RÁDIO CIDADE VAI VIRAR OI FM
Jornal O Globo - 17/02/2006
Operadora de celular lançará sua emissora no Rio
A Rádio Cidade FM, do Rio, vai dar lugar no dial à Oi FM. Será a sexta emissora de rádio da rede controlada pela operadora de celulares do Grupo Telemar. O contrato foi assinado esta semana e a troca deve acontecer em março, mas ainda faltam detalhes operacionais para a estréia. O dono da Cidade FM, José Antônio Nascimento Brito — que arrendou a marca “Jornal do Brasil” para a Docas Investimentos — manterá no ar a JB FM.
A rede Oi FM é gerada a partir de Belo Horizonte, em uma parceria entre a Oi e o Grupo Bel, de Minas Gerais, que transmite a MTV fora do eixo Rio-São Paulo. A rede não usa satélite, mas a própria linha de fibra ótica da Telemar, para transmitir sua programação para Belo Horizonte, Uberlândia, Recife, Fortaleza e Vitória. A transmissão é adequada às características de cada cidade, com alguns programas locais e música adaptada ao público-alvo regional.
Segundo a gerente-geral de Marketing do Grupo Telemar, Flávia da Justa, a rede de rádio faz parte da estratégia da operadora desde 2002, de trabalhar o chamado marketing de conteúdo. Ou seja: posicionar a marca da Oi gerando conteúdo próprio, seja por meio de revistas ou programas de TV e rádio.
A música é importante, pois está associada a serviços que podemos oferecer, como videoclipes para download ou ringtones (toques para celular).
Depois do Rio, a Oi FM quer chegar a Salvador, fechando, ao menos por ora, sua expansão. A nova rádio tem um número menor de anunciantes, trabalhando mais com patrocinadores, pois a principal intenção é veicular a marca Oi e gerar tráfego para a operadora.
Em Belo Horizonte, já estamos entre os líderes de nossa faixa de público — disse Flávia, explicando que o alvo são homens e mulheres de 20 a 40 anos, das classes A e B.
A Rádio Cidade, que sairá do ar, foi uma das FMs que revolucionaram o padrão do rádio brasileiro no fim dos anos 70. Nos últimos anos, mantinha uma programação voltada para o rock — e, ironicamente, deixará o dial poucas semanas depois dos megashows de Rolling Stones e U2 no país.
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Marcelo Delfino, Do Tributo ao Rádio do Rio de Janeiro
O fim da Cidade FM, no estado em que ela está terminando, lembra muito o fim da Fluminense FM em 1994. A Cidade FM atual tem algo semelhante à Flu de 1994: ambas foram emissoras queridas e pioneiras no Rio (a Cidade como a primeira rádio pop, em 1977, e a Flu como a Maldita, entre 1982 e 1985). A Flu FM era uma caricatura de si própria, quando acabou. E a Cidade FM, ao deixar de ser uma excelente rádio pop, passou a ser uma caricatura de "rádio rock". Coisa que jamais foi. A farsa da "Cidade - A Rádio Rock" vai acabar, finalmente. A rádio era, sim, uma emissora pop de mauricinhos dirigida a mauricinhos, ao contrário do que Camille diz.
Quanto á vinda da Oi FM, que está arrendando os 102,9 cariocas, é cedo para dizer se será positiva ou não. Dizem que ela está igualzinha à Paradiso FM 95,7. Isso é negativo, pois seriam duas rádios com a mesma planilha musical.
Dizem que a Oi FM não tem jabá. Será mesmo? Só ouvindo pra crer. De negativo, temos a demissão dos funcionários da Cidade FM, pois não sabemos se a Oi FM 102,9 terá uma equipe para produzir a programação local, como fazia a Cidade. A equipe não fará os programas transmitidos pela rede Oi, que são gerados em Belo Horizonte.
Quanto ao possível arrendamento da JB FM 99,7 para a Globo FM, isso seria extremamente positivo. Pois enquanto a Globo FM ainda faz falta, a JB vem se esforçando inutilmente para imitar e ter mais audiência que a Antena 1 FM 103,7.
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Está aí algo realmente relevante para ser discutido, sobretudo se você é ouvinte de rádio no Rio de Janeiro. Deixe sua opinião nos comments, ok?
