segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Rádio: Manual de Instruções - parte I

Vamos agora, aqui no Rádio Base, começar uma viagem do tempo. Atentos às participações do nosso leitor Dionísio Codama Aimoré sobre Ondas Curtas, pedimos para que ele preparasse para o blog um bê a bá sobre as faixas em que novos ouvintes poderão ouvir as longuinquas emissoras que ainda usam as frequências que fogem dos conhecidos AM e FM do dia a dia.

Mais que isso, Dionísio fez para o blog um belo texto baseado em apostilas da década de 1970. Praticamente um manual para o ouvinte de rádio!

Vamos dividir o papo em duas partes:
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Parte I

Ouvir Rádio não é apenas ligá-lo

Ligar o aparelho de rádio é um gesto comum hoje. No início era necessário manusear pacientemente um fio chamado "bigode-de-gato" sobre um cristal de galena para tentar localizar algum ponto em que houvesse áudio de alguma emissora. O pouco som obtido era captado por fone de ouvido.

Hoje, apesar do plug and play, também é necessário uma certa paciência para tentar sintonizar um rádio receptor.

AM e FM

Ao olhar um aparelho de rádio, vemos uma escala de números, chamado "dial". Os receptores baratos dispõem apenas de uma escala ou faixa sendo que a faixa prioritária é a de "'Ondas Médias" ou "AM", entretanto nos receptores atuais apresentam apenas a faixa de "FM".

No "AM" (Amplitude Modulada), o áudio é mixado a uma onda eletromagnética fazendo-a variar em amplitude. Nesse processo, o transmissor perde muita energia ao gerar a onda. Apenas 20% da energia total é destinada a transmissão de voz e música.

É complicada a fabricação dos transmissores de AM. A recepção dessa onda é vulnerável a qualquer tipo de interferência elétrica.

No "FM" (Frequência Modulada), o áudio é mixado a uma onda eletromagnética fazendo-a variar em ambos os lados da frequência central.

Esse processo é eficiente, entretanto exige-se mais espaço entre as emissoras quando se deseja um som de alta fidelidade. A quantidade de interferências é mínima desde que a emissora esteja próxima do receptor.

Vários tipos de faixas

Ondas rádioelétricas ocupam uma fração do espectro de radiações eletromagnéticas. Começam a partir das frequências de áudio (10 Hz) e se prolongam além das microondas (10 GHz). Quanto mais alta a frequência, mais energética e penetrante é a onda de rádio.

Mais além das microondas, começa o espectro da luz visível. Hoje modula-se a luz para ter um som de alta fidelidade.

O uso das faixas de rádio se desenvolveu à medida que a tecnologia permitia. No início todos utilizavam-se da parte inferior do espectro, chamado de Ondas Longas, em torno de 100 kHz. Depois passou-se a utilizar a parte média do espectro, chamado de Ondas Médias, em torno de 1000 kHz.

Na descoberta dos radioamadores ao experimentarem as frequências mais altas, notaram que uma onda alcançava distâncias enormes. Logo, esta faixa, chamada de Ondas Curtas, se tornou a mais importante e valiosa para contatos a nível mundial.

Esta faixa foi repartida por inúmeros serviços civis e militares. Algumas fatias foram dadas aos serviços comerciais de rádio, outras fatias para os radioamadores, outras fatias para a Marinha, a Aeronáutica...

Ondas Curtas

Toda onda de rádio se propaga a velocidade de quase 300 mil m/s. Dividindo-se esse valor pela frequência de uma emissora de rádio, obtém-se o comprimento da onda em metros. Por exemplo: 300000 m/s dividido por 11780 kHz = 25,46 m.

Cada fatia do serviço comercial de rádio em ondas curtas tem o seu nome relacionado com o respectivo comprimento de onda em metros. Estas são as faixas de ondas curtas que existem:
120 m - 90 m - 75 m - 62 m - 49 m - 41 m - 31 m - 25 m - 22 m - 19 m - 16 m - 15 m - 13 m - 11 m. Note que quanto menor o comprimento de onda, mais alta é a frequencia e mais longe pode ir uma emissora.

Ondas Tropicais

No Brasil, estas faixas são usadas por emissoras de cidades acima do Trópico de Capricórnio, São Paulo e Londrina incluídos. São elas: 120 m - 90 m - 62 m.

Outras faixas

Estas são as faixas destinadas aos radioamadores: 160 m - 80 m - 40 m - 30 m - 20 m - 17 m - 15 m - 12 m - 10 m. É raro encontrar receptores com estas faixas, só os tipos especializados.
Há faixas que são utilizados pela Marinha, por embarcações civis, pela Aeronáutica, pela aviação civil, etc.

Tenho notado que tais faixas têm sido utilizadas cada vez menos. Os satélites passaram a ser utilizados pois são mais confiáveis. Entretanto, em dias muito nublados, o contato com satélites é severamente prejudicado.
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Na segunda e última parte, vamos aprender um pouco mais sobre receptores e propagação de ondas eletromagnéticas (essencial para o DX, como é chamada a prática de ouvir rádios que estão à longa distância).

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