A história começa com um jovem que, pertencente a uma família rica e tradicional paulistana, passa uns tempos estudando música em Nova Iorque. Queria ser regente, mas o talento não era para tanto. Ainda meio sem destino certo na vida, aceitou a oferta de voltar para o Brasil e dirigir uma rádio. Uma não, duas. Essa é a história de João Lara Mesquita, contada pelo próprio, no livro “Eldorado, A Rádio Cidadã”.
Até março de 1982, as emissoras, AM e FM, eram o “elefante branco” do Grupo Estado, só davam prejuízo. Com os mesmo equipamentos e mesmos funcionários de 1958, ano de criação, estava tudo estagnado, criando teias de aranha. O livro aborda toda a gestão de João Lara, que foi desta data até o ano de 2003, quando gestores assumiram o comando do Grupo e quiseram interferir nas rádios.
Nesse meio tempo, a Eldorado conseguiu sair do traço de audiência para a liderança entre os ouvintes das classes mais abastadas. João Lara nos conta como surgiram idéias como a cobertura pioneira do Rally Paris-Dakar, quando ele além de correspondente teve de acumular função de participante efetivo da equipe brasileira. Estão lá também o Prêmio Cara-de-Pau, que destacava o pior político do mês, a campanha pela limpeza do Rio Tietê, iniciada em conjunto com a ONG SOS Mata Atlântica e a longa e intensa campanha encampada contra o programa, até então obrigatório, Voz do Brasil, que reuniu cerca de 800 emissoras de todo o Brasil.
Mas nem só de acertos vive a história. Estão lá também a “barriga” da Eldorado, ao anunciar a morte de Tancredo Neves antes da hora, fato que induziu até a BBC de Londres ao erro. A campanha contra a violência no trânsito, que nunca saiu do papel por conta de uma entranha negociação com o então prefeito paulistano, Paulo Maluf, e que envolveu até um embaraçoso jantar entre o político, João Lara e seu pai, Ruy Mesquita. Por ironia do destino, Maluf seria o vencedor do Prêmio Cara-de-Pau, logo depois...
Com a narrativa em primeira pessoa e esse amontoado de fatos e benfeitorias nas duas emissoras, por vezes existe um ar de “super-herói” em volta de João Lara. Mas não dá para negar que, nos 21 anos da sua gestão, as emissoras do grupo renasceram. Partiram do nada em que estavam e ainda hoje se encontram em posições de destaque no dial paulistano. E muito do que ouvimos nos 700 Khz e 92,9 Mhz ainda fazem parte da herança do comando de João Lara.
“Eldorado, A Rádio Cidadã” é livro obrigatório não somente para admiradores da hoje Rede Eldorado, mas para qualquer rádio-amante. Sem contar que é uma ótima contribuição para a pequena biblioteca destinada ao rádio brasileiro.
Livro: Eldorado, A Rádio Cidadã
Autor: João Lara Mesquita
Editora Terceiro Nome – 2008
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4 comentários:
O João Lara conta nesse livro sobre aquela discussão que ele teve no ar com um locutor? (o tito Marco Antonio, acho?)
Acompanho de vez em quando a programação dos 92,9 e a considero, dentre as rádios que conheço a mais diferenciada, tocando um repertório que foge totalmente do habitual, além de ter coisas como o Bike Reporter e outras inovações.Adorarei ler esse livro. Pena que as fm's de Fortaleza não gostam de contar sua história, aqui não se guarda nem aruivo sonoro
Pois é, esse caso do Marco Antônio sempre me pareceu um mistério. Alguém tem isso gravado ou ouviu na hora, para poder nos relatar?
No livro, João Lara cita dois Marco Antônio, mas nada demais... só citação nominal mesmo.
É, que saudades da antiga Eldorado, da antiga Manchete, da antiga Nova Excelsior, da antiga USP FM, da antiga Transamérica, da antiga Antena 1, da antiga Rádio Cidade, da Antiga FM Record, da antiga Gazeta FM, da antiga Globo Nacional, da antiga Brasil 2000, da antiga Bandeirantes FM......
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