As reportagens sobre rádiodifusão clandestina que são veiculadas pela grande mídia caem em dois tipos de problemas. Ora são maniqueistas demais, ora são simpáticas em demasia. Nessa segunda categoria está o texto assinado por Rodrigo Bertolotto, publicado no UOL, sobre as rádios destinadas à comunidade boliviana que mora em São Paulo.
Esse tipo de emissora descrita na reportagem incorre em uma dupla infração ao Código Brasileiro de Telecomunicações. A primeira é o óbvio caráter ilegal das transmissões. Além disso, é proibida qualquer transmissão rádiofonica aqui no Brasil que não seja em língua portuguesa. Mesmo que um dia possa vir a acontecer a legalização, essas rádios não poderão ter programas falados em espanhol ou em idiomas locais.
Há algum tempo, a jornalista Laura Mattos, da Folha de S. Paulo, informou sobre o problema vivido por uma rádio educativa de Goías: ela tinha em sua grade de programação um programa de uma hora falado em Nheengatu, língua que oriunda do Tupi-Guarani. O escritório regional da Anatel tomou conhecimento do fato e acionou o Ministério das Telecomunicações. Seus burocratas tiverem um belo abacaxi para descascar: o Tupi-Guarani, idioma falado aqui pelos índios nativos, é uma língua estrangeira ou não?
O jornalista Bertolotto exagera quando diz que os integrantes da comunidade boliviana de São Paulo são vistos nas ruas apenas aos domingos. Isso porque ele não passa durante a semana pelos pontos de ônibus que ficam próximos ao prédio da Polícia Federal, em São Paulo.
Algo a se lamentar é o fato dessa reportagem estar uns 10 anos atrasada. Esse fenômeno das rádios bolivianas é comum desde a primeira metade da década de 90, quando a radiodifusão pirata passou a ganhar força no país com a absolvição do jornalista Léo Tomaz, processado por manter no ar a Rádio Reversão, na Vila Ré, zona leste de São Paulo.
As rádios piratas só entraram agora na pauta das redações de rádios, televisões, jornais e grandes portais após ser deflagrado o caos áereo no páis. As emissoras clandestinas foram responsabilizadas por colaborar, em parte, com a situação, graças a interferência do sinal emitido pelos transmissões (caseiros em sua grande maioria) na comunicação dos aeroportos e aeronaves, tornando mais difícil o processo de pousos e decolagens.
4 comentários:
O problema não é o idioma que é falado, mas se eles tem autorização para operar ou não. O resto é detalhe como dizia um técnico da seleção aí.
Claro que não é detalhe, Zé, larga a mão de ser mal humorado. Se os caras forem pegos pela fiscalização estarão duplamente lascados.
E a única atitude da ANATEL é espalhar a campanha contra a pirataria com o áudio da reportagem da Rádio Bandeirantes com o Pastor Vidente. Só isso.
pra seu informe, a radio que mais causa interferencias sao as transmissoras da cbn....
vc acredita nessa estoria que a midia vende pra voce?! quem 'e dono do ar?!
abraco
(desculpe, nao tem acento no teclado)
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