quinta-feira, 25 de setembro de 2003

O projeto da Rádio USP

Caro, Marcos,

Eu sou estudante de jornalismo, mas sou formado em psicologia e psicopedagogia, embora não exerça mais as duas profissões. Concordo quando você diz que é necessário ensinar a criança a escutar rádio, mas de forma alguma acho o projeto uma bobagem (importante: moro em Niterói, nunca fui à São Paulo capital e nada tenho a ver com a USP). O argumento que você usou para classificar como bobagem me parece equivocado, como se fosse bobagem também botar uma criança pequena para aprender algo com computador, com internet, etc, já que na nossa época de infância não tinha isso.

Eu nunca usei rádio quando criança e sei me comunicar bem, só que esse tipo de coisa facilitaria, se não a comunicação, pelo menos o aprendizado e o interesse pelo veículo. E nessa época em que o rádio virou uma vitrolinha do mercado, cheio de jabá, quanto mais pessoas puderem ser estimuladas para isso, melhor - sem contar que consciência crítica sobre qualquer coisa é impotante em qualquer idade.

Outra coisa: não sei se você tem contato com crianças de 9 a 12 anos. Um garoto de 9 anos hoje em dia é muito mais informado, estimulado e rápido de raciocínio do que nós com essa idade - o que é bom por um lado e péssimo por outro, já que é uma geração mais chegada ao zapping. Bobagem seria subestimar a capacidade de uma criança e não levá-la a esse tipo de questionamento e debate e não o contrário. Já trabalhei com coisas parecidas como essa em colégios e tive resultados muito bons. A coisa de escutar um locutor falando e também falar no microfone é mágica para muita gente e realmente pode ter fundamentos psicológicos, além de ensinar um bocado de ética aos alunos - coisa que talvez eles não aprendessem escutando nossas viciadas rádios. Se eu fosse autor de um projeto desses, sugeriria palestras com locutores (como você falou) e oficinas semanais com participação de profissionais de rádio. É isso. Desculpe o abuso de seus comments. se quiser continuar o debate, meu e-mail está lá na postagem anterior.
Abraços.
Ricardo Schott
Niterói, RJ


Ok, Ricardo, obrigado pela participação. Só pediria para você tomar mais cuidado ao generalizar as rádios até para não enfraquecer seu argumento que é muito bom e sensato, Embora a maioria das emissoras poderiam ser tranquilamente fechadas que não fariam a menor falta, há muito bons exemplos de rádio bem feito e ético.

Quanto a prática do Jabá, esta é outra questão que precisa ser melhor discutida, embora a imensa maioria das pessoas sempre diga que é contra. Acho que a maioria dos ouvintes nem liga muito para isso, talvez até pelos motivos que você alegou. Do contrário, muitas emissoras dariam traço no Ibope e não dão. Particularmente, eu penso que a gente ainda tem de definir direitinho o que é Jabá. Pelas nossas leis, esta prática a não é crime e quem o faz, nega que faz. Por que esconde isso se não é crime? Se faz e esconde, está enganando o ouvinte, está talvez omitindo uma informação importante, já que programação musical em rádio é algo absolutamente subjetivo.

De qualquer maneira, espero que mais pessoas, especialistas, estudiosas ou não, se manifestem a respeito do projeto da USP ou, quem sabe, do Jabaculê. Um abraço e continue com a gente.

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