quinta-feira, 2 de julho de 2015

Na Jovem Pan, Reinaldo Azevedo critica a CBN: "Eles não gostam de ônibus"

O jornalista Reinaldo Azevedo, da Rede Jovem Pan, critica a postura editorial da concorrente CBN: "Eles viraram plantonistas de ciclistas. Eles não gostam de ônibus, só de bicicletas. Eles tem uma postura editorial detestável"

Quem disse que o rádio é um veículo "morno", de gente "bacaninha", "tutti amiguinho", no estilo "somos todos irmãos" pode estar redondamente enganado. Sob o signo da "nova direção", tendo Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho -  O Tutinha - à frente, a Rádio Jovem Pan parece estar disposta a não mais participar deste clima de veículos "amiguchos", que não citam umas às outras, a não ser respeitosamente "en passant" e em deferência especial à colega, e se inserir de vez em clima de "concorrência real", em que as coisas são faladas da forma em que seus autores a concebem.


A "nova" Jovem Pan passou por uma profunda reformulação em sua programação e trouxe para seus quadros jornalistas e pensadores que são destaques em outras "plataformas de conteúdo". Um deles é Reinaldo Azevedo, do portal Veja.com, que comanda há pouco mais de um ano o programa "Os Pingos nos Is".

Conhecido e reconhecido como anti-petista assumido, Reinaldo Azevedo não poupa esforços em criticar - com toda a justeza, diga-se de passagem - os governos federal e da capital paulista, administrado pelo petista Fernando Haddad. 

No programa que foi ao ar no dia 1º de julho de 2015, Reinaldo, mais uma vez, criticava o projeto de instalação de ciclofaixas nas principais ruas da cidade. Ao citar o comentário da jornalista Lucia Boldrini, o apresentador aproveita para fazer uma crítica bem humorada à CBN, emissora que a Jovem Pan pretende ter como principal concorrente nesta sua nova fase. 

Tomei a liberdade de extrair um trecho do programa para a melhor compreensão do caro leitor. Repare no momento em que o apresentador diz que a concorrente virou "plantonista de ciclista", recomenda a quem não gostou que vá ouvir a CBN e que esta emissora tem uma linha editorial "detestável e 'anti-pobre'".


Voltamos. Daqui eu sigo para desenvolver a minha análise.

Na história recente do radiojornalismo paulistano, não me recordo de tal evento. É possível que Reinaldo Azevedo tenha agido por impulso, sem seguir orientações de seus superiores. É fato que ele seria deselegante, se não tivesse sido acertadamente irônico, sem ser desrespeitoso, ao meu ver. Como diria um famoso personagem da tv, "sem querer querendo", Reinaldo expôs um lado obscuro da imprensa falada: trata-se de um certo "outroladismo" que grassa em emissoras ditas jornalísticas. É essa irritante vontade de querer parecer estar acima do Bem e do Mal, de não ter opinião formada, de deixar que o "ouvinte ouça os dois lados e conclua por si só".

Desde de que foi fundada, a CBN prima por manter uma aura de neutralidade, que não existe em parte alguma do jornalismo. Seus apresentadores não deixam claras as suas posições, transferindo esse direito aos comentaristas essa função. Isso causa uma certa estranheza no ouvinte "médio", sobretudo na programação local, em que a opinião do "âncora" me parece ser fundamental. Afinal, ele e sua equipe mostram os fatos e não emitem nenhum parecer? De que me adianta ouvir essa rádio? Melhor ouvir a concorrência, que me dá uma opinião abalizada, mesmo que discorde dela.

Se na CBN essa tomada de posição não fica evidente, em outras concorrentes, como a Rádio Bandeirantes, isso é quase regra. Chega a ser hilário, não fosse sério, as constantes discussões entre os participantes do "Jornal Gente", o mais antigo programa deste gênero no rádio. Por meio de uma dessas coincidências que não existem, o veterano José Paulo de Andrade vive às turras com o "novato" Fábio Pannunzio, justamente por conta das famigeradas "ciclofaixas vermelhas" do Haddad.

Na Jovem Pan, que até pouco tempo atrás usava e abusava da mesma pretensa "neutralidade" que me irrita na CBN, a situação começa a mudar. Exemplo recente foi a questão da votação da redução da maioridade penal, que está sendo votada no Congresso Nacional. Enquanto Reinaldo Azevedo e parte grande da equipe do "Jornal da Manhã" se posicionavam à favor da redução, a maioria dos componentes do matinal "Morning Show" e metade dos apresentadores do "Pânico da Jovem Pan" se posicionavam de forma contrária. Assim concluo que, os ouvintes, tanto os da Bandeirantes, como os da Jovem Pan, certamente possuem uma opinião muito mais fundamentada sobre os assuntos propostos pela sua emissora do que os da CBN.

Me parece errôneo pensar que, quem ouve rádio, quer apenas saber os fatos do qual ele já tomou conhecimento previamente em outros veículos. Ele quer saber a opinião do seu jornalista preferido nem que seja para, no final das contas, apenas dizer a ele: "Poxa, caro apresentador, você está errado de novo." (colaborou Eugênio Farias)

6 comentários:

Antonio Carvalho Filho disse...

Gostei do seu comentario, o Radio do Futuro vai ter que ter oipniAo, estamos na frente e com certeza vamos ser copiado. Um abraço Tutinha

Anônimo disse...

Claro blogueiro, o que está em discussão no Congresso Nacional é a redução da "maioridade penal" e não "menoridade penal", como escrito em seu texto. Além disso, cuidado com os erros grosseiros de ortografia...

Rafael disse...

Discordo totalmente. Jornalismo é noticiar fatos, colunismo é expressar opiniões. Uma rádio pode ter ambos.

Não cabe ao Âncora dar sua opinião sobre o assunto, isso é formar opinião encima da notícia.

Unknown disse...

isso e jornalismo sim;a noticia foi apresentada,e em cima da noticia(q e um fato)a opiniao do ancora.cabe a cada um tirar suas proprias conclusoes se concorda ou nao.desde quando e erado formar opniao?parabens reinaldo azevdo.

Rita Fernandes disse...

Ouço a CBN desde que ela era Excelsior, e meu rádio não precisa de outra estação. Os Pingos eu vejo na net. Adoro os dois!

Simone Carvalho disse...

A função do jornalista é noticiar fatos, mostrar os dois lados para que o ouvinte tire suas conclusões. Ao expressar suas próprias opiniões distorcem os fatos, enviesam a notícia e manipulam os ouvintes, isso é subestimar demais a capacidade de síntese de uma pessoa.