A audiência nas FMs paulistanas

Vamos ver o que temos a analisar sobre estes dados do site Radio Man.

É curioso notar que as três primeiras do ranking são emissoras que estão tecnicamente empatadas, muito embora o site não esclareça o que sejam os tais números absolutos. Seriam o número de ouvintes ou de ouvintes por minuto, critério esse que nenhum instituto conseguiu explicar com precisão até hoje?

Nos quarto e quinto lugares estão a Mix e a Metropolitana. Uma produz programação digna de jukebox da internet - música atrás de música. A outra é uma colcha de retalhos - copia quase tudo - e mal - o que existe na concorrência. Considerando que a Jovem Pan está tecnicamente empatada com ambas, cai por terra a tese de que o ouvinte do segmento jovem quer ligar o rádio para ouvir apenas música, como apregoam os produtores e diretores da Mix FM.

As emissoras do segmento adulto estão bem à frente das rádios jornalísticas. Levando em conta que este levantamento pode ter sido feito por meio de uma média estatística de audiência ao longo do dia, a diferença é significativa. No caso da CBN, cuja audiência se concentra das 6h às 10h e cai vertiginosamente No resto do dia, é de se espantar que a diferença entre ela e a Alpha, Nova e Antena 1 seja tão acentuado. é provável que a audiência destas três se distribua melhor ao longo do dia.

A Band News possui apenas um quarto da audiência da sua concorrente direta, a CBN. É sinal de que a rádio ainda não "emplacou" em termos de quantidade. O sistema de notícias em jornais a cada 20 minutos não colou. A programação ainda é um pouco inflexível, em se tratando de rádio. A Band News só transmitiu eventos esportivos de grande vulto (fórmula 1 e Copa do Mundo) apenas como mera repetidora da Rádio Bandeirantes AM.

Está na hora da Band News FM investir mais em reportagens, ter uma equipe própria de repórteres, com pauta própria. Até o momento a caçula "saadiana" (gostei do neologismo!)se limita a reproduzir e recozinhar material da Rádio Bandeirantes AM, da Band TV, da Band News TV e se bobear até da Bandsport TV. Com tantos colunistas, corre o risco de virar um veículo de "Colunas e Ruínas", como gosta de frisar o jornalista Elio Gaspari. quem sabe assim eles alcançam a CBN?

A Imprensa FM, especializada em forró, patina lá pelo 17° lugar, quase pau a pau com a outrora líder Transamérica. Pela lógica, essa estação popular era para estar numa posição melhor. Não está porque a antena é antiga, pequena e de baixa potência, totalmente em oposição à sua "vizinha" de ranking, que possui uma antena moderníssima, alta e com 300 mil watts nos transmissores. Ainda sim, a Transamérica está longe das suas concorrentes diretas. O ouvinte paulistano é cruel.

Boa notícia: a Cultura FM, emissora educativa mantida com o dinheiro do contribuinte paulista está em 26°lugar, à frente de emissoras de igual qualidade como Eldorado e USP, e também de algumas estações "que andam" da Rede CBS como Melodia, Mundial, Scalla, Atual e 92 FM. Para uma emissora com um público tão específico, tão qualificado e tão exigente, até que a Cultura está "bem na foto." Em alguns programas de ponta, chega atingir 30 mil ouvintes por minuto. Justifica os investimentos que a Fundação Padre Anchieta fez e faz em seu conteúdo.

A USP ainda amarga o antepenúltimo lugar. Parte dessa baixíssima audiência se explica pela grande interferência que sofre das malditas rádios piratas em muitos pontos da cidade. Sua antena ainda está no Pico do Jaraguá, que ficou longe demais do crescimento urbano e dos ouvintes. A pirataria continua sendo um grande mal que NINGUÉM QUER COMBATER, ou finge que combate. É por essas e outras que, apesar dos vistosos número indicados pelo site Radioman, a audiência de rádio parece estar "involuindo". Isto é preocupante.

Também deixo aqui meu protesto sobre o desinteresse de outros sites de rádio e dos institutos de pesquisa de opinião em divulgar a audiência das rádios AM. Sem querer partir para a "Teoria da Conspiração", dá a impressão de que há um plano arquitetado para se acabar com as emissoras de ondas médias por falta de audiência e divulgação.