segunda-feira, 26 de junho de 2006

Vejo algo em minha bola de cristal!

Não, não sou a Mãe Dinah. Muito menos o Pai Galo. Mas acho que algo muito interessante para o Rádio está para acontecer.
Na primeira metade da década de 80, inventaram um negócio chamado "segmentação". As AMs eram fortes, tanto em conteúdo quando em audiência e o FM ainda engatinhava. Então, como ferramenta para alcançar o AM, surgiram no FM as "rádios rock", "rádios pop", "adulto contemporâneo", etc. Eram emissoras que buscavam um tipo de público específico. Fizeram sucesso e essa ferramenta domina o FM hoje. Qualquer rádio tem o seu estilo, que busca um tipo de público e toca determinado tipo de música. Você não espera ouvir Banda Calypso na Transamérica, assim como não vai ouvir Metallica na Nativa.
Essa mudança ocorrida recentemente na Rádio 89 FM, agora "A Rádio Play", é um sinal de que algo está mudando. A cúpula da 89 descobriu que seus fiéis ouvintes preferem ouvir os sons da moda, como a Black Music, do que ficar enclausurados no estilo Rock 'n' Roll. Ou seja, a segmentação parece não estar surtindo o mesmo efeito que antes. Então, pelo menos por enquanto, a 89 mistura o seu know-how em Rock 'n' Roll com esses "sons da moda". Nâo sei se esse é o estilo definitivo que a rádio deve adotar, mas pelo menos é o que está indo pro ar nesse momento.
Aliás, quando foi criado o estilo de "Rádio jovem", provavelmente já se previa esse tipo de mudança no gosto do público. Numa rádio jovem, o playlist é mais abrangente, indo da já citada Black Music até, por que não, o Rock. Quem não se lembra da época em que a Jovem Pan se empolgava com o verão e tocava até Axé?
Junto com essa mudança, temos o avanço das webradios, que vêm ganhando espaço e aparecendo cada vez mais em matérias na TV, revistas e jornais. Estão deixando o seu nicho e avançando sobre as emissoras convencionais. Logicamente, isso não vai acontecer hoje e agora... é um jogo de paciência, que levará um certo tempo.
Na rádio onde trabalho, por exemplo, não existe segmentação na programação musical. Na Ràdio Fenix (www.radiofenix.net) é possível ouvir artistas como Black Eyed Peas, Daniel e Detonautas num mesmo bloco musical. Porque? Porque é essa mistura que o público procura. É essa diversidade que faz com que as pessoas digam: "Nossa, que legal. Vocês tocam de tudo, né? Gostei..."!! Independente do meu gosto pessoal, acho que esse pode ser o destino das rádios convencionais. Algumas vão deixar essa segmentação de lado para atender o gosto dos seus ouvintes. Se uma rádio toca de tudo, uma pessoa com gosto musical eclético vai ficar sintonizada numa emissora por mais tempo e não precisará mudar de emissora a cada música que começa.
Esse é o fator surpresa, de que tanto falo aqui no blog. Na minha humilde opinião, uma emissora não precisa deixar de lado o seu segmento para fazer uma programação de bom gosto e que surpreenda o seu ouvinte, tocando músicas que não estariam normalmente na programação. Mas se fugir da segmentação for a solução para o avanço do Rádio, vamos então à ela.

6 comentários:

Anônimo disse...

São boas as observações e, como vc mesmo disse, são apenas previsões. Mas que esse tal de fator surpresa deve ser estimulado, isso sim é verdade. É quase impossível ouvir a maioria das FMs de São Paulo (falo de SP por que não costumo ouvir as FMs do Rio, BH, etc. A cada duas horas repetem as mesmas músicas, as vezes até a mesma sequencia. Raramente incluem um sucesso das antigas ou um novo artista, diferente do que estão acostumados a tocar. Seja nas populares Nativa ou Gazeta, nas jovens Mix e JP e, já que é pra falar, até nas jornalísticas CBN e BandNews...uma musiquinha instrumental ou um jazz, por exemplo, enriqueceria a programação.