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Tal qual esse blog antecipou há pouco mais de um ano, estamos no limiar de uma nova era: a das redes de rádios customizadas, tal qual já acontece com várias revistas. Se formos pesquisar direito, isso aqui no Brasil não é nem novidade. De certa forma, em seus inícios, o rádio e a TV funcionavam desta forma. Quem já não ouviu ou ouviu falar dos programas que carregavam o nome de seus patrocinadores como Gingana Pullmann, Grande Teatro Nestlé, Rádio Revista Playboy, Grande Circo Cremogema e outras atrações do gênero? Nestes casos os anunciantes e suas agências de publicidades eram responsáveis diretos pelo conteúdo do programa. Ao longo dos tempos este tipo de configuração foi diluído em ambas as mídias por meio dos patrocínios, cujos patrocinadores, que "financiam" o programa e têm a sua marca veiculada à atração. Exemplos?
Pilhas Eveready (O pulo do gato, Rádio Bandeirantes,década de 70 e 80);
Rede Zacarias de Pneus (Terceiro Tempo, Rádio Jovem Pan,década de 80);
A Impecável Maré Mansa (A Turma da Maré Mansa, Rádio Tupi-RJ e Rádio Globo, década de 80);
Mappin (Ciranda da Cidade, Rádio Bandeirantes,décadas de 70 e 80);
Relojoaria A Suissa (Programa Gil Gomes, rádios Globo e Record, década de 80);
Pepsi (American Top 40, Jovem Pan FM, 1987-1989);
Jeans Tarka (Mister Sam, rádios Excelsior FM, Difusora FM e Metropolitana FM, 1979-1982);
Não creio que haverá o mesmo problema do jabá numa emissora dessas. Afinal, a grande reclamação dos jabazeiros não seria a falta de anunciantes e de investimento do mercado publicitário na mídia rádio? Então, ao menos em tese, o problema do pagamento do custo está resolvido. Como foi dito na reportagem, a OI FM vai funcionar como veículo de divulgação dos produtos da operadora.
Mantendo as devidas proporções, isso equivale ao uso que o governo deveria fazer das emissoras educativas, com o intuito de usar o rádio e a Tv como instrumentos paraeducativos e não só de entretenimento "comercial".
Se esta breve análise estiver correta, não é exagero dizer que a radiodifusão comercial tal qual conhecemos hoje estará com seus dias contados. Exceção feita às estações jornalísticas ou públicas educativas, as demais - populares, jovens, etc. tendem a desaparecer.
4 comentários:
Não sei se isso mudou, mas da vez que ouví a Oi FM ela não tinha locutores, toda a programação é gravada. Não preciso nem dizer se isso é bom ou ruim, não é??? Em relação a ser uma "nova era" ou não, acho que ainda é cedo para pensar nisso. São pouquíssimas marcas que atuam no Brasil e tem cacife para bancar uma rádio inteira com o seu nome. Ah, e cadê a Itapema em SP????
Creio que não, Marcão. O rádio brasileiro já está segmentado, em bases erradas, mas está. Daí para a sua "customização" é um pulo. A Brasil 2000, por exemplo, vive para fazer publicidade e divulgar os interesses da Universidade Anhembi Morumbi. A USP FM está aí para divulgar e promover a interação entre alunos, professores, pesquisadores e funcionários da instituição. É quase uma "house organ". Não é para menos. O custo mensal de uma rádio FM é relativamente baixo, se comparado com a de uma emissora de tv. Lembre-se que já tivemos uma rádio Philips no Brasil. E o que dizer da Sony Enterteniment Television, TV Sesc / Senac, Rádio Câmara, TV Senado, Rádio Verde Oliva (Exército Brasileiro) e Rádio Aparecida? Como disse, a customização já existe há anos. Resta saber a que velocidade isso vai se dar na iniciativa privada. Quem não me garante que a Coca-Cola ou a Kaiser não estejam planejando montar uma rede de rádio, hein? Pense nisso.
uma pena a radio cidade ter saido do ar nao acredito até agora uma radio otimo que fazia varias promoçoes aos ouvintes uma radio ativa programaçao otima uma pena mesmo de ter saido no ar no rio! enquanto a essa oi fm sei nao como disse ai em cima até agora tudo gravado e chato
Esta faltando uma radio estilo ELDO POP no dial...A programação de certas radios é um nojo...
Nao aguento mais ouvir pagode, sertanejo e funk....
A JB e ANTENA 1 devem continuar com sua programação voltada para o FlashBack
É só
Um abraço a todos
Morais - pu1mav@gmail.com
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