicas no país e metade delas são de celulares. E sae quem mais usa celular pré-pago? (Marcos Ribeiro)

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