terça-feira, 23 de dezembro de 2003

Rádio América respeita o ouvinte

Olá, amigos da Rádio Base

Há muito não me sentia respeitado como ouvinte. Felizmente, desde setembro deste ano, a rádio América (1410 Khz) modificou sua programação, seguindo o lema de que audiência sem qualificação é ilusão. Tive a oportunidade de comprovar uma coisa simples, mas quase impossível de acontecer nas chamadas rádios populares ou jovens. Por duas vezes, em períodos distintos, liguei para a emissora e pedi músicas que há muito tempo não escutava num programa de rádio, ao menos nas emissoras que escuto com freqüência.

Não só tocaram na seqüência daquela que estava no ar, como fui atendido pelo próprio apresentador! Tratou-me pelo meu nome e agradeceu-me no ar. O apresentador em questão é Lino Alves, que conheci apenas nessa nova programação da América. Seja como for, por mais simples que seja, sabemos que as emissoras de rádio há muito perderam esse contato e respeito para com o ouvinte, tratando-o como idiota e induzindo-o a ouvir o pequeno número de músicas que fazem parte de seu “play list”. Por essas e outras, acredito que a nova América é, sim, uma das boas novas desse ano que termina. Sugiro que escutem quando puder. Vamos prestigiar o que é bom.

Em tempo: as músicas que pedi e que não escuto tocar no rádio são antigos sucessos da Alcione e da Clara Nunes. Que não tocam na Nativa, Band, Gazeta, etc. e não fazem parte do playlist na Nova Brasil FM. Nessa última, pedi uma música recente da grande Elza Soares e a atendente riu, sem pudor, da minha sugestão musical. Lamentável.

Alessandro Pereira
Jundiaí - SP


Fez-me lembrar quando era mais novo e a gente sempre dava um jeito de ligar para as rádios pedindo as músicas que queria ouvir. Na minha turma de colégio tinha o Zé da Paulicéia, que era o único que estava desempregado, e vivia ligando para uma rádio nova, que se chamava 89 FM, e praticamente fazia metade da programação só com as sugestões que ele dava. O Zé pedia, a 89 tocava e a gente ouvia no serviço. à noite a gente combinava o que ele iria pedir no dia seguinte. Um dia o Zé ficou doente e eu mesmo, do orelhão do restaurante da Ford Ipiranga resolvi pedir: "alô, já que vocês tocam tudo que a gente pede, não daria para rolar aquela música 'sun City' daquele grupo contra o Apatheid?", indaguei. "Sem problemas. A gente ainda não rolou, mas vai tirar da discoteca e por na programação. A que horas que você quer ouvir?", perguntou o atendente a rádio?". "Pode ser depois das 23h30? Porque aí deu tempo de toda a minha turma chegar da escola e ligar na rádio". "Ô, você é que manda, chefia.", disse a voz do outro lado, antes de perguntar de onde eu era, onde a gente estudava, etc."

À noite, no horário marcado, a 89 rola "Sun City", do United Artists Against Apartheid ("aquele monte da artista contra o apartheid"). Em seguida, o locutor abre o microfone e diz o nome da música, a banda e dispara:"essa vai pro pessoal do ABC paulista, da turma de 4º ano de Eletrõnica do Colégio Anchieta, em São Bernardo: o Marcos, o Zé e o caras, que vivem ligando para cá dando ótimas sugestões de músicas para gente rolar na programação. Valeu, galera do ABC".

Nossa, isso rendeu assunto pra mais de um mês no colégio. Só não superou a vez em que um certa candidata a deputada estadual, mulher do então prefeito, foi à escola fazer um comício disfarçado de palestra com cada uma das turmas dos cursos noturno. Mas isso eu conto em outra postagem. Cobrem isso de mim depois, ok? Ah, bons tempos em que se fazia rádio para os ouvintes, não?

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