do Portal Imprensa
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo - professor titular aposentado da Unicamp, consultor editorial da revista Carta Capital e diretor do Palmeiras - vai entrar com uma ação contra a rádio Jovem Pan por calúnia.
Em editorial no dia 13 de fevereiro, a Pan, referindo-se a um texto postado no blog Palmeiras Todo Dia por um internauta que assinava como Luiz Gonzaga, afirmou que Belluzzo promovia uma torcida contra a rádio. Mas o autor do texto não era o professor, que considerou a acusação uma forma de condená-lo por "cercear a liberdade de imprensa ao censurar a rádio Jovem Pan".
O editorial afirmava que "a Rádio Jovem Pan tomou conhecimento de um movimento de protesto que estaria em formação para boicotar as nossas transmissões de futebol envolvendo o Palmeiras. E mais do que isso, quem estaria encabeçando esse movimento seria o Professor Luiz Gonzaga Beluzzo".
Ao citar o professor, a rádio reitera que "é inacreditável e injustificável uma postura como essa. (...) O torcedor não gostar de alguma informação ou comentário é da natureza do futebol. Mas se imaginar um movimento de protesto é de absoluta falta de bom senso". O texto acaba com frase "Lamentável, Professor Beluzzo".
Outro editorial da rádio, do dia 15 de fevereiro, afirmava que o primeiro referia-se na verdade ao artigo "Crítica e Autocrítica", escrito por Belluzo no Terra Magazine, no dia 11 de fevereiro: "A Rádio Jovem Pan mais uma vez lamenta a desinformação que tem envolvido parte da torcida do Palmeiras sobre o trabalho jornalístico que fazemos diariamente no clube. Desta vez a Diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras emitiu nota oficial alegando que a Jovem Pan baseou seu editorial no texto de um internauta desconhecido. A nota oficial do Palmeiras está equivocada".
Ao justificar o primeiro editorial, a Pan afirma que "em nenhum momento disse em seu editorial que o Professor Beluzzo tivesse sugerido a proibição do trabalho da emissora nas dependências do clube. É necessário esclarecer que a Jovem Pan referiu-se na verdade ao artigo assinado pelo professor Luiz Gonzaga Beluzzo e publicado no Terra Magazine".
Para a rádio, o artigo do professor incitava os torcedores a cometer atos de violência: "A Jovem Pan continua lamentando que o ilustre Professor Beluzzo tenha dado guarida em seu comentário a mensagens ofensivas e irresponsáveis que apenas acirram os conflitos envolvendo especialmente as torcidas organizadas".
"Crítica e Autocrítica" menciona a narração do jogo Palmeiras e Guarani, em que o locutor da Pan Rogério Assis teria dito, ao narrar uma embaixadinha: "Se fosse jogador do Guarani, bateria no Valdívia". Com a intenção de condenar "qualquer forma de incitar a violência", Belluzzo escreveu que uma das respostas ao comentarista poderia ser: "se fosse torcedor do Palmeiras, lhe daria umas porradas".
Para o professor, a comparação apenas ilustraria seu ponto de vista a respeito do seu repúdio à violência. Seu texto ainda diz: "Os ululantes retrucam com as armas do preconceito, da intolerância e da apologia da brutalidade, sem falar nos ataques em massa à última flor do Lácio, inculta e bela..."
Repúdio à violência
O ato de incitar violência é considerado crime, cuja pena pode até ser de detenção. Belluzzo acredita que o último editorial da Jovem Pan contribuiu para a "completa falta de respeito pelos valores da sociedade contemporânea". Por tudo isso, ele considera ter sido exposto a uma situação constrangedora.
A Jovem Pan teria procurado o professor para que ele "reconsiderasse", dando uma entrevista na rádio. A assessoria de imprensa do Palmeiras não conseguiu o áudio do primeiro editorial. A Legislação obriga a emissora a manter o áudio pelo prazo de, no mínimo, 60 dias. Caso a Jovem Pan se recuse a entrega-lo, Belluzzo poderá entrar com uma medida de busca e apreensão.
No âmbito criminal, existe grande chance do professor Belluzzo processar o editor-chefe da emissora pelo crime de calúnia; no âmbito cível, ele e o Palmeiras podem processar a emissora e seu editor por calúnia, injúria e difamação. A pena para o crime de calúnia na pessoa do editor-chefe pode chegar à detenção, equivalente ao crime que ele acusou Belluzzo. No âmbito cível, além de um ato de retratação, caberia indenização por danos morais.
Belluzzo disse que "não vai deixar barato. Em 60 dias entro com a ação. Em muitos casos, o jornalista fala o que quer e passa dos limites. Ninguém quis se retratar. Não ligaram, não fizeram editorial e agora vão ter que arcar com as conseqüências Em vez de se retratarem, me atribuíram um crime. Eu não posso ficar calado, porque assim admitiria que o que eles falaram é verdade".
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