terça-feira, 12 de dezembro de 2006

"Franquias" de tv pagas podem revitalizar o rádio

Por Rodney Brocanelli
Do site Laboratório Pop

O rádio brasileiro parece viver mais uma virada de página em sua história. O meio andou em baixa até bem pouco tempo, mas a movimentação dos últimos meses poderá trazer mais fôlego. E por mais incrível que pareça, ela vem da televisão. Pelo menos duas grandes emissoras pagas trabalham a todo vapor para colocar no ar o que podemos chamar de "franquias". Numa explicação simplista, não se trata de uma simples reprodução da prgramação da tv no rádio. Seria como que se fosse um empréstimo de marcas já consagradas a fim de se criar uma programação própria para o veículo.

Essa movimentação começou com a Band News, canal de notícias do Grupo Bandeirantes, que deu origem a uma rede de rádio-notícia no FM em 2005. E agora, a MTV e o Multishow, coincidentemente dois canais de música, divulgaram recentemente seus planos para o rádio.

Vale destacar outros dois projetos nessa linha: no final de 1995, a ESPN Brasil quase acertou com a Rádio Capital para uma parceria em transmissões esportivas. E no ano seguinte, a 89 FM, agora em nova fase, chegou a negociar uma associação com a Play TV (antiga Rede 21). E quase que a Brasil 2000 FM, de São Paulo, virou Rádio Band Sports. Mesmo que essas negociações não tenham avançado, a tendência de estabelecer braços radiofônicos de canais televisivos a cabo é muito forte e parece ser algo que vai movimentar o meio nos próximos anos.

Uma situação completamente diferente da vivida no começo da década de 90, quando o processo de "satelização" das emissoras de rádio parecia ser a última grande novidade do setor, com o surgimento de grandes redes, como Jovem Pan, Transamérica, Bandeirantes, entre outras.

Ao mesmo passo em que ocorria esse processo de fagocitose, as freqüências de rádio também despertaram o interesse de igrejas protestantes, que passaram a comprar ou arrendar concessões de emissoras com dificuldades financeiras. Vale recordar o caso emblemático da antiga Rádio Musical FM, também de São Paulo. Sucesso de público e conhecida como a rádio MPB, hoje ela dedica 100% de sua programação às pregações religiosas.

Ainda não é possível medir o panorama com a entrada das "franquias" de TVs por cabo. Tomara que elas tragam uma grande renovação estética e não perpetuem o mais do mesmo. A perspectiva parece ser boa, isso se levarmos em consideração o background das empresas que estão por trás tanto da MTV, como do Multishow.

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É bom lembrar que esta movimentação começou desde que a CBN virou sucesso comercial no rádio e a Bandeirantes, que há anos tenta emplacar uma marca forte fora da praça de São Paulo, resolveu criar a Band News FM, calcada na marca da Band News TV. Com pouco mais de um ano, a Band News foi pra cima do público da CBN, com um formato de programação diferente e o conteúdo da Rádio Bandeirantes. À medida em que ela foi se desvencilhando - pelo menos em termos práticos - desse formato de jornalismo All News que a cada 20 minutos gera um jornal e criando uma identidade própria, a audiência e o interesse pela emissora por parte de ovuintes, analistas de mídia e anunciantes foi aumentando.

A CBN contra atacou extinguindo a Globo FM carioca e a transformando em CBN FM. Presente em quase todas as capitais brasileiras, e nas principais cidades do interior, a CBN continua sendo um veículo que fatura muito bem obrigado. Com um auxílio luxuoso de um site bem estruturado em termos de conteúdo dentro de um portal em evolução, a CBN alcançou praças que suas afiliadas não atingem. A CBN virou sinônimo de radiojornalismo, quando virou rede via satélite em 1994.

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