Anônimo disse...

não concordo com a idéia de se misturar tudo, tem que haver a segmentação, em Sõa Paulo quando quero ouvir rock antigo ouço a Kiss, se que ouvir um som alternativo, vou para a Brasil2000 e quando queria ouvir os hits pulava para a 89FM, coisa que não posso fazer mais, sou otimista e vou esperar para que alguma emissora venha a ocupar este espaço e que não seja nenhuma das citadas acima pois perderia mais uma alternativa.
Não da para aceitar você está ouvindo um Pearl Jam, REM ,mesmo sendo comerciais,e logo em seguida vem uma Madona, Mariah alguma coisa.

Anônimo disse...

concordo com vc Marcos, mais em alguns pontos, sera q essa seguimentação significa ficar igual as outras radios?, tudo bem misturar quase todos os estilos com o rock, mais q seja uma maneira diferente das outras, como a brasil2000 faz.
Espero q ela tb naum pense da mesma maneira q as outras, pois sua programação esta boa, misturanto brasileira com alternativo, com rock das antigas e com alguns sucessos de agora, q naum sejam black.

Anônimo disse...

Olá,
trecho:
Considero um erro as rádios web tentarem ocupar o papel que as FMs vinham exercendo até agora. A internet é uma vitrine e não um meio ou, pelo menos, é
um meio muito caro de distribuição. É uma banda para cada ouvinte e o preço da banda ainda é muito caro.
Fim do trecho
Eu concordo plenamente e acho que essa parte do comentário acima é uma das principais nessa questão. Mas ainda existe algo que deveria ser conciderado. Além de ser um meio caro de distribuição a web é um meio caro de recepção!!!! Fico me perguntando até quanto exatamente o rádio ainda é democrático. Estamos no Brasil e não em algum paiz extremamente desenvolvido, é bom não esquecer disso. Sempre ouvi rádio desde pequeno mas só agora recentemente consegui ter acesso a web de alta velocidade. A grande maioria dos meus amigos, justamente a galera que curte um som mais alternativo ainda não tem esse recurso, salvo no trabalho onde parece que cada vez mais está difícil ouvir rádio pela net. Além disso o rádio precisa ser encarado como um veículo informativo e de intretenimento ao alcance de todos certo?
Lamentavelmente esse "sufoco comercial" pelo qual as rádios estão passando está disvirtuando cada vez mais o rádio do que ele realmente deveria ser. Gostaria de lembrar o exemplo de algumas rádios comunitárias, especificamente a sp rock, que já há muito tempo está fora do ar. Ela sim era uma rádio rock, com programação de qualidade, gente que entendia do assunto na programação e com alguns programas alternativos ao rock (programa jah live, por exemplo conduzido por três profundos conhecedores da música jamaicana). Claro que havia falta de profissionalismo, os programas às vezes não entravam na hora cert e tudo isso, mas não é nem disso que eu queria falar. O negócio com a sp rock é o seguinte: eles tinham um público relativamente pequeno, não tinham a esperança de almentar muito mais esse público, e pareciam ser concientes disso. Agora vamos aos fatos:O que vende zilhões de cópias no Brasil é pagode e funk ou qualquer outra coisa semelhante que, em minha opinião, não tem qualidade nenhuma. O público que curte rock é pequeno, exigente e não vai almentar significativamente de uma hora para a outra nem vai se tornar menos exigente. Qualquer rádio que queira ser rock e tente ao mesmo tempo alcançar zilhões de pontos de audiência irá falhar, porque o público que realmente curte rock não é e nem vai passar a ser repentinamente um público tão grande. Então acho que as rádios deveriam, ao escolher um seguimento, simplesmente respeitar as características e o tamanho do grupo que querem atingir. Há algum tempo li aqui outro comentário sobre a unificação jornalísticas de todas as emissoras do grupo bandeirantes. Esse é um exemplo do "sufoco comercial" pelo qual as rádios estão passando, se descaracterisando e se destruindo só, notem, não por causa do lucro mas sim por cause de uma vontade de obter lucros cada vez maiores sem limites., A continuar andando dessa forma o rádio cada vez mais vai deixar de ocupar sua função e se tornar numa grande cópia da tv, com as emissoras todas competindo pelo programa mais medíocre ... Se chegar a isso vou ter de deixar de ouvir rádio tal como deixei de assistir tv há muito tempo. Os controladores das emissoras precisavam pensar melhor no que o rádio tem como função. Do contrário um dia, tal como também a tv irão pagar caro por distruir o mais fantástico meio de comunicação alguma vez criado. Antes que vocês me ofendam pelo longo comentário só quero dizer mais uma coisa ...
As rádios web NÃO são uma solução, ao meu ver, por dois motivos:
1- Tal como já citei é caríssimo ouvir rádio pela web.
2- Só iriam procurar rádios web especializadas as pessoas que já tem algum gosto ou opinião formada. O rádio perderia portanto a capacidade de ajudar as pessoas a almentarem conhecimentos e aprenderem a gostar de novas músicas. Eu por exemplo aprendi a ouvir reggae com o Programa Jah live da sp rock, e hoje sou um ouvinte inveterado de reggae. Também passei a ouvir mais classic rock quando a kiss (a primeira kiss ...) entrou no ar e, definitivamente, amadureci ouvindo a bandeirantes, a cbn, a eldorado e a pan e comparando as análises, ouvindo, concordando ou não, entre outras coisas. O rádio me ajudou a conhecer novas tendências, a formar opiniões e penso que se fosse pela web onde nós procuramos o conteúdo e não ele nos procura, a situação teria sido um pouco diferente.
Valeu!
Marlon

