segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Crise na Brasil 2000 - parte 2

Nostalgia não dá futuro
Por André Barcinsky
do web site Garagem

Essa foi uma frase que repetimos à beça nas últimas semanas, sempre em resposta à pergunta "por que o Garagem saiu da Brasil 2000?" Bom, pra resumir, saímos, basicamente, por dois motivos: o primeiro é que a rádio não nos queria mais lá; o segundo, é que, no UOL, vamos ter "n" vezes mais ouvintes que na rádio (a Brasil 2000 está em 30º lugar de audiência em SP e pega mal na maior parte da cidade, enquanto o Garagem na Internet pode ser ouvido por qualquer um que tenha conexão, mesmo que discada).

Nós propusemos à direção da rádio continuar transmitindo o programa, simultaneamente com o UOL, mas eles não quiseram. Não queríamos perder os ouvintes sem acesso à Internet, mas infelizmente a rádio não concordou. Na verdade, o Garagem já ia ser tirado da programação da emissora, conforme nos informou o diretor da Brasil 2000, Antonio Carvalho. A desculpa é de que "não haveria espaço para dois programas seguidos", agora que o "Prorrogação", com Nasi e Casagrande, havia sido colocado às 8 da noite, antes do Garagem.

É claro que ficamos chateados. Estávamos na Brasil 2000 desde 1999, criamos uma audiência fiel e muito bacana. Mas a verdade é que o Garagem nunca foi querido dentro da rádio. Em seis anos, nenhum diretor ou chefe de programação jamais nos ligou para dar uma sugestão ou fazer algum comentário sobre o programa. Nunca fomos chamados para opinar sobre a programação da emissora.

Chegamos a nos oferecer para colaborar com a programação normal da rádio, sem ganhar um tostão (o Paulão chegou a fazer um boletim sobre esportes no jornal matutino). Mas, sempre que nos ligavam, era para reclamar de alguma coisa. Minha impressão é de que o Garagem só ficou lá todo esse tempo por causa de nosso público.

Sem a Brasil 2000, duvido que a gente consiga voltar para o dial tão cedo. Eu trabalho em rádio, entre idas e vindas, há quase 20 anos (apresentei meu primeiro programa em 1986). Juro que nunca vi um meio tão corrupto e chefiado por pessoas tão sem capacidade. A rádio FM no Brasil, com raras exceções, é o refúgio dos incompetentes e rancorosos.

Bom, bola pra frente. Vamos pro UOL, fazer um programa foda. Se alguma rádio nos quiser, estamos aí. Se não quiserem, é porque não nos merecem e não merecem nossos ouvintes.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parece que este texto é um bate-papo entre eu e o André. é impressionante como os REAIS profissionais de rádio reclamam (e com razão)da falta de profissionalismo de algumas pessoas (leia-se: diretores)pogramações de gosto duvidoso e pior: não dão valor à aqueles que que fazem rádio não por dinheiro, mas por muito, muito prazer, como era o caso do garagem...Eu, como radialista, sei muito bem o que é vc ser ignorado, mesmo colaborando com o crescimento da rádio...O rádio está perdendo o fôlego e seus profissionais saindo do dial...quem aqui pode dizer quantos bons profissionais de rádio: locutores, sonoplastas, produtores, etc, sairam do rádio p/ investir em algo com retorno??? Muitos.....é triste mais é verdade. Com certeza o garagem vai se dar bem no UOL...

Anônimo disse...

E pensar que o programa Garagem conseguiu um feito há alguns anos, acho que inédito, de fazer a Rede Globo através do Programa Video Show mostrar uma rádio que não fosse do seu conglomerado. Não acreditei no que vi: a Globo mostrando os bastidores da Brasil 2000 e do programa Garagem.

Anônimo disse...

Realmente é uma pena que a Brasil 2000 acabe. Eu a conheci com 11 anos de idade, em 1987, no tempo em que ela tocava de tudo. Lembro de um programa que tinha no começo da tarde, que era apresentado por um casal de locutores (o locutor tinha o sobrenome Viana, se não me engano) aonde o ouvinte votava entre duas músicas e no final a vencedora ganhava. Eu era fã do Kid Abelha e ligava várias vezes para o Kid Abelha ganhar...hehehe Era um programa simples e interativo, o ritmo da rádio era mais "calmo", e eu sempre conseguia ser atendido, ao contrário das outras rádios, cujo telefone só dava ocupado. A rádio tinha um clima de "interiorana", sei lá. Eu me sentia ouvinte "de verdade" nessa época da Brasil 2000.

É uma pena.
Meus pêsames.

P. S.: e enquanto isso, a Paradiso continua sem encontrar espaço no dial aqui de São Paulo...

P.S. 2: apesar da digitalização que está por vir, é preocupante que o FM - que ainda é a única frequência em que se pode ouvir música com som de qualidade - venha se tornando cada vez mais falado e menos musical, graças ao Grupo Bandeirantes, ao Sistema Globo e às "igrejas" do tipo pequenas igrejas grandes negócios. Que desperdício...

P. S. 3: vocês já repararam que a Bandeirantes já acabou com 3 opções de rádios musicais, sendo 1 de gosto discutível, mas de grande tradição (Cidade, depois Sucesso FM) e 2 de qualidade (Brasil 2000 e VIP FM 90,9)? Aliás, a VIP estava com uma programação fantástica no seu final, e com o sinal muito bom aqui em SP. Tudo isso é muito triste...eu não sei mais o que se pode entender pelo conceito de concessão pública.