O fato é que esse modismo de transformar um verbo transitivo direto em verbo de ligação - que, em outras palavras, indica "estado" do sujeito - já deu o que tinha de dar. Deve ser o novo substituto do "gerundismo de call center" ou o famigerado "a nível de..." , usados em um perverso método de empobrecer nosso idioma que alguns usam por simplesmente não dominá-lo de forma minimamente adequada.
Felizmente, faço aquela ressalva necessária, lembrando que não são todos os radialistas que cometem esse desatino. Há muitos profissionais que usam o referido verbo de forma adequada. Quero crer que os imprudentes cometem esses erros porque não cultuam o saudável hábito da leitura. Logo, quem não sabe ler não sabe escrever, correto?
Não faltará um dia em que alguma respeitada emissora de rádio anunciará: "Justiça nega habeas corpus para condenado em segunda instância e ele segue preso na penitenciária estadual". O que o fato do apenado não ter saído da prisão tem a ver com o fato de ele estar correndo atrás provavelmente de um companheiro de cela? Alguém me desenhe essa frase porque juro que não entendi.
Para dirimir quaisquer dúvidas, vou transcrever, com a licença do caro leitor, o que se encontra na internet sobre a questão acima.
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Seguir e continuar, frequentemente, representam os muitos desvios cometidos pelos usuários, em que tal ocorrência se manifesta pela troca de uma forma pela outra, simplesmente pelo fato de serem concebidas como palavras sinônimas.Nesse sentido, torna-se relevante salientar que, em se tratando de alguns contextos, esta concepção é tida como adequada, contudo, em outros ela não procede – motivo esse de tantas confusões. E para que nossa discussão se torne ainda mais ampliada, verificaremos alguns dos muitos sentidos que podemos atribuir ao verbo “seguir”, ora manifestados por:
Muitas vezes temos a intenção de seguir os passos de alguém (sentido de andar no mesmo ritmo dessa pessoa); seguimos, por que não, um exemplo (sentido de imitar o modelo de algo, de uma ação); podemos também seguir uma dada religião (aderir-nos a ela); seguimos, pois, as regras do jogo (no sentido de não infringi-las); alguém pode seguir uma determinada carreira (sentido de ingressar numa dada profissão); e assim seguimos com a ideia em questão.
Quando falamos sobre a sinonímia, a qual pode ser atribuída a ambas as formas verbais, pensamos no último exemplo, representado por “seguimos com a ideia em questão”. O que é possível constatar é que o verbo “continuar” também se encaixa na noção desenvolvida pelo enunciado, ou seja, podemos perfeitamente substituir o verbo “seguir” pelo verbo “continuar”, isto é, “continuamos com a ideia em questão”.
O que na verdade não se discute é o emprego errôneo do verbo “seguir” na condição de um verbo de ligação e, consequentemente, seguido de um predicativo do sujeito, como em:
A reunião segue tranquila. (quando na verdade o conveniente seria “continua” tranquila).
Neste caso, temos um sujeito – a reunião;
Bem como:
Um predicado – continua tranquila, uma vez que “tranquila” se refere ao predicativo do sujeito.
O porquê de não utilizarmos o verbo “seguir” nesse caso é simples, haja vista que o predicativo “tranquila” contrasta com a ideia de “seguir”, pois este dá uma ideia de ação, tal qual expressa nos diversos sentidos acima citados.
Portanto, não se esqueça! Tais formas somente são permutáveis quando a ideia retratada for de “dar seguimento, continuidade”:
Após o jantar, seguiremos (continuaremos) aquela nossa conversa.
(Fonte: www.portugues.com.br)
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