terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Radar Cultura: boa idéia que carece de ajustes

Não pude ouvir a estréia do Radar Cultura. Fiquei apenas navegando pelo site e testando todas as suas possibilidades. Na verdade, ele é uma mistura de MyPlayer, projeto de interatividade da Rádio Ipanema (POA) em que o ouvinte ajuda a fazer sua programação, e site de relacionamento, como o Orkut, entre outros.

Como toda boa idéia que está no começo, é óbvio que ela carece de ajustes. Vamos listar alguns deles.

Um ajuste que poderia ser prioritário é fazer com que o mecanismo de busca do Radar Cultura seja igual ao usado no Google, que dá a grafia certa de um nome que se esteja procurando. Vou dar um exemplo particular: procurei músicas de Itamar Assumpção, mas sem querer acabei escrevendo Assunção. Nesse formato, acabei não encontrando mesmo. Uma ferramenta de busca mais amigável pode ajudar ao internauta que não sabe o nome certo da música ou não sabe o nome da canção.

Outro aspecto a ser melhorado (e muito): a oferta de músicas no acervo. Fiz um teste procurando pelo material gravado por Arrigo Barnabé, mas só constavam canções compostas por ele e gravadas por outros autores. Ou seja, nada de músicas que estão em Tubarões Voadores, Clara Crocodilo ou Suspeito. Esse caso é fácil de resolver. Basta chegar aos estúdios do FM e pedir diretamente a Arrigo. Afinal, ele ainda é apresentador do Supertônica.

A equipe de produção fica bem atenta às mensagens enviadas. Quando eu postei perguntando sobre Arrigo e Itamar, pelo menos dois de seus integrantes não só responderam, mas apontaram equívicos que eu cometi. Só penso que é necessário um pouco de cuidado, não se esquecendo que a palavra escrita não é a palavra falada, que apresenta várias nuances. E essa falta de diferenciação é que causa vários tumultos no Orkut ou em listas de discussão.

O que me preocupa é o resultado da votação das músicas mais pedidas. Nesse momento em que eu escrevo, a que encabeça a lista é Ouro de Tolo, de Raul Seixas. A terceira é Por Enquanto, de Cássia Eller. Já vi Me Diga, de Nando Reis, Relicário, outra de Eller, Uma Brasileira, dos Paralamas, Beleza Pura, de Caetano. Se deixar a seleção musical apenas na mão dos ouvintes, a Cultura vai se descaracterizar e ficar com cara de Nova FM. A não ser que a intenção não declarada seja essa. O que seria lamentável.

Um comentário:

Juliano disse...

caro rodney, primeiro de tudo, obrigado por acreditar no projeto a ponto de dedicar tanta atenção a ele, pensando e compartilhando as suas reflexões. como voce diz, o radar está longe de estar integralmente implementado. lançamos a primeira versão e por mais que signifique bastante tirar uma coisa do papel, nosso desafio é consolidar o site enquanto ponto de encontro para uma ou várias comunidades. isso dependerá de aperfeiçoar a ferramenta e criar uma dinâmica de funcionamento dentro da rádio para acolher e dar vazão à participação. com relação a que a programação fique com cara de nova fm, isso não é a nossa preocupação. não queremos que a emissora fique com a nossa cara, mas que ela seja habitada por pessoas, e isso significa que perderemos o controle ou pelo menos uma parte do controle sobre ela. n ão podemos criar uma rádio colaborativa impondo restrições ao conteúdo escolhido. e por mais interessante e bom que seja o conteúdo da cultura am, dentro dessa proposta ele sofrerá a interferência da nova audiência que acompanhará a emissora pela internet. essa audiência tem um perfil diferente da da atual cultura, e isso implicará em negociações do público consigo mesmo e também com a equipe. bom, obrigado mais uma vez pelo feedback e vamos manter contato.