domingo, 8 de novembro de 2009

Para não dizer que não falei das (rádios) adultas

Ainda em cima da entrevista do Kid Vinil, para o site 4 Paredes da Revista Época, tirei mais este trecho, sobre o que ele anda ouvindo no rádio:

"Rádio: 'Meu irmão só ouve a CBN no carro e como quase não dirijo sou obrigado a ouvir com ele, mas às vezes ele muda pra Mitsubishi FM que acho legal, às vezes eles arriscam em alguma coisa inusitada e fica bom. Às vezes mudamos pra Eldorado, mas sinceramente eu acho a programação deles um porre, nada de novo e ele vão naquela linha 'o melhor do mesmo', mas é o lance deles de 'rádio adulta' e isso funciona, parece que as pessoas querem sempre ouvir a mesma música, não dá pra arriscar. Que pena”.


Isso que ele falou é preocupante. Fazem rádio adultas a torto e a direito pelo país afora, como se isso fora sinônimo de se tocar apenas "flash back", como se o pessoal com mais de 30 anos só ouvisse música velha. Se ao menos tocassem tudo o que foi produzido de melhor em décadas passadas, ainda dava pra engolir. Mas é aquela mesma seleção "Rest Sellers" de sempre, como diria Luis Antonio Mello, criador da lendária Fluminense FM e Globo FM.

Sempre fui contra essa porcaria de segmentação de rádio aqui no Brasil porque eles nivelam por baixo. Se preocupam com o "target" da audiência, mas não "segmentam" pela qualidade do produto a ser veiculado. Escolhem uma faixa de público - mulheres de 15 a 40 anos, classe C, moradora da periferia, por exemplo, e determinam que elas gostam de pagode mauricinho, arhgxé e breganejo. Pronto. Se massifica a programação em cima daquilo que se tem de pior e dá audiência instantânea. E como ficam as moças de 15 a 40 anos que realmente gostam de uma música melhor? Será qua é a maioria consegue ser tão tapada assim e precisa ser tratada como débil mental musical?

E as rádios para os "jovens"? Descobriram há tempos que eles - os "jovens" - gostam de música pop. Até aí, tudo bem. Em vez de fuçar na internet e ver o que a molecada está ouvindo, baixando e curtindo, insistem em continuar ditando o "sucesso" das paradas americanas, como se ainda não existisse a internet e a sua interatividade.
É Como se não existissem dezenas de sites colocando no ar 50 bandas novas - e boas - todos os dias. É como se Beyoncé, Lady Gaga e Mariah Carey fossem a Aretha Franklin, a Diana Ross e a Supremes do novo milênio. E como se o Strike, Fresno e NX Zero fossem bandas de rock de verdade, e não "Emo Boy Bands" tupiniquins travestidos de roqueiros de "atitude".

Ainda está fresca em minha memória, certa vez que fui à MTV assistir a uma gravação do "Gordo Freak Show". Era uma gincana maluca, com vários quadros, coisas bizarras e vários prêmios para a platéia. Fui como convidado do pessoal da banda de hardcore "Ação Direta". A cada entrada e saída do bloco, eles tocavam trechos de músicas de seu repertório. Só porrada na orelha. Era hardcore mesmo, não essa coisinha emo, sentimental, barulhenta e brega, que algumas bandinhas "Boy Bands" chamam de "hardcore".

A certa altura, João Gordo, o apresentador, que havia convidado pessoalmente a banda, deu um esporro no diretor fora da gravação: "Tá vendo, diretor, tem que chamar banda de rock mesmo, fodona, de atitude, que nem a galera do 'Ação Direta'. aqui ó. Banda de responsa, 20 anos de estrada. Mas quandoa gente vai pra reunião de produção, você e o pessoalzinho quer chamar bandinha chabi tipo'Ludov, nhem-nhém-nhem'". No que pese o fato do Gordo curtir todas as vertentes mais vioentas do Hardcore e Heavy Metal ultrapesado, a MTV, a única rede musica de TV mais ou mneos séria do Brasil, adora enfiar bandinhas "água com açúcar", "popezinha" em tudo que é buraco da programação. Mas pelo menos de vez em quando dá para ver e ouvir rock de verdade naquele canal.

E as rádios FMs na mesma "linha da MTV"? Nem ao menos abrem espaço para algo mais "alternativo". Preferem abrir as pernas para a barangagem musical. Em algumas rádios "adultas", de quando em vez, inventam de rolar alguma pérola daquele desarranjo intestinal chamado "Tribalistas", formado pela competente Marisa Monte, em companhia do "genial" Carlinhos Brown e o "inovador" Arnaldo Antunes. Isso quando não enfiam o "original e inspirado" Jorge Vercilo goela abaixo. Como diria o gentleman Clodovil: "Será que eu chego"?

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