Por Francisco Djacyr Silva de Souza, no Observatório da Imprensa em 3/3/2009
Quem tem a oportunidade de ouvir a CBN em seus estados vai se deparar com um problema que, embora pequeno, demonstra o desrespeito ao ouvinte como consumidor e acaba por atrapalhar o desenvolvimento de alguns programas de suas afiliadas de modo que, em meio a um debate de importância para a cidade, lá vem a CBN com a tal notícia de meia em meia hora que não oportuniza a rede local a concluir o pensamento do programa ou as idéias em meio a uma entrevista ou debate promovidos pela emissora.
O mais grave de todo o processo é que a maioria das notícias tem repetição nas várias edições. Qual é o ouvinte que vai querer ouvir a mesma coisa três ou quatro vezes? Falta produção ao jornalismo da CBN para produzir notícias novas e atuais, ou é mesmo o fazer por fazer sem se preocupar com quem está do outro lado da emissão?
Não duvidamos da qualidade do sistema CBN de rádio, mas achamos que há uma total falta de respeito ao ouvinte tanto no processo de emissões quanto no conteúdo das notícias que saem no tal noticiário de meia e meia hora. Sabemos que a dinâmica tecnológica da informação permite que os sistemas de jornalismo se reciclem e renovam conteúdos automaticamente, pois as agências de notícias estão produzindo conteúdos a todo momento e o mundo muda sempre a cada hora.
Sotaques e notícias deslocados
Essa crítica a este modelo de radiojornalismo reside no fato que esta ação se confronta diretamente com a dinâmica do rádio e com o seu valor de milhões de pessoas que o ouvem no seu cotidiano para se informar e conhecer o mundo aprendendo pelo rádio a conhecer a vida.
Outro problema evidenciado por este fato é como a afiliação a redes nacionais é prejudicial ao rádio local, que perde em muito suas características próprias e sua importância no conhecimento da realidade de seus cidadãos. O que interessa para nós, cearenses, saber que há um engarrafamento na Avenida São João? Ou que o rio Tietê transbordou e que é preciso evitar o transporte por suas marginais? Claro que essas notícias são importantes, porém não devem ser dadas de maneira como apenas ouvintes dos locais de emissão estejam ouvindo.
Este problema é o mesmo que vem ocorrendo na televisão e que tem passado para o rádio, que perde espaço para programações locais que falem nossa língua e dá lugar a sotaques, costumes e notícias deslocadas de nossas características culturais e do nosso cotidiano.
Instrumento de marketing
Mas o grande problema é que a massa de ouvintes ainda não tem o poder para mudar esse estado de coisas e tem que conviver com essas anomalias de quem usa o rádio apenas com interesses econômicos e nunca sociais.
Seria de bom alvitre que a CBN procurasse desenvolver melhor seu sistema de jornalismo e procurasse de forma democrática e compromissada emitir notícias atuais e adequadas ao cotidiano das pessoas que ouvem rádio e que querem uma comunicação séria, verdadeira e que contribua para sua história de vida e para uma formação pautada na construção de uma cidadania ativa e participativa.
Vale ressaltar que o "Fale Conosco", apregoado pelas emissões da CBN, funciona apenas como instrumento de marketing da emissora que nunca ou quase nunca responde às dúvidas e reclamações de seus ouvintes, que não têm espaço nas programações para dizer o que pensam nem são tratados como consumidores e pessoas que entendem a história e a importância do rádio como meio de comunicação.
4 comentários:
Há muito tempo que a avenida São João não tem um engarrafamento...
Tava pensando sobre esse assunto ainda ontem ouvindo o CBN Noite Total. Não sei se resolve, mas me passou pela cabeça que em vez de destacar as tais "principais noticias do dia a cada meia hora" O Reporter CBN não poderia ser um resumo do que foi noticiado na última meia hora, com algumas sonoras de entrevistas realizadas nesse periodo de tempo? Creio que haveria menos repetição de notícias, o que convenhamos, as vezes é desnecessário e irritante. Já disse aqui uma vez que na época que Maria Lydia apresentava o CBN Total, se cortava entrevistas com uma frequência que deixaria qualquer entrevistado e ouvinte P...da vida.
WAGNER - MAUÁ
Vagner,acredito que a repetição de trechos de entrevistas veiculadas na ùltima meia hora,mudaria o verdadeiro objetivo do reporter cbn que apresenta boletins de maior destaque no período.
Acompanho a programação da emissora desde o Jornal da Cbn até o Cbn Brasil.São programas que apresentam muitas entrevistas,não sei se um boletim de 3 minutos conseguiria apresentar trechos exatos destas entrevistas,tanto que durante o noticiario a emissora costuma repetir os trechos destas entrevistas.
Renato, por mim, de verdade, ou o Repórter CBN voltaria ao seu formato original dos primórdios que era aos 45 minutos de cada hora pra não ser tão repetitivo ou então mudaria sua estrutura como disse no comentário anterior. No carnaval, durante o Revista CBN, por quatro vezes foi noticiado que a cantora Claudia Leitte chamou os foliões para que se ajuntassem e quebrassem o recorde do Guiness de casais se beijando ao mesmo tempo durante seu show. Aquilo me deixou tão irritado que mandei uma mensagem no blog da Tania Morales perguntando qual era a relevância de uma notícia como aquela para o ouvinte e ainda questionei se o noticiário estava tão parado assim. No Reporter seguinte a noticia tinha sido retirada. Valeu, Renato. Abraços.
WAGNER - MAUÁ -SP
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