A idéia de usar a força do Rádio para alavancar as vendas de um evento, se mostra uma ferramenta de grande sucesso. E quem apostou nesta idéia, foi ninguém menos que o diretor-executivo da rede Casas Bahia, Michael Klein, que revelou ser um fã incondicional do Rádio. A frente da empresa líder no setor varejista de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis, Klein, promove há cinco consecutivos a "Super Casas Bahia", considerada a maior loja sazonal do mundo, ocupando um espaço de mais de 150.000 metros quadrados, no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo.
E inovando mais uma vez, a "Super Casas Bahia" se tornou o primeiro evento no Brasil a ter uma "rádio indoor", que além de ter o formato de uma emissora convencional, contando com profissionais vindos de grandes emissoras, com vinhetas, trilhas e jingles personalizados; também é transmitida via internet.
Segundo Paulo Mai, proprietário da Mai Comunicação, empresa responsável pela implantação e direção da Super Rádio Casas Bahia, "com a programação diferenciada e focada nos objetivos do cliente, criamos junto ao Banco de Eventos e ao atendimento da Young & Rubicam, a Super Rádio Casas Bahia. E para aumentar integração do público também fora do evento, a Rádio tem toda a sua programação sendo transmitida pela internet. E tudo isso transforma esta ação em um grande diferencial. Posso dizer, que a Mai Comunicação terminou o ano muito bem, pensando Rádio, ou melhor, uma Super Rádio".
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Salvo engano, a Mai Comunicação é responsável pelo site de notícias "Rádio Agência", e creio também pela programa Jazz Masters, veiculado em várias emissoras do país. Para quem ainda não ligou o "nome" à "pessoa"O rádio "indoor", é o nome mais moderno para o bom e velho serviço de alto-falante, ou "rádio do poste" existente em alguns rincões do nosso País. Traduzindo para a nossa vidinha urbana, o rádio "indoor" é da família das "rádio-shoppings" ou "rádio-supermercados". Enfim, é a mesma mídia baseada no bom e velho Rádio. As Casas Bahia dá um passo certo ao investir neste tipo de "ferramenta de mídia", como alguns mais "modernos" ainda chamam estes veículos.
"Marketinês", "publicitês" e aspas à parte, vou falar do que mais me preocupa: qual será o conteúdo desta nova ferramenta? Apenas anúncios de serviços e produtos à venda na loja? Há espaço para a informação. Não digo a informação "hard-news" de uma CBN da vida. Mas a informação útil, não só para ao consumidor, mas também para o cidadão. Terá esta rádio espaço para a cidadania, para manifestações culturais, para liberdade de expressão de seus ouvintes?
Lendo esta notícia vinda da própria Rádio Agência, me lembrei de uma conversa que tive com colegas do canal de Tv comunitário, do qual participo com voluntário. Lembrávamos que, graças ao esforço de todos ali, tínhamos um conteúdo vasto e variado. A parte comercial não era demasiadamente grande, mas o suficiente para pagar os custos do canal. E que, sem falsa modéstia, nossa estação de Tv, mesmo com várias limitações, possuía um conteúdo de peso, de fazer inveja a muito canal de Tv grande. um colega nosso, que já trabalhou num canal regional, comentou que muitas dessas estações transmitem infindáveis programas de vendas, de empresas vendendo seu produto, gincanas caça-níqueis e afins, não por causa do faturamento, mas sim porque não tem conteúdo pra preencher a programação.
Traduzindo para o rádio, vamos esbarrar no dilema "merchand do bem" versus "Merchand Neves". Os adeptos do do primeiro pensam como Juca Kfouri: se o comunicador - em especial o jornalista - tiver de fazer merchandising, que seja em prol de algum ato de cidadania. Eles também acham que o fato de um profissional de imprensa fazer propagandas testemunahis sobre produtos comerciais contamina e compromete a informação que ele veicula.
Seus opositores, se é que podemos chamá-los assim, pensam que o profissional de rádio e Tv pode participar de merchandising. Eles não acham ilícito um comunicador hipotecar sua credibilidade para vender a marca ou produto de uma empresa, tal como faz Milton Neves. Afinal, eles também tem de sobreviver, principalmente quem não tem o privilégio de ser empregado de uma grande emissora de rádio ou de Tv, ou ainda aqueles que trabalham por conta, extensivos aos jornalistas.
Quem será que tem razão: Miltão ou Jucão? O senhor Kfouri está certo de ponta a ponta. Mas creio que o seu senso ético é o ideal num país da Escandinávia, supostamente mais civilizado que o nosso. Aqui o que impera é o capitalismo selvagem, o marketing agressivo e a "comunicação de resultados". E a história do tudo tem de dar retorno comercial. Que se dane a reflexão e a cidadania baseada na ética. Neste panorama, o senhor Neves talvez esteja melhor adaptado. Joga a regra do jogo e só.
No meu caso particular, se é que algúém está interessado em saber (o que eu duvido, mas enfim...), sou mais adepto ao estilo Merchand Neves de ser, só que ajo com se fora um comunicador do "merchand do bem". Por um lado isto é ótimo porque quem segue a rígida conduta profissional do jornalista é digno de possuir o maior bem: credibilidade. No entanto tenho consciência de que isto me prejudica comercialmente. Perco ótimas oportunidades de trabalho - creio eu - por não querer misturar meu patrimônio profissional com uma marca qualquer, pelo menos nestes moldes expostos aqui. Se fosse um jornalista/radialista mais ligado ao mercado publicitário, talvez este blog estivesse bem de vida. E ele está: nossa audiência e grande e cativa, graças ao Bom Deus. Só que comercialmente....bom, ninguém aqui tem o dom das vendas.
Temos incompetentemente tentado arranjar patrocinadores para este espaço na internet. Nunca conseguimos sair do zero, por culpa minha. Mas o que me consola é que podemos propor reflexões, mostrar o que é notícia - sempre tantando contextualizar o que é realmente importante para o ouvinte e leitor - elogiar quem acerta e descer o cacete em quem desrespeita o veículo e a intelgência de quem ouve, sem medo de "pressão" de patrocinadores ou apoiadores.
Faço votos de que a Mai Comunicação e as Casas Bahia tenham criado um veículo de bom conteúdo, ainda que seja interno e interino. Que não só leve as ofertas da lojas, mas também um pouco de cidadania e bons exemplos moldados pela ética e pelo bem comum. Se não for assim, sugiro que vá fazer outra coisa, rádio não. Afinal, o veículo exige respeito e seus ouvintes também.
Um comentário:
Gostei muito desse post e seu blog é muito interessante, vou passar por aqui sempre =) Depois dá uma passada lá no meu site, que é sobre o CresceNet, espero que goste. O endereço dele é http://www.provedorcrescenet.com . Um abraço.
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