Ed Motta perdeu uma ótima chance de ficar queito na edição mais recente do prograna Altas Horas. E não foi pela citação errônea da frase de Bernard Shaw (ele achou que fosse do Zappa). Quando o cantor falou sobre o seu desprezo pela crítica, levantou uma excelente bola para Álvaro Pereira Jr. cortar. Nem a hoje aposentada Fofão, da seleção brasileira de vôlei, faria melhor. Esse embate reforça uma idéia defendida aqui e em outros espaços: o artista pode até não gostar da crítica musical (ou do jornalismo musical), mas não vive sem ela. Falar mal é uma forma de chamar a atenção, posar de vítima e garantir reações de carinho ou (mais) admiração por parte de seu público.
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Em seu livro "Condenado a Falar", o jornalista Jorge Kajuru diz que Serginho Groismann, como entrevistador, parece ter um minuto de silêncio no cérebro. Até achei que foi uma injustiça, mas vendo o vídeo da participação de APJ tendo a concordar. Reparem na formulação dessa pergunta:
SG - Você já teve alguma consequência chata, assim...
APJ - Não, acho que não, tipo alguém tentar me bater, essas coisas?
SG - Bater, não digo, né (...)
A intenção da era fazer com que o convidado falasse a respeito da repercussão junto aos artistas e/ou bandas de seus conceitos emitidos em coluna na Folha de S. Paulo. Ótima oportunidade também para se falar sobre possíveis pressões e represálias que muitos veiculos sofrem por conta das opiniões de seus críticos. Serginho, porém, colocou tudo a perder. Se a pergunta fosse mais específica, o resultado seria melhor.
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Não vejo muita diferença na bajulação atual em torno do Cansei de Ser Sexy e da bajulação feita que Álvaro e seus parceiros fizeram ao Nirvana e ao grunge de Seatlle há quase 17 anos. Bajulação é bajulação.
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8 comentários:
Rodney, como fã confesso do Ed, penso que ele foi grosseiro, sim, com o APJ. Mas conhecendo ambos (e eu acompanho os dois algozes há um bom tempo), percebo que o Ed, que não faz nem precisa fazer concessões, nem mesmo por estar se apresentando na Globo, soltou um desabafo de todos artistas brasileiros que sofrem com a crítica pessoal, sem conteúdo e 'chata' do APJ. Como o APJ mesmo diz, ele não é crítico, mas age com um crítico desmiolado, falando mal daquilo não conhece, e incensando bandas indie obscuras (isso desde antes do Nirvana). Se o APJ não gosta de MPB, de metal, de progressivo, ele não deveria falar disso em suas colunas, já que ele é um formador de opiniões, principalmente entre os jovens. E isso significa dizer que ele faz uma lavagem cerebral nos teenagers, fazendo-os odiar a cena musical brasileira e/ou pensante.
Marcelo, de alguma forma o Frejat falou sobre a tal critica pessoal, sem conteúdo e chata e foi muito melhor que o Ed Motta.
O Groismann ficou com medinho e não deixou a discussão continuar. Daria um conteúdo bacana.
O Ed Motta conseguiu cair muito no meu conceito e tenho certeza, no conceito de muita gente, depois das besteiras que ele falou no Programa Altas Horas.
Foi uma tremenda falta de educação da parte dele contra o Álvaro Pereira e com muitos outros Jornalistas/Críticos brasileiros.
Mas o Álvaro teve grande presença de espírito e elegantemente lhe deu um "cala a boca".
Caro Ed, já que você gosta tanto assim dos EUA e dos seus críticos volta pra lá... apesar que lá nenhum crítico deve perder o tempo com você... já vendeu o quê? Umas 12 cópias de cd?
Abraços, e humildade cara.
Sem querer alongar a discussão, que pode ser eterna, queria deixar duas considerações: O Frejat (artista bem quisto e com carreira sólida) ficou quieto pois precisa da mídia, já que seu público alvo é o brasileiro, e a Globo é a melhor vitrine pra isso. Ed, ao contrário, já abandonou o mainstream há muito, e é valorizado (como todo bom artista) no Japão, na Europa e etc. E, conhecendo pouco a personalidade do Ed, ouso dizer que ele é um cara simples, humilde, mas que estava um pouco nervoso por apresentar as músicas novas e, somando a isso, resolveu desabafar em prol dos músicos nacionais que são vilipendiados constantemente pelo colunista APJ. O que lhe falta em oratória, sobra-lhe em Música!
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1509200814.htm
São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008
FOLHATEEN - ESCUTA AQUI
Álvaro Pereira Júnior
Falando em sucesso na web, na semana passada, sem querer, me transformei em "astro" de um vídeo que bombou no YouTube (quer dizer, bombou naquele grupinho que acredita que a Mallu Magalhães é um sucesso planetário e que o mundo está de joelhos diante do Bonde do Rolê -ou seja, cerca de 500 pessoas). Sou eu ouvindo um zé ruela falar um monte de asneiras e aí dando uma cortada no sujeito. Isso mostra que acerto ao recusar TODOS os convites para debates musicais. Só que esse não era para ser um debate, e aí...
Ainda bem que nem de Mallu Magalhães e Bonde do Rolê eu gosto... hahah
APJ ??? Quem é ?? O químico ??? O cara que nem liga pro Zeppelin mas conhece Zappa...kkkkkkk. Porra, me formei em biologia e, agora sei, podia ser editor de artes cênicas no Fantástico.
PS: Fofão cortando ?? Kkkkkk...vc nunca viu, nem ela...que foi levantadora e nunca atacou...kkkk. Realmente falár sobre música é prá
quem sofre de inanição intelectual.
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