quarta-feira, 2 de março de 2005

Sobre a Mix de João Pessoa e outras rádios daqui

Olá, pessoal, voltei. O negócio é o seguinte: até agora não achei nenhum jovem, nem no centro, nem na periferia que tenha falado ou comentado que ouça ou esteja gostando da Mix. Falei com todos os meus primos menores de 18 anos (nove ao todo) e ninguém, nenhum amigo deles disse ou comentou algo. Já rodei a metade da cidade e também não vi nada que remetesse à chegada da Mix FM de João Pessoa nas ruas. Aliás, o Correio da Paraíba, dono da nova Mix está arrastando é a cachorra - pelo que percebi - porque todos os anúncios do governo estadual vão quase todos para o grupo do Jornal da Paraíba, que é dona da TV Cabo Branco, afiliada à Rede Globo, e agora é também a mais nova afiliada da rede Jovem Pan Sat que, por sinal, está arrebentando com o concurso de beldades "As Sete melhores da Pan".

Pelo que a gente conseguiu apurar, o grupo do Jornal da Paraíba é intimamente ligado ao atual governador do Estado. No dia em que ele tomou posse, em 2003, o diário soltou um caderno especial de 20 páginas sobre sua "vida e trajetória política". Na TV Cabo Branco saem mais anúncios sobre as obras do governo do Estado do que comercial das Casas Bahia aí em São Paulo, eehehehe.

Vocês lembram do Tony Show, o "Ratinho do nordeste", que fez a campanha do José Serra no rádio em 2002? Pois é, ele saiu da rádio e tv Correio e está com o seu programa na TV "O Norte", dos Diários Associados, afiliada à Rede Bandeirantes. O moço é só elogios ao chefe do executivo paraibano. Além do mais, é um dos maiores promotores de eventos e shows aqui na capital e em Campina Grande.

A Rádio Tabajara, apesar de ser do governo do estado, continua naquela coisa tucana de ficar em cima do muro. Tem um radiojornal regional de manhã cedo e o resto do dia só música (MPB). Parece-me que ela não é mais ligada a Rádio Jovem Pan AM, mas ainda não consegui conferir.

A Correio FM, mesmo com a saída do Tony Show, parece que não mudou muito. O que segura as pontas da audiência é o programa do Mussão, que é produzido em Recife pela rede Estação Sat e restransmitido aqui no horário da tarde. Vou tentar apurar melhor, assim que puder.

As duas emissoras que comandam a audiência são a Tambaú FM e a 103 FM, ambas especializadas em forró a "adjacências". É o que a gente percebe ouvindo e conversando por aí. Não sou aquele grande instituto para fazer pesquisa, né? São só impressões de viagem. Afinal, infelizmente, não vim aqui para isso, mas como achei uma casa de internet, estamos mandando o que a gente conseguiu ouvir e perceber até o momento, certo?

Agora uma coisa é certa: a publicidade governamental é fundamental para as emissoras de rádio e TV daqui e de quase todo nordeste. Ir contra o governo é difícil, principalmente no setor jornalístico. Na sexta-feira, por exemplo, o Tribunal Regional do trabalho daqui decretou abusaiva a grave dos fiscais e funcionários da Secretaria Estadual da Receita, responsável pela arrecadação dos tributos por aqui. Na segunda, até onde deu para acompanhar, apenas as rádio Correio e TV Correio comentaram que haveria uma assembléia da categoria para saber se voltariam ou não ao trabalho por volta das 16h. Nos noticiários da noite, até onde tentei ver e ouvir, silêncio geral. Nenhuma notinha sequer. Se alguém deu, não consegui ouvir ou saber de alguém que tenha ouvido. O JPB TV, uma espécie de SPTV aqui do Estado, não deu um pio. Um vizinho meu disse que, se a TV Cabo Branco não deu, é possível que ninguém mais tenha dado também, a não a ser no jornal. Por que não falaram do fim da greve e da possível demissão em massa dos assessores diretos do secretário da receita, eu não sei ao certo. Mas quem esperava pela notícia para poder resolver seus problemas com o fisco, como era o meu caso, não a teve na hora certa.

Felizmente a grave acabou na terça-feira para minha sorte, que tinha um monte de pepinos para resolver. Mas ainda pude ouvir a reclamação de uma comerciante que foi regularizar suas notas fiscais que, ainda na sexta feira, o comando de greve da categoria a retirou de lá junto com o pessoal da secretaria que ainda estava trabalhando na "Casa da Cidadania", uma espécie de central de prestação de serviços públicos local.

Apesar dessas peculiaridades da mídia paraibana, é curioso notar que boa parte da programação, tanto de rádio como de tv, é gerada para todo o Estado. Os grandes grupos de comunicação possuem concessões na capital, em Campina Grande e outras cidades menores. Apesar da maciça propaganda governamental e das emissoras arrendadas pelas várias denominações evangélicas, dá para perceber que o varejo investe muito em tv e rádio, sobretudo as grandes redes locais. É diferente do que acontece em São Paulo capital por exemplo. As tabelas de preço são baixas em relação ao mercado paulistano. E, às vezes acaba gerando breaks quase intermináveis na grade local. Deve ser a guerra pela sobrevivência, sei lá.

Os governos estadual e municipal não são do PT. Coincidentemente não vi quase nada de propaganda do governo federal por aqui, nem as mensagens instucionais. Será que o governo federal despreza governos de outros partidos?

Bom, por hoje chega, se eu descobrir mais alguma coisa, conto quando voltar de viagem. O calor aqui é muito forte. Se alguma fábrica de ar condiconado ou ventilador quiser investir em propaganda aqui é uma boa pedida, visse? Vou me já porque o teclado está quase derretendo. Até outro dia.


Marcos Ribeiro
em João Pessoa - PB

Nenhum comentário: