Bagunça nas FMs de São Paulo

Do site Labratório Pop


Atente para esse nome: Rede CBS. Esse grupo é proprietário de uma dezena de rádios que transmitem para a cidade de São Paulo. Não tem nada a ver com a CBS norte-americana. O CBS brazuca é a sigla para Comunicações Brasil Sat. Seu proprietário é Paulo Abreu.

A Rede CBS tem como carro-chefe a Tupi FM (104,1MHz). Líder no ranking do Ibope, não existe qualquer vínculo com a Tupi do Rio de Janeiro (que pertence aos Associados). O sucesso de sua programação se baseia em seu play-list voltado ao sertanejo.

As outras frequencias do grupo CBS são conhecidas no meio pela instabilidade. Volta e meia ocorrem mudanças de nome e de programação. A mais recente bagunçou ainda mais o dial de São Paulo, segundo informações do site Tudo Rádio:

-A Rádio Melodia (97,3Mhz) que veiculava programação religiosa saiu do ar. Em seu lugar entrou a Rádio Terra, que operava nos 98,1Mhz.

-A Rádio Scala FM, conehcida por tocar muzak (ou "música de consultório") opera agora em duas frequencias: 92,5Mhz e 100,5Mhz.

-A Tupi FM ganhou um clone nos 98,1Mhz, porém transmitindo uma programação diferente da que vai ao ar nos 104,1Mhz. A única explicação para termos em São Paulo duas rádios com o mesmo nome e conteúdos díspares é garantir ainda mais o recall da marca Tupi. Tudo para manter a liderança no Ibope.

Além de todas essas emissoras citadas aqui, a CBS também é dona da Kiss FM, especialista em Classic Rock, que está no ar em 102,1Mhz.

Como a CBS consegue ter tantas frequencias?

Simples, muitas delas são de cidades da grande São Paulo. A Kiss FM, por exemplo, é da cidade de Arujá. A Rádio Terra, que hoje está nos 97,3Mhz é de Mairiporã. E a líder Tupi FM, dos 104,1Mhz, é de Guarulhos

Graças a artíficios técnicos e legais, elas conseguem transmitir de São Paulo para São Paulo. Seus estúdios ficam na famosa Avenida Paulista. A intenção é entrar com tudo no maior mercado publicitário do país.

E quem perde com isso?

Perdem os ouvintes das cidades citadas aqui que ficam sem uma emissora de rádio que fale diretamente do seu cotidiano.

Mas essa prática não é exclusiva da Rede CBS, vale ressaltar. Outras emissoras também transmitem fora de sua área de concessão. A 89 FM é de Osasco, só para ficar num exemplo.

Esse fenômeno foi chamado há algum tempo de "rádios que andam", pela Folha de S. Paulo.

Quem perde ainda mais é o ouvinte de rádio em São Paulo, que é obrigado a conviver com um dial carregado de emissoras, umas até interferindo em outras. Por isso que se veêm tão poucas pessoas nas ruas portando walkmans. Eles foram trocados pelos MP3 players e os discmans.


*

O levantamento publicado pela organização Intervozes (ver post abaixo) é interessante, mas não traz qualquer tipo de novidade. Sites independentes como o Laboratório Pop (e até mesmo este Rádio base) há muito tempo vêm falando da dituação de grupos como o CBS, que tem várias concessões na Grande São Paulo. Este texto foi publicado em abril de 2006.