quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tem gente que ouve rádio com o fígado

O site Bastidores do Rádio publicou um e-mail do jornalista e radialista Sergio Cursino. Nele, o profissional diz ter ficado surpreso e triste ao mesmo tempo ao ouvir a âncora de uma rádio de nóticiar tropecar quanto tentou ler uma notícia que trazia a palavra descriminalização. Cursino não aliviou no seu julgamento: "Talvez essa profissional possa ser uma excelente redatora, uma excepcional produtora, uma editora de raro talento. Mas microfone definitivamente não é o negócio dela. Sem a menor intimidade com a nossa tão querida 'latinha".

De fato, existe muita gente que não é do ramo fazendo rádio, mas Cursino erra no tom de sua crítica. Parece que é algo pessoal. Pode ser que a apresentadora em questão não estivesse num bom dia, algo comum a qualquer profissional, não apenas os de rádio.

Um ponto para o qual Cursino não se atentou: a palavra descriminalização pode ser muito bonita quando é impressa, mas complicada de se ler em voz alta.

Isso me lembra uma velha história do rádio, cujo personagem principal é o grande Heron Domingues (a voz inesquecível do Repórter Esso).

Ao se deparar com o script de um rádio-jornal que iria ler, Heron teve tempo de voltar à redação e dar um conselho ao redator que tinha escrito numa nota a expressão "boom (no sentido de explosão) da soja". Ele disse: "olha, para você que vive da palavra escrita, 'boom da soja' até que vale, mas para eu, que vivo da palavra falada, fica 'bunda soja' mesmo".

Portanto, não dá para culpar apenas a pobre apresentadora pelo tropeço. Na sua manifestação ao site, Cursino diz que "cada vez mais ouço menos Rádio. Muito CD, pouco Rádio". Se for para ouvir rádio com o fígado, e não com os ouvidos, é melhor ficar com os CDs.

6 comentários:

Anônimo disse...

Meu amigo Cursino têm razão...eu trabalhei nessa emissora durante 18 anos e 02 mêses e o amadorismo por lá é de doer,inclusive o fígado,mas,por trás dos microfones a coisa é bem pior..."DÓI DA CABEÇA ATÉ A PONTA DO DEDÃO DOS PÉS"...

Giane Carvalho disse...

Amigos, convenhamos que é mesmo difícil pronunciar "descriminalização", ainda mais se o texto for entregue em cima da hora.
Um jeito p/ não tropeçar é dividir a palavra com barras, como por exemplo descri/minali/zação.

Anônimo disse...

Na minha opinião, Cursino deve ter errado muito texto em muitas gravações de chamadas pra tudo quanto foi empresa que trabalhou: CBN, Band, Radio Record, mas como tudo gravado é editado, ninguém percebe...e pegou pesado, muito pesado. Tem razão quanto ao fato de ter muito amador por ai, mas todo mundo erra!Ele nunca enrolou a língua falando ao microfone? Pelo amor de Deus, é o cúmulo da intolerância.

WAGNER -MAUÁ - SP

Anônimo disse...

Existem vários motivos para algumas pessoas não ouvirem radio, programação musical, musicas editadas ou cortadas, breaks enormes e outros, mas...atribuir ao simples erro de dicção num determinado momento é no minimo ridiculo. Pra finalizar, ouvintes como este, o radio não precisa, pois é um veiculo produzido 24 horas ao vivo por profissionais excelentes e que amam o que fazem, e ainda, antes de profissionais são humanos como todos que também o ouvem.

Toninho Moura disse...

A gente já erra escrevendo..., falando então! Totalmente desculpável!

Uma honra ser um "blog brother" do Rádio Base. Cresci ouvindo o Motorádio de 5 faixas da minha mãe, lá no interior, e vejo o rádio como a mais democrática das mídias. Parabéns pelo ótimo trabalho!
Braços!

Anônimo disse...

Quem nunca tropeçou que atire a primeira pedra...Tropeços são comuns no dia a dia de qualquer profissional do Rádio. O erro não pode se tornar uma constante, mas posso dizer que errar pode até ser bom. Serve para nos deixar mais atentos e tomar cuidados básicos antes de abrir o microfone (ler antes, marcar o texto, entre vários outros...) e, principalmente, para nos lembrar que nunca estaremos definitivamente “prontos”. Ou seja, o “friozinho na barriga” é essencial (assim como a humildade...). Concordo com o Cursino quando ele diz que existem muitos amadores no ar. Mas a culpa é nossa que deixamos nossa profissão se desvalorizar tanto. Principalmente daqueles mais experientes, que se vangloriam tanto de seus “trocentos anos de rádio” e sabem criticar e apontar os erros dos mais novos, mas efetivamente pouco ou quase nada fizeram para que o Rádio voltasse a merecer o respeito que já teve um dia...