Anônimo disse...

Gostei de ler. É isso aí. Já que infelizmente os profissionais e proprietários de rádio se recusam a discutir ou a pensar no futuro do rádio, nós, ouvintes e aprendizes de feiticeiros radiofônicos é que temos de fazê-lo. Como vocês podem ver, ninguém foi alijado do seu direito de escrecer o que pensa simplesmente porque fizeram bom uso deste precioso espaço. É bom constatar que os ouvintes já perceberam há séculos que o rádio está em transformação, independentemente da internet ou não. Quem não perceber estes sinais, reafirmo, sucumbirá sem deixar rastros.E vai caber a nós, leitores e ouvintes-amantes do rádio, dar o tom dessas mudanças para os demais usuários desse veículo tão genial. Não é à toa que este blog tem mais de mil acessos diários, o qúe é uma grande marca para blogs dentro desta categoria. Parabéns para todos nós.

Anônimo disse...

O problema não é a segmentação ou não de uma emissora, mas sim, a falta de qualidade na programação, independentemente do seu estilo. A Gazeta FM, a Band FM e a Nativa, não são boas rádios de artistas populares porque são movidas a jabá e do grosso, impondo "talentos" de cima para baixo. A 89 FM nunca mais foi arádio do rock, desde que deixou de buscar a novidade e se acomodou ao mero consumo da carne seca. A CBN e a Band News não serão boas emissoras noticiosas enquanto não investirem de verdade no jornalismo sério, aquele em que o repórter vai para rua e não fica esperando somente o que chega ao seu terminal de computador. E por aí vai. Tanto é verdade que a Cultura FM é a maior prova disso. Apesar de ser uma emissora eminentemente voltada para a música erudita, ela abre espaço para outras formas de manifestação musical, sem jamais abrir mão da qualidade que lhe é peculiar. Isso é que vale. O resto é colóquio flácido para ninar bovino, como diria José Nello Marques.