Magaly Prado, da Folha Online
A América, tradicional AM que vem há décadas colocando no ar o estilo popular, vai radicalizar a partir de 8 de setembro. Pelo menos é a intenção do padre Manuel Quinta, responsável pela rádio dos padres Paulinos. Cansaram da programação de comunicador de AM. Querem renovar. Para tanto convocaram uma equipe de jovens para tocar um projeto totalmente ao inverso do que hoje existe na América.
"Temos de mudar. Queremos dar ênfase ao autor brasileiro. Enaltecer os valores humanos, mas sem pieguice", disse o padre referindo-se àqueles que rezam em pleno ar e exploram o sentimento, as carências e as dificuldades dos ouvintes. "Acredito na geração jovem. São criativos e possuem forma própria de ver o mundo. E o mundo é deles e não mais de nós, que já estamos passando", diz padre Manuel que chamou os estudantes da Faculdade Cásper Líbero para compor a equipe de trabalho. Até porque, não quer gastar dinheiro com profissionais especializados e com experiência, pois a rádio, assim como muitas outras, passa pela crise econômica que afasta os anunciantes. Padre Manuel, como é chamado, ressalta que os jovens da nova equipe, estudantes, na sua maioria, "resgatam coisas que foram perdidas". Informações históricas fazem parte da preocupação do projeto.
"Dá para fazer uma rádio boa, informativa, de entretenimento e, principalmente, conscientizando os ouvintes de seus direitos e deveres. São quatro vertentes: saúde, educação, utilidade pública e cultura. Para a distribuição na rede Paulus Sat, constituída por 61 emissoras", diz.
Vamos torcer para que o projeto vingue, pois mais parece um projeto de FM adulta contemporânea do que uma AM popular. Mas se é para mudar, que mude para melhor. Ótimo. Claro que vai demorar para o ouvinte deste tipo de programação descubrir que existe essa opção no rádio, e, principalmente, em AM. Se depender de mim, ajudo a divulgar, óbvio.
Da equipe que está no ar, o único que fica é Paulo Barboza, das 9h às 13h. Seu estilo de comunicação foge totalmente da nova proposta e eu comentei (no jornal Agora) que ele ficava "não se sabia até quando" e ele me mandou uma mensagem. Leia abaixo: "Tenho um contrato que vai até SETEMBRO DE 2004 e que segundo fui informado pela direção da Rádio América, nosso programa permanecerá normalmente em virtude da audiência e do excelente faturamento (um dos três maiores do rádio paulista)", afirma então, Paulo Barboza.
O fato é que Paulo Barboza, como bem disse, leva dinheiro para a rádio. O novo projeto precisa vingar e dar resultado financeiro também. Não conheço nenhuma rádio entre os primeiros lugares que não tenha o estilo popular. Talvez, a idéia do padre Manuel seja levar uma rádio com qualidade musical, não se preocupando com o alto faturamento e nem com grandes audiências, o que ocorre com as rádios que figuram entre o topo do ranking. Eduardo Gasciarino que acumulava direção artística e direção comercial, ao que tudo indica, ficará só com o comercial.
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