A Rádio Universidade de São Paulo, uma das melhores emissoras Fm da década de 80, tenta se reerguer. Sob o comando de novas cabeças na direção, muita vontade de inovar e conquistar novos ouvintes, a emissora enfrenta o ranço de nem ser ouvida pela própria comunidade da instituição que a mantém, sobretudo pelo corpo discente. Os poucos jovens e estudantes "antenados", que a ouviam décadas atrás, foram embora há muito tempo.
A nova direção da casa está dando passos certos depois de tanto marasmo. Chamou o competente jornalista e meu ídolo do rádio José Nello Marques para reforçar o time. Chamou também o sempre antenado Ricardo Corte Real para comandar um programa de jazz e blues. Manteve alguns programa atuais como o Toque Outra Vez, Rádio Matraca, o Som da USP, USP sobre rodas, Repórter do Campus, entre outros na grade. Segundo este blog conseguiu apurar, há a intenção de se aproveitar os projetos dos funcionários da estação, há muito engavetados e jamais testados, dando valor à produção e à criatividade dos membros da casa.
Nem tudo são flores na nova emissora educativa. Estreou neste domingo um programa chamado "USP Esportes". A atração é muito ruim, a julgar pelo primeiro programa. Trata-se de um jornal de 60 minutos em que apresentadores e repórteres desfilam as novidades sobre Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos e até Portuguesa de Desportos. Falam um pouquinho do futebol fluminense e alguma coisa do futebol europeu. Os comentários são os mesmos que se fazem em mesas redondas radiofônicas e televisivas, desde o tempo de Nelson Rodrigues e as "Resenhas Facit", da década de 50. Ou seja, nada de novo. Uma tremenda perda de tempo. Está na cara que a idéia dos produtores é ir atrás da "audiência a qualquer custo", já que nosso querido esporte bretão atrai muitos ouvintes. E creio que isso não interesse ao ouvinte que a USP quer ao seu lado. Seria mais honesto que se chama-se "USP futebol". Mas enfim, isso é problemas deles, não meu.
O importante é que a nova USP FM começou com o pé direito. Seus novos diretores resgataram o programa "O samba pede passagem", produzido e apresentado por Moisés da Rocha - o maior pesquisador do samba de São Paulo -, para o seu horário orginial do meio-dia. Nas décadas de 80 e 90, a atração foi o programa de maior audiência da emissora desde que ela foi fundada em 1977. Outras emissoras tentaram copiar o seu modelo de sucesso, atrás da audiência a qualquer custo. Não tiveram êxito porque eram programas de imitação, sem a filosofia e o conteúdo de Moisés da Rocha e da Rádio USP de então, comanda por Luis Fernando Santoro, Mário Fanucchi e André Barbosa Filho.
Aqui neste blog os editores são altamente suspeitos em falar, mas como já externamos esta opinião há muito tempo e por várias vezes, vou repetir: o futuro do rádio está na produção de podcats e webradios pela internet afora. É daqui da web que está surgindo o novo rádio AM e o novo rádio FM. A Rádio Cultura já saiu na frente com o seu Radar Cultural. Apesar das escorregadas, o novo espaço da Cultura AM está revolucionando o jeito de fazer rádio. Para se consolidar de vez, é necessário que a atração também chegue ao FM, mas isto é outra história.
Como sempre comentamos aqui, a indústria da música e das artes em geral passou por uma reformulação gigantesca depois da internet. A Rádio Cultura de São Paulo, a Venenosa FM do Rio, a OI FM, a CBN, a Eldorado/ESPN, a Ipanema FM de Porto Alegre e muitas outras já estão na vanguarda do novo rádio que está surgindo, cada qual a seu modo. E a rádio USP, até por ser uma emissora pública e educativa, não pode ficar para trás. E ficar de fora seria o fim de uma das FMs mais importantes da história da radiodifusão nacional.
4 comentários:
Não sei se o Radar Cultura ocuapria toda a Cultura FM, já que o negócio da FM é música clássica, não vejo muito a ver uma coisa com a outra. Não desmerecendo a música clássica, ams acho que a FM é mais transmissora do que receptora, se é que esse conceito existe...
Mas torço pra que o Radar Cultura ocupe logo 100% da programação da AM.
No mais só quero comentar que das emissoras comentadas na reportagem a CBN é a única que acompanho mais frequentemente... Infelizmente no inteiror de São Paulo a pouca coisa nova e boa que a gente ouve no rádio são as redes, que aliás são poucas. Sabe-se lá quando a BandNews FM chega em Campinas...
Citei a CBN peloe fato de ter colocado uma câmera em seu estúdio principal, dando uma amostra pequena do que ocorre numa emissora jornalística. Quem sabe a própria USP poderia fazer isso também, né?
Ouvi o tal USP Esportes. Ruim. Agora bom é o tal de "Via Sampa", pela seleção musical. Tamném gosto do Madrugada USP apesar de concordar com o que foi dito: tem coisa que nem deveria tocar nem na Antena-1, quanto mais lá na USP.
Também passei a ouvir mais a USP FM, seguramente por causa das inovações. Concordo com o excesso de música estrangeira em alguns horários, mas nada que incomode tanto.
Gostei do Via Sampa, do Por do Sol (17h) e, como bom ouvinte de AM, estou sempre ligado no jornal das 18h, com o José Nelo Marques (Bandeirantes). Gostaria que a rede se integrasse mais (SP e Ribeirão Preto) e sem essa de falar de trânsito, um tremendo desrespeito para o público do interior (deixa a CBN, Jp e outras, com seus helicopteros). Aliás, o que aconteceu com a rádio usp em São Carlos?? saiu da rede??
Micael, a BandNews tem planos de chegar em Campinas, mas acho que eles tão com o pé no freio, já que em SP a coisa ainda não deslanchou. Aliás, bem que a Bandeirantes poderia dar um toque da classe na rádio AM de Campinas. Por lá a coisa é feia e tem até jornalista fazendo propaganda de xampú no meio das noticias, coisa feia!!!
Alessandro Pereira/Jundiaí
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